tag:blogger.com,1999:blog-62915968806531638562024-02-07T19:40:31.604-08:00Sementes de VitóriaUm espaço destinado à reflexão e debate sobre os fatos que verdadeiramente interessam à nossa vida: o cotidiano, o prosaico, o inusitado, à luz do Livro dos Livros, a Bíblia Sagrada, aqui tratada não como um mero livro de religião, mas como um manual de instruções para a existência neste planeta.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.comBlogger72125tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-17321401725689307762016-01-10T11:55:00.001-08:002016-01-10T11:55:34.832-08:00Charlie Hebdo, assassinos da lógica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXPtzXOIQs6eHWiUCafctTgXA1pVGqgcbJprVS909w0ZMHIP2SjlSlJFsxdZdwp9f_Saga5mxNoytbDrK_EYyMobcS2W2VvKRAewl_g74Dqa9ChaCj46iWrEro79Ln4D_Whu7gmozf8rJQ/s1600/charlie_hebdo_aF1GJdW.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXPtzXOIQs6eHWiUCafctTgXA1pVGqgcbJprVS909w0ZMHIP2SjlSlJFsxdZdwp9f_Saga5mxNoytbDrK_EYyMobcS2W2VvKRAewl_g74Dqa9ChaCj46iWrEro79Ln4D_Whu7gmozf8rJQ/s320/charlie_hebdo_aF1GJdW.jpg" /></a></div>
No auge da Revolução Francesa, a derrubada da monarquia estabeleceu uma nova ordem social, que alegava ter como mote a defesa permanente da “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. Em nome de palavras tão inefáveis, os revoltosos jacobinos, agora no poder, não tardaram a praticar a decapitação de adversários em série e a execução de famílias inteiras, tudo em nome da construção do “novo homem”. Um dos mais exaltados era Marat, tão radical que se posicionava à esquerda dos girondinos. Editava um jornal chamado “Amigo do Povo”, e costumava fazer listas de “inimigos (!) do povo” para ser decapitados. Num debate no parlamento, após mais um de seus inúmeros discursos de ódio, um adversário girondino, espirituosamente, declarou: “dêem um copo de sangue a esse canibal, porque ele está com sede”.
É justamente da França, terra de um iluminismo laico que produziu um dos períodos mais sangrentos da história, que vem um dos fatos mais esclarecedores sobre os conflitos e desalinhos do nosso tempo. Na semana que marcou o primeiro aniversário do atentado ao jornal satírico Charlie Hebdo, a manchete do jornal dizia “O Assassino ainda está a solta”. Na capa, Deus – ao menos, na forma como o imaginário renascentista costumava representá-lo – empunhando uma metralhadora, em posição sorrateira. O recado não poderia ser mais claro: para os satiristas do Charlie, o atentado em que morreram alguns de seus colegas, não foi o extremismo islâmico, nem mesmo a religião muçulmana, mas sim o próprio conceito de religião, e, muito especialmente, aquele que é princípio e fim de todo sentimento de fé.
O fruto da religião – especialmente a religião cristã – universalmente, sempre foi a promoção da concórdia e da fraternidade universal. Entretanto, a ação efetiva de grupos facciosos e extremistas que cada vez mais matam em nome de Alá, tem dado munição aos críticos da religião, herdeiros do pensamento iluminista mais radical, para quem a religião é fonte de ignorância, extremismo e morte. Charlie Hebdo, na França, e certos segmentos da mídia e do humor no Brasil, são filhos e netos de um laicismo que produziu rebentos como o Terror jacobino, o marxismo leninista-stalinista, o maoísmo e outras filosofias que se especializaram em produzir cadáveres em série. O moderno ateísmo da intelectualidade pós-moderna, com a mensagem de Charlie Hebdo, aproveita-se da solidariedade cristã colhida nos atentados para investir contra a religião como um todo. Torna-se, assim, aliado objetivo do mesmo terrorismo que a vitimou, e cúmplice dos cadáveres de centenas de cristãos sumariamente executados por grupos como Estado Islâmico, Boko Haram, Jihad, Fatah e diversos outros. Somente em 2014, foram executados mais de 100 mil cristãos em todo o mundo. Mas, segundo o raciocínio sinuoso de Hebdo, eles também são culpados. A canalhice ideológica sempre culpa as vítimas, e até mesmo vítimas do terrorismo são capazes dela.
Não é a primeira vez na história humana que cristãos são vistos como gente execrável. Na Roma Antiga, aquela gente estranha que não rezava aos deuses romanos nem participava de suas animadas orgias nas termas, foi o bode expiatório que Nero César encontrou, acusando-os não somente pelo incêndio de Roma, mas também do crime de odium humani generis (ódio contra a humanidade). Hoje, o fogo do terror corrói as bases da civilização ocidental, mas os cristãos estão novamente sob a mira da acusação. E os jornalistas do Hebdo fizeram sua escolha: em nome de uma sociedade sem Deus, vale apoiar os que tentam (em vão) extirpar o cristianismo do mapa. Mesmo que tome um atentado no meio do caminho.
Dêem um copo de sangue a esses chargistas...eles devem estar com sede.
Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-79238403217180407372016-01-10T11:53:00.000-08:002016-01-10T11:53:49.298-08:00Divisões na Direita: Liberalismo e Autoritarismo em Confronto<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtwQoA5cGepKyUPt3AX4RewN5RhMox_E5L0INNu32Y9EQ4glbRax0FBJ-UkJ-Z_mTwaZ3Aieud2_CEaCxh3QG-gqp2YzdCvf-E9pLzWL7HYEbYsfcQDgNZg3xsM6UDuLNif3YPhFFwFrRQ/s1600/kataguiri.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhtwQoA5cGepKyUPt3AX4RewN5RhMox_E5L0INNu32Y9EQ4glbRax0FBJ-UkJ-Z_mTwaZ3Aieud2_CEaCxh3QG-gqp2YzdCvf-E9pLzWL7HYEbYsfcQDgNZg3xsM6UDuLNif3YPhFFwFrRQ/s320/kataguiri.jpg" /></a></div>
Os grandes jornais não deram ênfase a um fato que, há algumas semanas, circula nas redes sociais: o fato de o jovem Kim Kataguiri, coordenador do Movimento Brasil Livre, um dos grupos de pressão que lidera os protestos de rua pelo impeachment de Dilma, vem sendo achincalhado por grupos ainda mais à direita, por ter dito que não é um defensor nem admirador de Bolsonaro, e que não defende a intervenção militar. Segundo ele, “ditadura é o extremo oposto do liberalismo democrático”, e ainda acrescentou que “o projeto dos militares era tão nacionalista quanto o do PT”, fazendo comparações entre os governos Dilma e Geisel.
Foi o que bastou pra que passasse a ser chamado de “pelego da UNE”, “escravo ideológico do MEC” e até de “lacaio dos socialistas do PSDB”. A estridência desse debate, mereceria ser melhor analisada pela mídia, se os repórteres que cobrem o Planalto não estivessem tão ocupados tirando selfies animadas com a presidenta.
Na verdade, esse bate-boca escancara uma questão importante pra entender o Brasil atual: do mesmo modo que sempre existiram “As Esquerdas” – no plural, está ficando cada vez mais nítido que existem também “As Direitas”. O Movimento Brasil Livre de Kim Kataguiri, representa uma forma de Direita Liberal e Democrática, que embora defenda o impeachment, reprova soluções pela via militar. Existem também, com menor influência, os libertários, que ajudaram a organizar o Partido Novo e são admiradores da guatemalteca Glória Alvarez e do Rodrigo Constantino, ex-Veja. São defensores extremados da liberdade individual – inclusive para o direito ao aborto e ao suicídio, embora prendam-se mais à pauta econômica. Já outro segmento, que tem feito muito barulho nas redes sociais, é a extrema-direita, segmento identificado com nomes como Olavo de Carvalho e Jair Bolsonaro. Pregam abertamente o retorno dos militares ao Poder como solução para a crise política. No campo econômico, são quase tão nacionalistas quanto Dilma, mais identificada com o Trabalhismo brizolista do que com as idéias de matriz leninista do PT. No meio de tudo isso, cresceu nos últimos anos no Brasil o fenômeno da Direita Cristã, que sempre esteve presente em diversas democracias, como Estados Unidos e Alemanha, por exemplo. No campo econômico são liberais, mas são conservadores na agenda moral, defendendo restrições ao aborto, casamento gay e outras pautas. Neste segmento estão expoentes da “bancada evangélica”, como Marco Feliciano, e ativistas como o pastor Silas Malafaia e o padre católico Paulo Ricardo. Publicamente, o segmento não abona rupturas na ordem democrática. No âmbito do Congresso, são aliados estratégicos de Bolsonaro e da “bancada da bala”, que prega o fim dos limites para aquisição de armas de fogo pelos cidadãos comuns, tema que a Direita cristã costuma ser contrária.
Um exagero típico das redes sociais faz com que admiradores de Bolsonaro definam Kim Kataguiri como um “esquerdista infiltrado” ou “agente do socialismo Fabiano”. Este incidente, na verdade, mostra como ainda é pouco popular a Direita puramente liberal e civilista, num Brasil que vivencia golpes militares desde 1889. Nas eleições de 1909, uma das primeiras eleições “pra valer” na Velha República, o jurista Rui Barbosa concorreu a presidência com a bandeira civilista, contra o marechal gabrielense Hermes da Fonseca, apoiado pelo então todo-poderoso senador Pinheiro Machado. Rui, que nos dias de hoje seria considerado um “direitista”, perdeu feio. Venceu, mais uma vez, a concepção de estado centralizador e concentrador de poderes – que até mesmo em segmentos da Direita, encontra seus defensores.
