quinta-feira, 23 de julho de 2009

A Maior Resposta



O texto que segue abaixo pertence a uma categoria que chamo de "textos de formação": São elaborações teológico-práticas a respeito da contemporaneidade na Igreja Cristã, e mesmo quem não é cristão poderá ter um interesse, mesmo que apenas sociológico. O aviso é apenas uma questão de honestidade intelectual. Se quiser prosseguir, fico grato...

Porque o povo de Deus vive, muitas vezes, momentos de crise?
Por mais que essa idéia contrarie certas teologias que andam muito na moda, a Bíblia nos informa claramente que sim, aquele que crê em Deus também está sujeito a crises. Mais do que isso, a Bíblia nos aponta que, em determinadas situações, em circunstâncias bem específicas, todo o povo de Deus pode passar por grandes lutas.
Muitas pessoas ainda hoje não entendem, porque às vezes Deus permite situações de crise, não somente na vida individual, mas também na vida da igreja. Para entender por que isso ocorre, antes é necessário compreender uma verdade: Ao longo de toda a Bíblia, Deus sempre tratou com dois entes distintos: o indivíduo e a Nação. Algumas vezes, Deus utilizou certas situações para moldar indivíduos (Abraão, Isaque, Jacó, José do Egito), e noutras vezes, conjunturas de verdadeira calamidade atingiram nações inteiras (Israel, Judá, Babilônia, Assíria).
O povo de Judá, nação de onde viria o rei Jesus, passou por diversas situações de dificuldade. Numa destas, quando o povo mais uma vez se distanciou da adoração que havia sido restaurada por Josias, a idolatria havia voltado, e o povo começou a viver em grande agonia. Foi naquele contexto selvagem que Deus enviou um profeta chamado Habacuque. O próprio nome deste profeta quer dizer muita coisa, pois significa “abraço” na língua judaica. De fato, quem não passou por momentos de aflição em que tudo o que se precisava era de um abraço? Habacuque era, para aquele povo sofrido, o abraço de Deus.
É muito interessante passear pelo livro de Habacuque, especialmente tendo em vista os questionamentos do profeta. “Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não escutarás?”. O profeta, vendo tanta violência, tanta iniqüidade, tanta destruição, tanta injustiça, se indigna e pergunta porque Deus não faz nada. Quem ousaria dizer que nunca fez este mesmo tipo de pergunta? A realidade que Habacuque descreve, não parece tanto com nossos dias? Gente sendo injustiçada, falta de amor, desunião?
O profeta não agüentava mais, e buscava do Senhor uma resposta. O mais interessante é que, após fazer sua oração, Habacuque se colocou em sua torre de vigia, para aguardar o que Deus responderia. Quantas vezes você age e toma providências por si mesmo, sem esperar a resposta de Deus à sua oração?
Quando Deus envia a resposta, Ele já vai avisando: “Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler até quem passa correndo”. A resposta de Deus foi profunda, impactante a ponto de transformar vidas até hoje: “Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele. Mas o justo viverá da fé!”. De fato, trata-se de uma resposta que está gravada em muitos corações até o dia de hoje. Um monge alemão, em plena Idade Média, ao ler este versículo teve sua vida transformada, e entendeu que não eram necessárias indulgências, relíquias, imagens de santos, para chegar a Deus, mas apenas a Fé! Esta visão mudou a história da igreja para todo o sempre! Noutras palavras, o que Deus disse para o profeta foi: “Fique tranqüilo! Deixe de acreditar mais na força dos problemas do que em mim! Para de olhar para os homens, pare de olhar para as circunstâncias, pare de olhar para tudo que não dá certo em sua volta, e começa a olhar para Jesus! Olhe para cima!
É quando deixamos de ter fé em Deus, que os problemas se tornam intransponíveis e insuportáveis. É quando olhamos para as circunstâncias que deixamos de andar sobre as águas e passamos a naufragar.
É interessante ver também como são diferentes o início e o final do livro. Se no começo, temos um Habacuque em dúvida, descrente, cansado, temos no final do livro uma declaração profunda de confiança. Por quê? A miséria havia passado? A iniqüidade havia cessado no coração do povo? NÃO! As circunstâncias ainda estavam lá. O que mudou foi o coração do profeta, que deixou de olhar para os problemas que pareciam devorar seu povo, e passou a olhar para o Deus que, ao longo da história de Judá, sempre tinha lhes concedido vitória! “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimentos; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegrarei no Senhor, e exultarei no Deus da minha salvação”. A raiz da palavra “alegrar”, nesta passagem, vem do hebraico gil, que significa dançar de alegria.
A alegria que Deus está prometendo pra sua vida será tão tremenda que você irá saltar de contentamento!