A História nos prova que períodos de grave crise econômica são terrenos férteis para o nascimento de líderes carismáticos que preguem o cerceamento de certas liberdades individuais em troca do desenvolvimento econômico ou do combate à corrupção. Bolsonaro, o homem que já defendeu que FHC fosse fuzilado, que certas mulheres “merecem” ser estupradas e que recentemente disse que espera que Dilma morra de câncer, é ovacionado por onde passa, e aguardado sempre por multidões de jovens nos aeroportos. O apelido de “Mito”, espalhado pela internet, sobrevive às suas terríveis declarações, o que deveria merecer uma atenção. Em uma democracia, é saudável que finalmente exista uma direita com densidade popular, que ocupa as ruas e o debate público. Mas não tem sobrevivência garantida nenhuma Democracia que, em nome do pluralismo, abrigue em seu repertório ideais que pretendam subvertê-la. E pouco importa se o pensamento autoritário é de esquerda ou de direita.
Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-50312889227163430802015-10-22T22:41:00.000-07:002015-10-22T22:41:40.026-07:00Por uma Teologia menos medrosa<blockquote><blockquote></blockquote></blockquote><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfDU8MA6S_xe70ciefbBMP2b-U-T2rhy-ZbVRgpW8hEVxHpSB7jTZ7iHY8-99eZVI6cdswp8pE9YXnf9ztcC1o-ycRmhoSFJfx30nwsXgBHZSnZuRstVE04tf8cSYVdw7zKScvJ_FIIoiD/s1600/Teologia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfDU8MA6S_xe70ciefbBMP2b-U-T2rhy-ZbVRgpW8hEVxHpSB7jTZ7iHY8-99eZVI6cdswp8pE9YXnf9ztcC1o-ycRmhoSFJfx30nwsXgBHZSnZuRstVE04tf8cSYVdw7zKScvJ_FIIoiD/s320/Teologia.jpg" /></a></div>
Os números não mentem, mas por vezes, enganam. O Brasil, que até a década de 80 tinha mais de 81% da sua população católica, viveu nos últimos 30 anos uma transformação cultural sem paralelo em nenhuma outra nação do mundo moderno. O IBGE aponta que os evangélicos de todas as confissões, saltaram de 15,4% da população em 2000, para 22,2% em 2010. Em números totais, passamos de 26 milhões para 42 milhões, numa população de 200 milhões de habitantes. E as principais responsáveis por esta expansão do protestantismo brasileiro, tem sido as igrejas pentecostais (Assembleia de Deus,Igreja Quadrangular, Brasil para Cristo, etc) e as neopentecostais (Universal, Internacional da Graça, Mundial, etc). No entanto, este crescimento vem acompanhado de um paradoxo: por um lado, igrejas vibrantes e em expansão, e por outro, formação deficiente e em declínio, tanto na liderança como no discipulado cristão.
Na denominação a que pertenço (Igreja do Evangelho Quadrangular), que tem uma cultura muito consistente de acompanhamento e coleta dedados, há um que considero preocupante: na década de 80, quando o número de evangélicos era bem menor, cerca de 20% dos membros da igreja eram assíduos freqüentadores da Escola Bíblica, valioso instrumento de discipulado cristão. Atualmente, a média não ultrapassa os 8%. E no que diz respeito à formação da liderança, a situação ganha contornos mais graves, já que a Teologia – Ciência de Estudos da Fé e da Religião – É,provavelmente, a ciência menos prestigiada do mundo acadêmico. Tanto assim é que pastores que buscam prestígio no mundo secular, tem certa vergonha de dizer que são formados apenas emTeologia (quando são), e buscam a Sociologia, Filosofia ou Psicologia. As próprias discussões teológicas da atualidade são mais sujeitas a filósofos seculares – Marx, Nietsche e Freud – do que a teólogos de fato.
Precisamos, cada vez mais, de Teologia, com “t” maiúsculo. Porque a Teologia, em termos de reflexão sobre a condição humana, é tão rica em material e contribuição quanto a Psicologia e outros ramos de conhecimento. Agostinho de Hipona, Tomás de Aquino, Theodor Beza, Schleiermacher, sem falar nos inevitáveis Lutero, Calvino e Armínio – tem muito a dizer sobre o ser humano de hoje, e isso é material teológico, não de psicanálise ou filosofia.
Além disso, a Teologia precisa afirmar suas convicções com clareza. Hoje em dia, apesar de os ramos do Protestantismo brasileiro que mais crescem serem os pentecostais – de tradição arminiana – cada vez mais os institutos e seminários destas igrejas são invadidos por literatura claramente calvinista. Há bem pouco tempo, quem quisesse ser professor no ITQ – Instituto Teológico Quadrangular – deveria entregar à supervisão pedagógica uma resenha da obra “Crer é Também Pensar”, de John Stott. Excelente obra, diga-se de passagem, mas toda ela eivada de um pensamento calvinista roxo. E outros autores como John Piper, D.A. Carson, são lidos nos seminários pentecostais sem maiores questionamentos.
Um crescimento robusto da igreja brasileira, deve passar pelo surgimento de pesquisadores corajosos, cristãos que ingressem com firmeza e curiosidade investigativa no meio acadêmico, para produzir - e não somente reproduzir – conhecimento. Enfim, uma Teologia que não tenha medo de dizer seu nome, e afirmar com clareza a que veio, pode ser o tipo de contribuição que a sociedade brasileira anseia dessa igreja que cresce, sem dizer exatamente que valores, que legado, quer deixar na estrutura de pensamento da nossa nação e nosso povo.
Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-30783540105476800272014-09-18T12:38:00.001-07:002014-09-18T12:38:55.652-07:00A Juíza e a Bandeira Gay - ou "Lei também é Tradição"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTX3xSqabHIPZZmv7NEA8mZBLEs_LB4c9vVi526gIhi64Q-teQhx6huzJSgaELiIp8VpYLNcVk9ME1ZdgVsG-KYxqOV8h4Nc7dW1O53JJRXcYiQursgh26PPy14PDKmu3gIMOMLo17ot_d/s1600/juiza+gay.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTX3xSqabHIPZZmv7NEA8mZBLEs_LB4c9vVi526gIhi64Q-teQhx6huzJSgaELiIp8VpYLNcVk9ME1ZdgVsG-KYxqOV8h4Nc7dW1O53JJRXcYiQursgh26PPy14PDKmu3gIMOMLo17ot_d/s320/juiza+gay.jpg" /></a></div>
Dias atrás, o jornal “Diário de Santa Maria” publicou o artigo “Tradição não é Lei”, da jornalista e professora universitária Luciana Carvalho, sobre a polêmica em torno de uma cerimônia de casamento coletivo, com um casal homossexual, em um CTG de Livramento. O ponto alto da polêmica foi um incêndio criminoso no CTG que, ao fim e ao cabo, é uma entidade privada, e deve satisfações somente a seus associados sobre os eventos que concorda em sediar. Mas a polêmica segue “acesa”, e creio que o artigo da professora – com quem já trabalhei no movimento cultural da terra de que ambos somos filhos, São Gabriel – é um convite ao bom debate, especialmente sobre o funcionamento do Estado Democrático de Direito.
Após o incêndio, a jovem juíza Carine Labres se deixou fotografar algumas vezes com a bandeira LGBT. Fico cá a pensar uma hipótese: o que faria a imprensa se um magistrado, após determinar a reintegração de posse de uma fazenda invadida, mostrasse aos fotógrafos a bandeira da Farsul? Ou, se preferirem, a do MST? É correto uma magistrada sair por aí com a bandeira de um movimento político, e marcadamente ideológico? É decente uma juíza desfraldar outra bandeira que não a da Constituição?
“Tradição não é Lei”, diz a professora Luciana Carvalho. Mas as leis emanam, sim, das tradições e da cultura de um povo, e são por ela respaldadas. Toda vez que uma legislação dita “avançada” quer impor, à fórceps, a sua interpretação da lei, apelando à força e ao constrangimento moral, este é um claro sinal que falta à lei o respaldo do pensamento coletivo. E isto é ainda mais verdadeiro quando, na pretendida equiparação civil, o que se tem nem mesmo é uma lei – mas uma interpretação do Conselho Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal, que atropelaram a função legislativa do Congresso e o próprio sentido do artigo 226 da Constituição, que reconhece como entidade familiar ‘a união estável entre homem e mulher’. Numa situação bem brasileira, resolveu-se que o que está escrito não vale – e desde então, a confusão está estabelecida.
É preciso discutir estas questões? Sem dúvida. Mas sem simplificações grosseiras ou espetáculos midiáticos. Se a meritíssima juíza deseja militar por estas causas, que abandone o cômodo salário vitalício e vá disputar uma cadeira no Legislativo, o verdadeiro lugar para se discutir mudanças de costumes - não num Tribunal, que deve julgar em conformidade com as leis...e a tradição, também.
Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-59178691670429035082014-02-28T12:22:00.000-08:002014-02-28T12:22:39.993-08:00O Papa, os Evangélicos e a Forca de Anchieta<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieBLlY9zxjHTzZY3LSSmuQPoRwCcA4qzdVWtuiKuGlhSj7EgciK8nFmuRYoV0BX4rAaUqa1NcTg7HPkACeMJ7u1swBx-cdS3Iypsc4w2ZNilOPlzwt-fij-CzPhS6XdHqFH3KUF0F-u8Ro/s1600/Primeira_Ceia_Protestante.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieBLlY9zxjHTzZY3LSSmuQPoRwCcA4qzdVWtuiKuGlhSj7EgciK8nFmuRYoV0BX4rAaUqa1NcTg7HPkACeMJ7u1swBx-cdS3Iypsc4w2ZNilOPlzwt-fij-CzPhS6XdHqFH3KUF0F-u8Ro/s320/Primeira_Ceia_Protestante.jpg" /></a>
As câmeras de todo o mundo tinham suas lentes voltadas para Roma, quando o cardeal Jean-Marie Touran assomou à varanda central da Basílica de São Pedro em 13 de março do ano passado, e pronunciou a milenar fórmula do “Habemus Papam”, proclamando a eleição do primeiro pontífice latino-americano da história da Igreja Católica Romana. A notícia foi recebida com entusiasmo e esperança até mesmo fora dos muros católicos. Líderes de diversas igrejas cristãs da Argentina davam testemunho a respeito de Juan Mario Bergoglio, então cardeal de Buenos Aires, como um amigo dos evangélicos, homem de diálogo e apoiador de mobilizações conjuntas em defesa de pontos de vista comuns, como o combate ao aborto e a promoção da família.
De fato, os primeiros movimentos do novo pontífice romano pareciam apontar na direção de uma relação mais amistosa com os evangélicos que a de seu antecessor, Bento XVI, que numa de suas homilias chegou a agredir as igrejas pentecostais, a quem acusou de promover um cristianismo com “pouca densidade institucional e bagagem racional”. Francisco, ao contrário, recebeu líderes de outras igrejas cristãs, como o arcebispo anglicano Justin Welby, o patriarca ortodoxo de Constantinopla Bartolomeu I, e o pastor pentecostal Tony Palmer, entre outros, e chegou a gravar uma mensagem em vídeo para as igrejas pentecostais, definindo a divisão entre os cristãos como um pecado. Mas estes movimentos, normais na retórica dos papas desde João XXIII, precisam ser comparados com as atitudes internas da Igreja Católica. E neste particular, surgem alguns paradoxos, como no anúncio recente da canonização do frei português José de Anchieta, pioneiro do processo de catequização católica do Brasil.
A cultura popular brasileira costuma olhar com benevolência a figura de José de Anchieta, tido entre os católicos como “o Apóstolo do Brasil”, e considerado um dos expoentes do Quinhentismo, período do nascimento da Literatura Brasileira. Poucos sabem, no entanto, do papel desempenhado pelo agora São José de Anchieta na prisão e morte dos primeiros pastores protestantes a atuar no Brasil. Durante a “França Antártica”, colonização francesa do Rio de Janeiro que durou de 1555 a 1567, o vice-almirante francês Nicolás de Villegaignon autorizou, por sugestão do calvinista Gaspar de Coligny, que se solicitasse a João Calvino o envio de missionários. Os pastores Pierre Richier, Guilherme Chautier, Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques Le Balleur, chegaram ao Brasil em 7 de março de 1557, celebrando, três dias depois, o primeiro culto protestante do Brasil (e das Américas, diga-se de passagem), com a leitura do Salmo 27;4: “Uma coisa pedi ao Senhor e a buscarei, que eu possa habitar todos os dias na Casa do Senhor e habitar no seu Santo Templo”.
Os missionários atuaram com liberdade durante a ocupação francesa ao Rio de Janeiro, mas quando Villegaignon cedeu às pressões políticas dos jesuítas, foram condenados à morte. Jacques Le Balleur, também chamado João de Bolés, conseguiu fugir para o continente e vandeou até São Vicente, sendo poupado de ser devorado pelos índios por estar com um lívro, que os Tupinambás pensaram ser a tão esperada e prometida Bíblia, que era tida como um amuleto. Tratava-se, no entanto, de uma peça de Rabelais.
Em São Vicente os jesuítas forçaram a Câmara Municipal a prendê-lo em 1559. Foi torturado para dar informações estratégicas do Forte Coligny. Levado a Salvador, onde Mem de Sá concordou em condená-lo por ser seguidor da fé protestante.
Em 1567 foi levado ao Rio de Janeiro, onde seria executado, mas o carrasco recusou a matá-lo. E em 9 de fevereiro de 1558, o Padre José de Anchieta estrangulou-o. Evidentemente, historiadores católicos contestam esta afirmação, afirmando que o Tribunal de Inquisição funcionava ainda em Lisboa, e não no Brasil Colônia. Ocorre que Bolés não foi julgado pela Inquisição, e sim pelas autoridades locais, sob forte influência jesuítica. Quem tiver dúvidas a respeito, leia “História do Brasil”, volume 3, do historiador José Francisco da Rocha Pombo, ou “A Presença dos Reformados Franceses no Brasil Colonial” de Franklin Ferreira, ou qualquer outra obra séria sobre o Brasil-Colônia.
Do ponto de vista da organização católica, faz todo sentido que Francisco, um papa jesuíta, canonize José de Anchieta. No entanto, para um pontífice que, até outro dia, anunciava o desejo de diálogo com os evangélicos, a decisão de canonizar um personagem controverso, que carrega na sua história o sangue de missionários protestantes, seguramente vai na contra-mão de suas propaladas intenções.
Tenho respeito intelectual suficiente pelo papa para não acreditar que este fato tenha sido um equívoco, proveniente de qualquer tipo de desinformação. Até hoje, por razões semelhantes, o Vaticano tem evitado falar na canonização do Papa Pio XII, que mesmo não tendo matado ninguém diretamente, é acusado de silêncio complacente diante do nazismo de Adolph Hitler. Mas no caso de Anchieta, o estrangulamento de um pastor evangélico não pareceu chocar os príncipes da Igreja. Esta passagem sobre a vida de Anchieta é suficientemente conhecida pelos prelados católicos, a ponto de existirem obras que a contestam, o que permite supor que o Vaticano decidiu, solenemente, premiar o jesuíta Anchieta como um “bom soldado da Igreja”, não apenas disposto a morrer, mas também a matar por sua fé. Eis aí: por trás dos discursos sorridentes e promessas de “renovação” da Igreja Católica, numa simples e corriqueira canonização ressurge a velha Igreja Romana de sempre. Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-28609530397983193342013-03-02T07:01:00.000-08:002013-03-02T07:04:31.212-08:00O anticristianismo militante do CFP. Ou: para onde vão as ordens profissionais?
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfcp4NB9HNwkDhTc7KyRhyeSKTUeowm0uNfRliLvJYNTTBYD4oDMrHmySrJ8iS0GKzXYKo0PXZk9M0QJmgXcP9oHUGdVQQ4Lmcrrh_Wap2t94AhrcenZyayk-kAzUSFYGJpYbJUtSvpWNB/s1600/MORDA%C3%87A.jpg" imageanchor="1" ><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfcp4NB9HNwkDhTc7KyRhyeSKTUeowm0uNfRliLvJYNTTBYD4oDMrHmySrJ8iS0GKzXYKo0PXZk9M0QJmgXcP9oHUGdVQQ4Lmcrrh_Wap2t94AhrcenZyayk-kAzUSFYGJpYbJUtSvpWNB/s320/MORDA%C3%87A.jpg" /></a>
Nestes tempos em que as liberdades civis e institucionais são correntemente desprezadas, tenho me perguntado para que servem, afinal, as ordens profissionais no Brasil. Para proteger os interesses de sua classe é que não é. Na maior parte dos casos, quando não é para o enriquecimento ilícito de seus dirigentes, tem se prestado ao puro e simples proselitismo político. Estamos agora diante de um caso absurdamente emblemático, que é a perseguição movida pelo Conselho Federal de Psicologia contra a psicóloga Marisa Lobo. O crime da psicóloga: afirmar, em alto e bom som, seus valores cristãos nas redes sociais. Anos atrás, o mesmo órgão, como se fosse uma espécie de Congregação do Santo Ofício, tentou impor “silêncio obsequioso” à psicóloga, sob o falso pretexto de que atendia homossexuais em busca de reorientação e de que agia como “pregadora” no consultório.
Para o CFP, Marisa Lobo infringe a ética ao se apresentar como “psicóloga” e “cristã”. Mas o conselho age em favor do laicismo republicano, diriam alguns. O que estranha é que não há, nem de longe, o mesmo rigor contra uma série de profissionais que, em seus sites profissionais e perfis nas redes sociais, propõem uma abordagem da psicologia sob a ótica do Islã, da Umbanda, do Judaísmo, Budismo e tantas outras vertentes. Nada contra, mas por que apenas Marisa Lobo é intimada pelo CFP a excluir de seus perfis em redes sociais a menção de que é cristã? Por laicismo ou por anticristianismo militante? A resposta é simples: porque o CFP há muito deixou de ser uma entidade que zela pelo interesse de sua classe, servindo tão-somente para promoção de bandeiras casuísticas da esquerda no campo da psicologia.
Quisera que este caso fosse a única distorção evidente da finalidade de uma ordem profissional, mas não é o caso. A OAB, tão presente na memória afetiva do país por suas lutas em favor da democracia e das eleições diretas, tem se omitido vergonhosamente em casos onde a liberdade de expressão é ameaçada, como no estranho silêncio diante das agressões sofridas pela blogueira Yoani Sanchez em sua passagem pelo Brasil. Silêncio, aliás, compartilhado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que foi, na prática, condescendente contra as agressões a uma mulher armada apenas com sua palavra. De uns tempos pra cá, a Fenaj só se importa em querer impedir pessoas sem formação de exercer o jornalismo, para poder garantir a sobrevivência de seus cofres. Tal como a OAB com sua provinha para o exercício da advocacia, a Fenaj é apenas uma guilda para garantir reserva de mercado profissional. Nada além.
Enquanto as ordens profissionais forem usadas apenas como correias de transmissão de um pensamento ideológico que abomina a liberdade individual de crença, dias perigosos virão. Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-87873270645486120122013-01-29T11:37:00.000-08:002013-01-29T11:38:15.477-08:00Onde estava Deus?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW48V5yho-NaUTl_f2ILLW_hiL3WNLVR5IetgzxWH8f5l9Sj9sl5_kAIGZ9ncsv_UHN2s3cGXA_8hKuF_S477adz-yzYPjkc67YU0_6fXSZqdJcYruhy0l8EDHvYv7q-tl4_UfgQq2mIcB/s1600/trag%25C3%25A9dia+santa+maria.jpg" imageanchor="1" style="clear:left; float:left;margin-right:1em; margin-bottom:1em"><img border="0" height="225" width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgW48V5yho-NaUTl_f2ILLW_hiL3WNLVR5IetgzxWH8f5l9Sj9sl5_kAIGZ9ncsv_UHN2s3cGXA_8hKuF_S477adz-yzYPjkc67YU0_6fXSZqdJcYruhy0l8EDHvYv7q-tl4_UfgQq2mIcB/s400/trag%25C3%25A9dia+santa+maria.jpg" /></a></div>
“Não me conformo, não me conformo! Por que Deus levou meus amigos”? A pergunta, feita por uma jovem de 20 anos em seu perfil numa rede social da internet, expressa a mesma indagação que muitos silenciam na garganta desde a madrugada de 27 de janeiro, quando uma cortina de fumaça negra ceifou a vida de 232 jovens numa boate em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Vivendo em São Gabriel, cidade vizinha a Santa Maria que também enterrou oito vítimas fatais nesta tragédia, foi impossível ficar indiferente ao pesar que cobria a todos como um manto gigantesco, vendo famílias enterrarem seus filhos, seus mortos, seus sonhos. Num dos velórios que estive a pergunta de uma professora fulminava uma quase-acusação: “Onde estava Deus nessa hora, pastor?”.
Se Deus é amor, porque o mal atinge as pessoas? Ou, dito de outra forma: Se o mal atinge a todos, justos ou injustos, crentes ou descrentes, para que serve Deus? Cabe, tão somente, atribuir o mal à própria espécie humana, ou mesmo ao diabo, se a fé cristã nos afirma que Deus tem todo o Poder? Diante da pergunta, muitos hesitaram, e decidiram concluir que Deus não existe. Outros religiosos, igualmente equivocados, desenvolveram a chamada Teologia do Processo ou Teísmo Aberto, que acredita que Deus não é Onipotente, e portanto, não tem responsabilidade nas tragédias. Ou seja, para fugir do horror de um Deus que permite o mal, criaram para si mesmos um Deus camarada, bondoso, mas incompetente.
O Deus que emana da Bíblia é o criador de todas as coisas. <i>“Eu sou o Alfa e o Ômega; o Primeiro e o Último; o Princípio e o Fim (Apocalipse 22;13)”</i>. Então, teria Ele criado também o Mal? Agostinho de Hipona (354-430 d.C) ensina que, assim como a escuridão não existe como substância, e sim a ausência da luz, o Mal em si nada mais é do que a ausência do Bem, criado por Deus. Entretanto, isso não basta para quem perdeu seus filhos num incêndio. Num mundo onde a emoção tem substituído a fé como critério da verdade, querer afirmar a Bondade de Deus apesar da existência do mal, pode até soar ofensivo. Mas é em tais circunstâncias que a verdade precisa ser reafirmada.
Penso que o mal surge em nossas vidas para colocar nossa consciência no devido lugar. Diante de tanto horror como vimos em Santa Maria, perdem sentido as disputas pessoais, a egolatria, as vaidades, as áreas vulneráveis de nossa vida. Surge, no caminhar silencioso dos que atravessam as ruas em silêncio e de mãos dadas, o afeto, a esperança. Corações que renovam a esperança, não se abatendo diante da perda daquilo que amamos nesta era decaída (2ª Coríntios 12;9).
Em meio a tanto mal, Deus se revela no voluntário que ajuda no socorro, no bombeiro que arriscou a vida, no psicólogo que foi para a linha de frente consolar as famílias. Num dia, segundo crê a fé cristã, todo mal será extirpado. <i>“Deus enxugará toda lágrima; não haverá mais morte, nem dor, nem pranto, pois a antiga ordem das coisas passará” (Apocalipse 23;4</i>). Por ora, resta a certeza de que em cada esquina, Deus ainda nos surpreende com sua misteriosa Graça, no gesto solidário que demonstra que, apesar de tudo, a humanidade não é um projeto destinado ao fracasso. E sim, existe algo maior que a dor ou que qualquer sofrimento: o amor.
Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-3060372453366974482013-01-02T09:49:00.000-08:002013-01-02T09:49:56.008-08:00Ortodoxia e Pastoreio Feminino<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeClN9-wUN9mHief97WZUHv0Qj9JZkjSMQfA_uqO9CfHEfMjASwpdt855A5JqMAKhpsL_HsrsMA11eApOOCh6Mb_X11MduThoVHWeVHZ9CEpx3LZM1vXYjqSKMYbyxRJogMRceS_L8Uww6/s1600/aimee01_portal.jpg" imageanchor="1" style="clear:left; float:left;margin-right:1em; margin-bottom:1em"><img border="0" height="283" width="185" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeClN9-wUN9mHief97WZUHv0Qj9JZkjSMQfA_uqO9CfHEfMjASwpdt855A5JqMAKhpsL_HsrsMA11eApOOCh6Mb_X11MduThoVHWeVHZ9CEpx3LZM1vXYjqSKMYbyxRJogMRceS_L8Uww6/s400/aimee01_portal.jpg" /></a></div>
Em novembro de 2012, um fato de profunda relevância teológica para o cristianismo do século XXI passou praticamente batido, tanto na mídia secular quanto na auto-proclamada mídia “evangélica”. A Igreja Anglicana da Inglaterra deliberou, em concílio, a continuidade da proibição da ordenação feminina para o episcopado. Na Igreja Anglicana, mulheres podem exercer a função de reverendas e diaconisas, mas lhes é interdita a ascensão ao bispado. O resultado desagradou o Arcebispo de Canterbury, Rowan Willians, e até mesmo o primeiro-ministro inglês David Cameron. Como já era previsto, a posição triunfante foi considerada uma vitória da “Ortodoxia”, uma vez que igrejas que pratiquem ou defendam a admissão de mulheres no ministério pastoral são consideradas “liberais” ou “heterodoxas”. Neste sentido, um enquadramento distorcido é tratado como verdade incontestável, e as igrejas evangélicas que consagram mulheres ao pastoreio, são tidas como “heterodoxas” sem que se lhes dê oportunidade de defesa.
O termo “Ortodoxia” é resultante da junção dos vocábulos gregos <i>“orthós”</i> (reto) e <i>“doxia”</i> (opinião), com o sentido de “crença correta”, “opinião certa”. Ora, se os ortodoxos são os evangélicos que admitem apenas homens no pastoreio, a intenção da palavra deixa claro que as igrejas que admitem pastoras seriam “heterodoxas”, ou erradas mesmo. Mas, neste aspecto, com quem de fato estaria a <i>“orthós”</i>, a “retidão” do assunto? Sem pretensão de esgotar um assunto tão vasto, trago uma contribuição a este debate, dentro de uma cosmovisão pentecostal clássica – justamente o ambiente onde este tema é mais controverso.
Em primeiro lugar, o “Pastor” do rebanho cristão só leva este nome por associação com a figura do pastor de rebanhos da Judéia. Deus, ao estabelecer sua Igreja, prometeu na sua palavra que supriria o povo com “pastores segundo o seu Coração”. E se o pastoreio de rebanhos de verdade é um modelo para o rebanho de Cristo, não deveria haver impedimento algum para que mulheres exercessem este ofício, já que na Bíblia, vemos vários exemplos de mulheres pastoreando rebanhos. <i>"Enquanto Jacó ainda lhes falava, chegou Raquel com as ovelhas de seu pai; porque ela era pastora"</i> <i>(Gênesis 29.9).</i> Assim como Raquel, também Lia, Zípora e outras mulheres exerciam o ofício de pastoras de rebanhos no Antigo Testamento.
É ainda no Antigo Testamento que surgem o ministério profético de Débora e Miriã, a posição honrosa de Ester como rainha, e outras demonstrações de liderança feminina. Se no Antigo Testamento Deus não se incomoda com mulheres liderando, será que no Novo Testamento, justamente o ambiente em que a Graça irrompe na história humana, haveria um recuo?
Esta tem sido a posição dos defensores mais empedernidos da exclusividade masculina do pastoreio, baseados em leituras descontextualizadas de 1ª Coríntios, e escorados no fato de os apóstolos originais serem todos homens. No entanto, é novamente a Bíblia quem nos apresenta mulheres exercendo função similar à dos apóstolos e evangelistas, como a profetisa Ana, filha de Fanuel (Lucas 2;36-38) e Júnias, que a Bíblia chama claramente de “apóstola”, tendo se convertido antes de Paulo de Tarso, que assim escreveu: <i>“Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e meus companheiros de prisão, os quais são bem conceituados entre os apóstolos, e que estavam em Cristo antes de mim." (Romanos 16.7).</i>
Ao longo da história, igrejas históricas têm admitido mulheres no pastoreio, como a Igreja Luterana e a própria Igreja Anglicana, que nem de longe poderiam ser consideradas heterodoxas, antes tem se mantido fiéis à tradição reformada. E apesar de forte oposição de muitas das principais igrejas pentecostais ao pastoreio feminino, é justamente no seio pentecostal que uma igreja em particular – Igreja do Evangelho Quadrangular – viria a ser fundada por uma mulher, a missionária canadense Aimée Semple McPherson, que prega a mensagem pentecostal na Los Angeles dos anos 30, organizando uma igreja, uma estação de rádio e um instituto teológico numa época em que as mulheres nem sequer podiam votar.
O Cristo a quem servimos, pela obra redentora da Cruz, desfez toda divisão e animosidade, concedendo também às mulheres liberdade para servir, adorar e – por que não? – liderar. Num mundo tão carente de lideranças confiáveis, se uma mulher sente-se chamada para servir a Deus através de seu dom de liderança, que se prepare para tal, e, em nome de Jesus, lidere! E siga firme, confiando na eficácia da Palavra ministrada por – lá vem ele outra vez – o apóstolo Paulo: <i>Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus. (Gl 3, 27-28)
</i>Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-55878917518879625282012-11-15T11:47:00.000-08:002012-11-15T11:49:24.266-08:00Negritude e fé cristã: Um diálogo possívelTodo dia 20 de novembro é celebrado o Dia da Consciência Negra. Trata-se de uma celebração que rememora a morte de Zumbi dos Palmares, líder de um quilombo que lutou estoicamente contra as tropas pernambucanas até ser esmagado com violência no final do século 18. Em todo o país, seminários e mesas redondas são realizadas em escolas, com o propósito de educar para a tolerância e a igualdade. Não raramente, os alunos são apresentados a elementos da cultura afro-brasileira, como a culinária, expressões idiomáticas, e a religião – sempre e exclusivamente de raiz africana, como o Candomblé e a Umbanda.
É aqui que temos uma situação que, além de criar um paradoxo do ponto de vista do Estado Democrático, comete também uma injustiça com muitos dos próprios negros. O Estatuto da Igualdade Racial, de autoria do senador gaúcho Paulo Paim, conferiu um status diferenciado às chamadas religiões de matriz africana, o que lhes franqueia um acesso privilegiado a espaços públicos, como escolas, universidades e órgãos vinculados ao tema da igualdade racial. Na prática, com o propósito de combater o preconceito, o Estatuto da Igualdade Racial cria um novo padrão de preconceito religioso, transformando o Candomblé e a Umbanda em religiões com proteção especial, o que fere o caráter laico do Estado Brasileiro – que ultimamente só é evocada para retirar crucifixos de tribunais e o nome de Deus das cédulas de Real.
Evidentemente que a religião é um traço indissociável da cultura, e que a religião afro-brasileira é um dos elementos constitutivos da cultura trazida pelos africanos. No entanto, evocá-la como única religiosidade “negra” é desconhecer a pluralidade e criatividade religiosa da negritude brasileira, que tem contribuições em todas as confissões, inclusive na fé cristã. Nunca é demais lembrar que o próprio Zumbi dos Palmares, teve acesso à educação formal através de um padre católico e era um devoto praticante, e na história do catolicismo as irmandades religiosas de negros se contam às centenas. No protestantismo, a fé pentecostal é, como diz o título de uma obra do pastor e ativista Marcos Davi de Oliveira, a religião mais “negra” do Brasil, com mais de 8 milhões de negros que se declaram pentecostais. O vocabulário, a expressão social, praticamente tudo no pentecostalismo está carregado com tonalidades negras, ainda que boa parte do próprio segmento desconheça isso. Nem poderia ser diferente, para uma vertente do cristianismo que deve seu surgimento a um afro-americano chamado Willian Seymour, filho de ex-escravos que se tornou o pai do Avivamento da Rua Azusa, de onde emanaram igrejas como Assembleia de Deus, Igreja do Evangelho Quadrangular, Congregação Cristã e outras.
A Bíblia Sagrada nos apresenta o profeta Amós revelando um Deus amoroso com todos os povos: <i>“Não sois vós para mim, filhos de Israel, como os filhos dos etíopes?”</i> (Amós 9:7), e a negritude de um dos profetas, Sofonias, <i>“filho de Kush (Sf 1;1)”</i>, o antigo império etíope de onde descendeu a Rainha de Sabá, de cuja união com o Rei Salomão se originaram os judeus falashas, negros etíopes com sangue e fé judaica. Era falasha o o<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJYLONh3IIVl3u8DigYLT3tvFenqKVQFUpjeo0q-lAXD-0eeb95vvIFuG0zdS_haiM38bNKmSCaL0bPz2TASlCHUh1UvJPbWGVoZBolHAiWA0JI-R9A57Ys4QSnjpxsnNDUssGG0fqGB2T/s1600/negro+orando.jpg" imageanchor="1" style="clear:left; float:left;margin-right:1em; margin-bottom:1em"><img border="0" height="250" width="250" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiJYLONh3IIVl3u8DigYLT3tvFenqKVQFUpjeo0q-lAXD-0eeb95vvIFuG0zdS_haiM38bNKmSCaL0bPz2TASlCHUh1UvJPbWGVoZBolHAiWA0JI-R9A57Ys4QSnjpxsnNDUssGG0fqGB2T/s400/negro+orando.jpg" /></a></div>
ficial que Felipe evangelizou, fazendo com que o Evangelho ultrapassasse as barreiras da Terra Santa. Portanto, a fé cristã deve muito do que hoje é aos negros e sua cultura, que fazem parte de sua história. Isso sem falar em irmãos de fé como Rosa Parks, Martin Luther King, Desmond Tutu e uma miríade de pastores negros, sem fama ou renome, que evangelizam em favelas, presídios e cidades de todo o país.
Não se desconhece, entretanto, algumas abordagens infelizes da fé cristã em relação ao negro, como a lamentável teologia da “Maldição de Cam”, evocada pelo inquisidor católico Juan Batista de las Casas em 1826 e que em 2011 voltou a ser destaque na declaração infeliz de um conhecido parlamentar assembleiano. Na época, encaminhei um documento pessoal à Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Manuela D’Ávila, destacando que Cristo nos resgatou de toda maldição (Gl 3.13) e da lei do pecado da morte (Rm 8.2), revogando em si mesmo todas as imprecações do Antigo Testamento
Sendo um quase-branco trisneto de imigrantes libaneses, talvez até alguém pudesse questionar minha legitimidade para este assunto. No entanto, creio firmemente que a igualdade racial é um debate que deve ser, sim, enfrentado no Brasil. Mas de uma forma que não reduza o negro à um certo racialismo <i>mainstream</i> altamente influente nos dias atuais. Mas que, pelo contrário, o negro possa se expressar dentro de sua pluralidade, sem uma tradição religiosa se impondo sobre as demais.
Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-80353627977486235262012-03-08T16:09:00.002-08:002012-03-08T16:19:58.680-08:00Deixem Deus em paz!<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhv1aGvRLUml53fy2XH7WnEBG2VXe_RVwz3qZxd3PYjdWgY8VHj_ifh8kd9-fNn-S3G-30H1izwMXGHcGJ1TgnCeJMrdF7wdhU9gOZr-tNfaRVWPaLziLxPTwfDCPXwgdwKzUTCRnT17xzK/s1600/crucifixo.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 286px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhv1aGvRLUml53fy2XH7WnEBG2VXe_RVwz3qZxd3PYjdWgY8VHj_ifh8kd9-fNn-S3G-30H1izwMXGHcGJ1TgnCeJMrdF7wdhU9gOZr-tNfaRVWPaLziLxPTwfDCPXwgdwKzUTCRnT17xzK/s400/crucifixo.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5717685464266765346" /></a><br /><br /><br />“... O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de culto” (2ª Tessalonicenses, 2;4)<br /><br />Em 1924, o brilhante ensaísta e filósofo britânico Gilbert Keith Chesterton, anglicano convertido ao catolicismo, escreveu pesada crítica a uma peça teatral de George Bernard Shaw, que na época recebia aplausos entusiasmados da elite intelectual inglesa simplesmente por atacar – com sagaz inteligência – a fé cristã. No texto que escreveu, Chesterton faz uma afirmação que merece ser transcrita integralmente: “A perseguição da ciência pela religião é algo de que se fala muito, e muito mais do que é historicamente correto. De qualquer modo, é algo que felizmente já passou. A perseguição contra a religião, entretanto, pode ter apenas começado, e já está em ação em muitos casos de pedantismo e crueldade”. <br />Imagino como Chesterton reagiria se estivesse hoje entre nós para opinar a respeito da recente decisão do Pleno do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que determinou a retirada dos crucifixos de todos os tribunais gaúchos, atendendo a um pleito da Associação Brasileira de Lésbicas. Se a perseguição da ciência contra a religião era ainda uma realidade incipiente em seus dias, hoje a militância anticristã ergue as armas do laicismo na cultura, na mídia e também na justiça.<br />A alegação bizarra de que o crucifixo, como símbolo do catolicismo, nada tem de fazer em um tribunal por ser o braço jurídico de um Estado laico, é de saída falsa. Primeiramente, porque o crucifixo não é um símbolo apenas católico, mas é utilizado também por protestantes históricos, como os anglicanos. A cruz vazia – sem o Senhor morto – é ainda mais difundida, usada por evangélicos clássicos, pentecostais e outros. Se na Igreja, a cruz é o símbolo máximo de uma religião, numa repartição pública ela apenas encarna um conjunto de valores que fazem parte da identidade do povo brasileiro, quer as minorias raivosas gostem ou não. A presença da cruz em um tribunal, num plenário legislativo ou no gabinete de um prefeito, em nada ameaça a isenção das decisões ali tomadas. Expurgá-las de lá, do ponto de vista prático, é apenas uma manifestação do mais rombudo obscurantismo, acolhendo a ira de certos grupos contra os valores da maioria da sociedade. <br />Outra pérola do gênero é uma recente ação de um procurador do Ministério Público Federal em São Paulo, que ajuizou o Banco Central por imprimir nas cédulas de Real a expressão “Deus seja louvado”. Se isso prosperasse, Deus acabaria sendo menos eterno na realidade brasileira do que Sarney, o presidente que começou a colocar esta frase nas notas do Cruzado. A se seguir nesta toada, a maioria das cidades brasileiras, batizadas com nomes de santos, terá que trocá-los por outros. Em nome de que interesses?<br />Sim, o Estado brasileiro é laico, e isso significa apenas que tem de servir com igualdade a todos os cidadãos, independente de seu credo religioso. Ser laico não significa ser anti-religioso. Por isso, peço aos laicistas de plantão: deixem Deus em paz, e parem de tentar expulsar da esfera pública os valores ligados à fé. Se alguém é mesmo capaz de ficar ofendido diante de uma cruz, será que o problema com a cruz ou com quem a vê?Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-1528695985028613192012-02-27T08:43:00.004-08:002012-02-27T08:49:50.071-08:00Dom Robinson, a questão das drogas e um adeus<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiblrzSMbF0nD2hTxj5CFYDj0wcGyRlvPzIIGywLSrmQxMTk2wGgKQzK9Qh5yVIopgyTBFiLMo4kBJoqsvRJjz5rUywPziyIU1zppCnckz7Ug7ly8bBIDs29dAl5AcQj1tKXeB103nmkJcB/s1600/cavalcanti.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 231px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiblrzSMbF0nD2hTxj5CFYDj0wcGyRlvPzIIGywLSrmQxMTk2wGgKQzK9Qh5yVIopgyTBFiLMo4kBJoqsvRJjz5rUywPziyIU1zppCnckz7Ug7ly8bBIDs29dAl5AcQj1tKXeB103nmkJcB/s400/cavalcanti.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5713858566245258594" /></a><br /><br />Iniciei a segunda-feira sob o forte impacto de uma notícia que já estava no topo dos comentários do Twitter na madrugada: o assassinato de Dom Robinson Cavalcanti, bispo anglicano de Recife, morto a facadas pelo filho adotivo, que morava nos EUA e estava no país há cerca de 15 dias. O filho adotivo de Dom Robinson tinha sérios problemas com as drogas, matou o pai e a mãe, e tentou se matar após o duplo assassinato, ocorrido por volta das 22 horas deste domingo, 27 de fevereiro.<br />Para quem eventualmente nunca tenha ouvido falar dele, destaco que Dom Robinson era bispo da Igreja Anglicana no Recife, e teve uma vida dedicada à causa do Evangelho e da democracia. Escritor de vários livros sobre fé e política, Dom Robinson era um dos mais importantes líderes evangélicos da corrente teológica da Missão Integral, que defende a integração entre a pregação da Palavra de Deus e a defesa da causa dos pobres. Ligeiramente, poderíamos falar da Teologia da Missão Integral como a versão evangélica da Teologia da Libertação dos católicos, mas é muito mais do que isso, porque nesta visão a orientação ideológica não está acima do conteúdo evangélico. De certa forma, Dom Robinson exercia junto aos evangélicos – de todos os matizes – um papel muito parecido com o do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns entre os católicos. <br />O desfecho trágico de sua vida aponta para o efeito dramático da realidade das drogas em nossa sociedade. E entra em choque com algumas visões simplistas, segundo a qual basta educar os filhos com bons valores para que não se aventurem por este universo sombrio. Seguramente, tudo o que Dom Robinson fez foi semear valores cristãos, mas mesmo assim o filho matou o pai sob efeito de drogas com as quais estava envolvido há mais de 15 anos. Apesar dos valores cristãos ensinados pelo pai, o assassino de Robinson, quando enveredou pelas drogas, fez uma escolha. E é esta verdade que precisa ser ressalvada no tenso debate que se trava sobre o tema em nosso país. As pessoas fazem escolhas, e escolhas tem conseqüências. <br />Infelizmente, alguns luminares da intelectualidade brasileira, como o ex-presidente FHC, pretendem que a escolha pelas drogas não tenha conseqüência do ponto de vista legal. Casos como este ilustram como estão errados os que acreditam na descriminalização do uso de drogas, assentados na máxima de que o usuário não é criminoso. Trata-se de uma tese estúpida, e em casos como este, assassina.<br />Desde que me converti ao Evangelho, no já distante ano de 1997, sempre li os textos de Dom Robinson Cavalcanti, e embora discordasse quase sempre do viés esquerdista de muitos deles, sempre encontrei em suas reflexões uma base teológica segura para uma fé sadia, firme e cristocêntrica. Sua clareza teológica e honestidade intelectual marcou minha formação., a ponto de ter me tornado também um defensor da Teologia da Missão Integral. Talvez por isso eu sinta tanto sua perda, embora não o tenha conhecido pessoalmente. No dia em que for a minha vez de partir para o Repouso, quero poder cumprimentá-lo e agradecer por ter marcado de forma tão efetiva minha caminhada cristã. <br />Que o Senhor o receba nos Portais Eternos.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-8124412885000209192012-01-30T08:49:00.000-08:002012-01-30T08:53:58.079-08:00Ministério: servir ou "se" servir?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt__FpS0V8omKpjPAiME5Smac730jthet60-YPZsebyoWD_8FVSfINs6O-U8I6wB9BtEgYs7tJ-DDHK8rhwXj6nZ28RGZBzfYee2JvTFGsvktb9W07lcV-TsVBaBVZBl8eKaMlzyOhgLbS/s1600/lava_pes2.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 256px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgt__FpS0V8omKpjPAiME5Smac730jthet60-YPZsebyoWD_8FVSfINs6O-U8I6wB9BtEgYs7tJ-DDHK8rhwXj6nZ28RGZBzfYee2JvTFGsvktb9W07lcV-TsVBaBVZBl8eKaMlzyOhgLbS/s400/lava_pes2.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5703469197220780530" /></a><br /><br /><em>“Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros” - João 13:14</em><br /><br />A mesa está repleta. Cordeiro, ervas amargas, vinho, pão ázimo. A ocasião deveria ser de celebração. Afinal, estavam em um seder de pessach, um dos tantos rituais preparatórios para a Páscoa Judaica. Memória da libertação do povo judeu do Egito. Mas o verdadeiro Libertador estava assentado á mesa, comendo com eles, e sorria. Os discípulos, há pouco, tinham travado uma discussão tola. “Quem será o maior no Reino dos Céus?”, perguntavam. Poucos dias antes, viram como o povo saudava seu mestre, quando adentrou os portais de Jerusalém. Lembraram da Escritura Sagrada: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória”. Sim, ali estava o rei, e eles seriam seus ministros. Quem teria o cargo mais importante?<br />Ah, os homens e sua sede de poder. Jesus sabia. Viu isso nos seus apóstolos. Viu isso nos que seriam seus ministros nos dias atuais. Liderando igrejas como ditadores. Fazendo da expressão “ministro” uma posição de autoridade inquestionável, papal, quase um vice-deus. Um super-homem que “determina”, e as bênçãos acontecem, porque até o próprio Deus se sujeita. <br />Ministério é serviço. A palavra “ministro” vem do termo latino “minister”, que por sua vez, deriva de “minus”, ou seja, “menos”. O “minister” era o servo, o homem do serviço. Na antiguidade, havia o “minister cubiculi”, que era o servo encarregado de arrumar os quartos da casa; havia também o “minister vini”, que era o servo encarregado de manter as taças cheias de vinho nos banquetes. O ministro é chamado para servir.<br />Sem dizer uma palavra, Jesus dá o grande exemplo: deixa a mesa principal e parte para o serviço. Enrola uma toalha na cintura, e começa a lavar os pés dos apóstolos, que atônitos, não compreendiam. Esse ato nos dá a dimensão maior do ministério: somos chamados para servir. O apóstolo Paulo mostra no texto de I Tm.6.11, uma lista de qualidades que o ministro deve ter: justiça, piedade, fé, amor, paciência, mansidão. Todas são qualificações para a prestação de um serviço digno. Pena que nos dias atuais, estas qualidades estejam tão fora de moda. Ao invés do bom pastor capaz de deixar as 99 ovelhas para buscar a perdida, o comum é ouvir “deixa ir embora! Sai um, Deus manda mais dez”. Em que Bíblia isso está escrito, eles não dizem.<br />Ministério não é vitrine para o desfile de uma personalidade doentia, marcada pela vaidade; não é para os viciados em bajulação. Ministério é para trabalhadores da seara, servos. O teólogo e escritor John Stott, falecido no ano passado, dizia: “os pastores não estão sobre os crentes para governar, mas sim sob Cristo para obedecer”. Coerentemente, também ensinou que “o amor é muito mais um serviço do que um sentimento”. Minha oração é que o Corpo de Cristo tenha, cada dia mais, “ministros” na acepção original da Palavra, que como Jesus, saibam sair do seu lugar de honra para servir.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-38363742293407931212012-01-17T19:53:00.000-08:002012-01-17T20:07:46.317-08:00Big Brother Brasil: a que ponto chegamos<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr5dLPps5bQUu_aNlAPN0i1QzeC5wWziPX41HiTHmlPwSFd6hmFhBnzzGmIVIDVZhqD3TsHj7XJZINIPKL_uIPzF7d7YugbE5aP0Jl0lypZKRKLnPgWaZKsl_AOdPTyFThnm4ZA2FW6ZEA/s1600/bbb.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 300px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjr5dLPps5bQUu_aNlAPN0i1QzeC5wWziPX41HiTHmlPwSFd6hmFhBnzzGmIVIDVZhqD3TsHj7XJZINIPKL_uIPzF7d7YugbE5aP0Jl0lypZKRKLnPgWaZKsl_AOdPTyFThnm4ZA2FW6ZEA/s400/bbb.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5698818737750879378" /></a><br /><br />“E não vos conformeis com esta época”... (Romanos 12;1, NVI)<br />Ano passado fiz um boicote consciente ao Big Brother Brasil. Na hora da atração, desligava a TV e ia fazer qualquer outra coisa. Neste ano, mudei de residência já nos primeiros dias de janeiro, e fui poupado do BBB porque a antena da TV ainda não foi removida da casa antiga. Mas num mundo onde a Internet repercute a telinha, não foi possível ficar imune à notícia sobre um estupro ocorrido na tal “casa mais vigiada do país”. Um “modelo”, se aproveitando da embriaguez de uma das participantes, fez sexo com ela inteiramente desacordada. A cena do estupro, devidamente editada, foi ao ar como se fosse um passeio no parque, e ao final, Pedro Bial ainda proclama: “o amor é lindo”. <br />A reação indignada do país nas redes sociais da Internet foi tão grande que um inquérito foi aberto pela Polícia Civil, e a Globo não teve outra saída senão fazer um breve pronunciamento afastando do programa o provável estuprador (somente o inquérito dirá se é ou não), por ter apresentado “comportamento inadequado”. O cinismo editorial da produção do programa parece chocante? Mas esperar o quê, depois de doze anos de baixaria e a apelação, numa desesperada corrida por audiência e lucros? Aliás, do jeito que a coisa vinha, só faltava um estupro ser transmitido pelas câmeras. Agora não falta mais.<br />São anos a fio de hedonismo, o prazer pelo prazer, álcool e promiscuidade em doses cavalares, conformando a mente do telespectador a se acostumar com o lixo e o horror como algo natural. Até alguns respeitáveis pensadores criticaram o governo e a polícia pelo inquérito, que estaria intervindo na “liberdade de expressão” do programa. E quanto à liberdade da moça, que nem mesmo teve chance de dizer sim ou não às investidas do fauno incontido? Calma lá! Tenho verdadeira aversão à censura de qualquer espécie, mas chamar a exibição televisiva de um crime de “liberdade de expressão” é a coisa mais ridícula que vi nestes últimos anos. <br />Nem comento sobre os que justificam o estupro pelo comportamento da moça. Nenhum machão estaria especulando sobre isso se a jovem fosse sua filha, por exemplo. Além do ultraje, culpar a vítima pelo fato é uma armadilha moral simplesmente nojenta.<br />A Bíblia fala de uma jovem, Tamar, que foi estuprada por seu meio-irmão Absalão. Mais que um estupro, um incesto. O rei Davi, pai da vítima e do estuprador, deu de ombros. E por não ter agido com autoridade, deu margem a uma verdadeira matança entre irmãos, que culminou com a morte do próprio Absalão depois de tentar usurpar o trono de seu pai (2º Livro de Reis). Quando somos condescendentes com o mal, permitimos o seu avanço. Talvez já esteja mais do que na hora de a sociedade repensar sua indiferença. Se chegamos até este ponto, é porque por anos a fio temos tolerado a idéia abjeta de que vale burlar o respeito, as leis, as regras mínimas de convivência pra conseguir o que se quer. O bom sujeito que tenta subornar o guarda pra escapar da multa, que não dá recibo a seus clientes, que acha justo sonegar um imposto aqui ou ali, poderia muito bem estar na pele do “modelo” que não viu problema em transar com uma mulher totalmente desacordada, sem o consentimento dela. <br />Não. Ao contrário do que dizem por aí, leis e regras são coisas libertadoras, que impedem a sociedade de chegar à barbárie. É bom que o brado de “basta” se faça ouvir logo, porque a barbárie já chegou.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-43426463145231980882012-01-02T07:24:00.000-08:002012-01-02T07:34:18.154-08:00Feliz Ano Novo...Novo?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixMKG7KmcOKGuA6KE0_v5eCncH9gy-INjyw4DIxzTvmXodzIfOHpeZGCyfofwp2zd3VGC_B4o-zyLE1fAeHWT6geV2u2h2KYl1iK6w9NLbgEfj4Czc17rBbO7vWLDhAi8bo973b_5HPE6m/s1600/PCU2823.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 306px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixMKG7KmcOKGuA6KE0_v5eCncH9gy-INjyw4DIxzTvmXodzIfOHpeZGCyfofwp2zd3VGC_B4o-zyLE1fAeHWT6geV2u2h2KYl1iK6w9NLbgEfj4Czc17rBbO7vWLDhAi8bo973b_5HPE6m/s400/PCU2823.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5693058176853625906" /></a><br /><br /><br /><em>“Semeou Isaque naquela terra, e no mesmo ano colheu cem vezes mais, porque o Senhor o abençoava” (Gênesis 26;12)</em><br /><br />Acidentes com mortes nas estradas, assaltos, chuvas acima da média na serra fluminense, crise na Europa, seca na nossa região... opa, estamos falando do início de que ano mesmo? Para quem olhar o noticiário, parece que o início de 2012 está seguindo à risca o script do começo do ano que passou. Como é que o novo ano parece ter começado tão semelhante a 2011? Será que não foram ouvidos os milhares de votos de Feliz Ano “Novo”? <br />O Ano Novo sempre traz uma renovação das esperanças, justamente pela promessa de ser novo, de ser diferente. Mas muitas pessoas se queixam que, ano após ano, a situação permanece a mesma. Como devemos agir para que o Novo Ano seja de fato novo, no sentido de ser realmente diferente? <br />A Bíblia nos fala de um homem chamado Isaque, que já desfrutava de uma proteção especial da parte de Deus por ser filho de Abraão, mas que se recusou a apenas viver à sombra do que foi construído pelo patriarca. Mudou-se para a terra dos filisteus, que seriam inimigos históricos de Israel pelo resto da vida (a palavra Filistéia foi traduzida, na língua latina, por Palestina). Mesmo num ambiente totalmente adverso, Isaque, agricultor como seu pai, fez sua semeadura naquele lugar, e diz a Bíblia que naquele mesmo ano colheu cem vezes mais, por causa do Favor de Deus. Ao redor dele, nada havia mudado, mas em sua propriedade, Isaque colheu um cêntuplo do que plantou.<br />Creio que esta passagem nos ensina sobre a atitude de fé que devemos ter em qualquer circunstância. Aparentemente, pode parecer que nada tenha mudado à sua volta com a passagem de ano, mas a mudança virá se você semear seus sonhos com fé na bênção de Deus. E semear, como Jesus ensina, significa aplicar o seu melhor na busca dos seus propósitos. “O semeador saiu a semear”. Há uma semente que Deus colocou dentro de você, e o nome dela é “potencial”. Se você deixar uma semente na estante, ela continuará tendo uma floresta dentro dela, mas não vai germinar. Por isso, para 2012 ser diferente, semeie seus sonhos. Não fique nas intenções. Planeje, construa, fracasse, tente de novo. Isaque só foi abençoado por Deus porque semeou primeiro. Faça a sua parte, e Deus fará a sua para um 2012 diferente.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-70513386987480880032011-12-19T08:42:00.000-08:002011-12-19T08:43:44.487-08:00A Educação e a Lei da Palmada<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFScjygb7lGAHjj_emJWg6pmlHmDc3bHEfP-gobeDcNnbpncaHrPpVhyphenhyphenAOgiJVhYvh4akr34s72UYxG2RikImtRH7pyVTuQTJnrLECweMvPTowXkDz4v2JEjr6yuHxM8f0JWlQPCtCH7IG/s1600/images.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 254px; height: 198px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFScjygb7lGAHjj_emJWg6pmlHmDc3bHEfP-gobeDcNnbpncaHrPpVhyphenhyphenAOgiJVhYvh4akr34s72UYxG2RikImtRH7pyVTuQTJnrLECweMvPTowXkDz4v2JEjr6yuHxM8f0JWlQPCtCH7IG/s400/images.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5687881089249103522" /></a><br /><br /><em> “O que não faz uso da disciplina odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga” (Provérbios 13:24)</em><br /><br />O Congresso Nacional acabou de aprovar, depois de anos de intenso debate em suas comissões internas, uma lei federal de autoria da então deputada federal (e hoje ministra dos Direitos Humanos) Maria do Rosário, do PT do Rio Grande do Sul, que proíbe agressões “moderadas ou imoderadas” contra crianças e adolescentes. A nova lei, na verdade, é uma emenda ao texto do Estatuto da Criança e do Adolescente e aos Parâmetros Curriculares Nacionais, que dá as diretrizes da educação brasileira. Evidentemente, louvável o objetivo do projeto, que tenta proteger crianças e adolescentes de maus tratos e agressões físicas que volta e meia aparecem em manchetes de jornais, e quando ocorrem, chocam a nação inteira. Entretanto, os regimes mais ditatoriais do planeta nasceram com as melhores intenções. E creio que esta nova regra legal, sob o pretexto de punir verdadeiros bandidos que agridem crianças, vai acabar punindo justamente aqueles de quem o Brasil mais precisa: os pais que tem coragem de impor limites.<br /><br />As leis são um resultado da cultura, e não o contrário. Percebe-se nos últimos tempos uma tentativa de modificar a cultura na marra, por meio da força da lei, o que, com todo respeito, nunca funcionou. Além disso, mais do que a intenção original de um projeto, o que realmente fica é a mensagem que ele passa. Um projeto deste tipo serve basicamente para contentar ativistas que fazem da proteção da criança uma espécie de meio de vida, além de restringir o poder das famílias na educação dos filhos. No Irã dos aiatolás, existem brigadas de costumes que vigiam se o homem sai ás ruas sem barba e a mulher está usando o véu segundo a tradição. Não está longe o dia em que “brigadas do politicamente-correto” terão poder de entrar nas casas para vigiar se o filho está levando palmada, se o pai está lhe dando biscoitos gordurosos, se está deixando ver propaganda de salgadinho na televisão. <br /><br />Trata-se de mais uma demonstração da idéia de que o Estado tem que se intrometer nos mínimos detalhes das vidas das pessoas, como se elas não fossem capazes de fazer suas próprias escolhas. Leis como esta infantilizam permanentemente o cidadão, que tem de ser tutelado pelo Estado até na hora de educar os filhos. <br /><br />Sim, eu levei palmadas da minha mãe. Segundo ela, apanhei até pouco. Lembro que meu pai bateu em mim uma vez só. Nunca mais precisou. Nem por isso me transformei num marginal. Embora reconheça méritos na intenção moralizante da nova lei, entendo que o Estatuto da Criança e do Adolescente, por louvável que seja, não está acima da Constituição, que confere à família o direito de educar. <br />Deus te abençoe abundantemente.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-50444074043325900512011-12-13T02:36:00.000-08:002011-12-13T02:40:38.850-08:00Pisando em solo sagrado<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwmxaF6qN-DdgD2N69ENX-2WIPUwtfm7vcGJ_X1tCjnxIjBxWCCKEq6Q88ScIHZpmapsw27nCF5o9cOjxicChNVrvUsNe5SV_12xilRYQpoibOJwpMOc5hOqgQlCG2kqVeO0fIAfe-xjb3/s1600/moises-e-a-sarca-ardente1.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 307px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwmxaF6qN-DdgD2N69ENX-2WIPUwtfm7vcGJ_X1tCjnxIjBxWCCKEq6Q88ScIHZpmapsw27nCF5o9cOjxicChNVrvUsNe5SV_12xilRYQpoibOJwpMOc5hOqgQlCG2kqVeO0fIAfe-xjb3/s400/moises-e-a-sarca-ardente1.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5685560953663958578" /></a><br /><em>“Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa” (Ex 3;1).</em><br /><br /> A narrativa bíblica que nos fala da libertação do povo judeu do cativeiro no Egito rumo à Terra Prometida inicia com Deus indo em busca de um fugitivo. Moisés, judeu educado como membro adotivo da família real egípcia, curtia seu exílio involuntário nas terras de Jetro, seu sogro, quando encontrou uma sarça que queimava, mas não se consumia. Antes mesmo de dizer qualquer coisa, a recomendação de Deus foi para que Moisés tirasse as sandálias dos pés, porque o lugar em que ele pisava era santo. Note que Deus nem mesmo disse que tirasse as sandálias em respeito à presença d’Ele, mas sim ao lugar onde estavam, que havia sido santificado porque o Espírito do Senhor ali estava.<br /> Com estas palavras diretas, Deus convida a uma postura de reverência, que é cada dia mais difícil de ser encontrada em nossos dias. Há locais onde deveríamos passar com extremo cuidado. A advertência de Deus é clara: o solo é sagrado. E isto vai muito além de se curvar a cabeça ou se persignar quando passa em frente a uma igreja ou cemitério, por exemplo (os antigos chamavam de “campo santo”). Há muitos outros “locais” sagrados que a humanidade faria bem se tratasse com mais respeito. O espaço vital das pessoas com quem você convive, por exemplo.<br /> O relacionamento entre seres humanos é solo sagrado. No entanto, cada vez menos as pessoas têm consciência deste aspecto, e invadem a vida alheia sem a menor cerimônia. Línguas afiadas espalham injúrias, destroem reputações, não cumprem a palavra empenhada. Não conseguem pisar no terreno das relações humanas com um mínimo de reverência. Entretanto, cada dia mais somos informados de privacidades invadidas, casamentos em crise, vidas expostas na Internet e sabe-se lá mais onde. A discrição anda fora de moda, e todos parecem a necessidade de dizer tudo sobre qualquer assunto a qualquer tempo, mesmo quando não foram consultados. <br /> Somos filhos de um Deus eterno, que criou todas as coisas pela palavra do seu poder. Á semelhança d’Ele, nossas palavras também não são pronunciadas sem conseqüências, que podem se prolongar para além da nossa própria existência. Justamente por isso, deveríamos vez por outra fazer o exercício de retirar as sandálias, sentir o toque do sagrado em nossos passos. Se assim fizéssemos, com certeza o ser humano não andaria tão freqüentemente por terrenos pantanosos e obscuros, que conduzem apenas a labirintos. <br /> Portanto, nestes dias em que nada mais parece ser sagrado, a melhor atitude é andar na contramão. Ao iniciar uma conversa, entre como quem tem mais a aprender do que a ensinar. Ao firmar um compromisso, cumpra. Ao cativar uma amizade, não a abandone. Ao expor uma opinião, seja coerente. Tire as sandálias, porque o lugar onde estás, os relacionamentos que cultivas, tudo isso é algo santo e precioso.<br /> Deus te abençoe abundantemente.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-47095925300245920952011-11-23T05:19:00.000-08:002011-11-23T05:22:32.628-08:00Missão Autêntica x Missão Errônea<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3OqHQV586eLRhK7O-AcCpuGYD9yr6DH7g7oUDeXs8uHutDVsmTNB0e2YP_ihUV7GY2NiQtTwUUAViDrOR0r8-LOnlD50Z38bYGdu0vFXueeBj-bXdGCI4YlP3Jny-2vLEnCSTJUw7SHSs/s1600/escolhas.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 332px; height: 400px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3OqHQV586eLRhK7O-AcCpuGYD9yr6DH7g7oUDeXs8uHutDVsmTNB0e2YP_ihUV7GY2NiQtTwUUAViDrOR0r8-LOnlD50Z38bYGdu0vFXueeBj-bXdGCI4YlP3Jny-2vLEnCSTJUw7SHSs/s400/escolhas.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5678180584760075874" /></a><br /><em>“Porque onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração” (Mateus 6:21)</em><br /><br />Todos nós temos um propósito na vida, e identificá-lo é fundamental para viver uma vida de qualidade. Todo ser humano foi criado por Deus para cumprir um objetivo, uma missão, algo que seja nossa marca distintiva na geração a que pertencemos. Quando não cumprimos a missão para a qual Deus nos criou, acabamos achando outra coisa pro seu lugar, porque o ser humano simplesmente não pode viver sem propósito algum. Quando isso acontece, substituímos nossa missão autêntica, fazendo a vida girar em torno de algum outro objetivo egoísta e sem sentido. O resultado desta opção é sempre autodestrutivo, com a sensação de estar andando em círculos, sem sair do lugar, sem chegar ao alvo que Deus estabeleceu.<br />A Bíblia está cheia de relatos de homens e mulheres que, tendo uma missão especial dada por Deus, sucumbiram á sua Missão Enganosa. Adão e Eva, tendo recebido de Deus a missão de povoar a Terra e viver em intimidade com Deus, optaram pela missão enganosa mais comum: “ser como o próprio Deus”. Sansão, nascido para liderar o seu povo com justiça, sucumbiu diante de uma Missão Enganosa que o levava a buscar prazer e satisfação a qualquer preço, e acabou nas garras de uma mulher que levou embora toda sua força. Judas Iscariotes, tendo sido escolhido como um dos doze assessores diretos de Jesus, sucumbiu à ganância, e encontrou o remorso e o suicídio. Provavelmente você também conheça exemplos de pessoas que, mesmo tendo beleza, inteligência, e uma série de outros dons, acabaram sucumbindo à uma missão enganosa, que resume os objetivos reais da vida: conquistar aplauso, evitar frustrações a qualquer preço, satisfazer o ego em primeiro lugar... A missão enganosa diz respeito àquilo que realmente fazemos, não o que pensamos fazer.<br />No entanto, e felizmente, a Bíblia nos apresenta exemplos de pessoas que superaram sua missão enganosa e abraçaram o que Deus tinha pra suas vidas. Maria, mãe de Jesus, arriscou a reputação e o casamento ao aceitar a gravidez do Espírito Santo para obedecer a Deus. José do Egito evitou a vingança contra os irmãos para manter a unidade da família de onde, milênios mais tarde, viria o Messias. Jesus, mesmo pressionado para influenciar as pessoas sem sacrifícios, cumpriu a missão que Deus lhe dera: a Cruz, onde semeou nossa salvação. <br />Todos nós temos uma missão autêntica dada por Deus, e uma missão enganosa, com a qual nos entretemos. Descobri-la é fundamental para ter uma vida de qualidade. Faça um honesto auto-exame, e quando você sentir o “dedo na ferida”, terá identificado o propósito errôneo contra o qual deve lutar. Podemos viver de ilusões e alegrias momentâneas ou viver a plenitude que Deus tem pra cada um de nós. A escolha é sua.<br />Deus te abençoe abundantemente.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-29084696341299056232011-11-01T09:59:00.000-07:002011-11-01T10:02:28.155-07:00Usando a Chave de Davi<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrgYIjZvxqV3Ei5WLQGf81vfLOOBQxM8sMZj-R56ohpf2QMFf4xsz1bJ1osKBx1he3aE9CA3VEHA0inq9S6nYdgmjGxy7kMhouTRvFVsQyRQ4JY7RspD0EqlekksXl6yXkMG3NNV9s0hX3/s1600/prod_42P.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 100px; height: 157px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrgYIjZvxqV3Ei5WLQGf81vfLOOBQxM8sMZj-R56ohpf2QMFf4xsz1bJ1osKBx1he3aE9CA3VEHA0inq9S6nYdgmjGxy7kMhouTRvFVsQyRQ4JY7RspD0EqlekksXl6yXkMG3NNV9s0hX3/s400/prod_42P.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5670073496653139506" /></a><br /><br /><em>Porei aos seus ombros a chave da casa de David: há-de abrir, sem que ninguém possa fechar; há-de fechar, sem que ninguém possa abrir (Isaías 22;22)</em><br /><br />Nos diversos livros da Bíblia Sagrada, alguns deles escritos com espaços de séculos entre si, podemos encontrar algumas expressões simbólicas recorrentes. A expressão “Chave de Davi”, por exemplo, surge nas proclamações proféticas de Isaías, e também aparece, mais de 700 anos depois, no livro de Apocalise, numa das sete cartas enviadas pelo já velho e exilado apóstolo João às sete igrejas da Ásia Menor (atual Turquia), mais especificamente na carta à igreja de Filadélfia, praticamente repetindo as expressões do profeta hebreu: “Dar-te-ei as chaves de Davi, que fecha e ninguém abrirá, que abre e ninguém fechará” (Ap 3:7).<br />Como toda expressão simbólica, o significado das Chaves de Davi sempre foi controverso ao longo da história. Alguns teólogos católicos afirmavam que esta passagem autorizava a existência do pontificado romano, insinuando que a Chave de Davi seria a insígnia característica do emblema do Vaticano. Porém, os próprios teólogos católicos ressaltam que o símbolo do papa são as chaves de Pedro, o Apóstolo, não de Davi, que a rigor, foi um pastor e um rei, não lidava diretamente com chaves, no sentido estrito.<br />Se a Bíblia garante que a Chave de Davi é algo necessário para abrir portas que ninguém poderá fechar, então devemos entender o que de fato elas representam. O Antigo Testamento nos mostra que, desde sua tenra idade como pastor de ovelhas até o final de sua vida como o maior rei da história de Israel, Davi manteve uma característica: o Louvor a Deus. Com sua harpa, aplacava os demônios interiores de Saul, e como rei, compôs salmos e hinos que constituíam parte fundamental da religião judaica, e até hoje fazem parte da Bíblia cristã. <br />A Chave de Davi, sem dúvida, é o Louvor. E os Filhos de Deus, ao aceitarem servir a Jesus, recebem espiritualmente a posse das Chaves de Davi, ou seja, a capacidade de usar o Louvor como ferramenta capaz de abrir portas fundamentais na nossa vida. Quando, ao invés de reclamar no meio de uma dificuldade, cantamos um louvor de exaltação a Deus, estamos usando a mais poderosa ferramenta que nos foi dada para triunfar sobre as adversidades.<br />As Chaves de Davi pertencem a todo Filho de Deus. Use-as sempre que precisar. No meio da luta, da maior dificuldade, louve a Deus com fervor, e você receberá o poder necessário para vencer gigantes.<br />Deus te abençoe abundantemente.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-84681388965125815972011-09-05T11:43:00.000-07:002011-09-05T11:46:09.137-07:00Não tem Preço<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0Gu4tSC93Q1LtS5J779QxtYWHxsHmUeCV-eM5n5zCzL_Ku1cEQjynYlt6_0wNlI2kff15IcjLxoWIhSyVy4POPCJR1b1BplOTXehEhRfz3KW3V12O0cdzl3IkAM615LtwaqRB4Q-t4dBn/s1600/BICHO.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 350px; height: 262px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0Gu4tSC93Q1LtS5J779QxtYWHxsHmUeCV-eM5n5zCzL_Ku1cEQjynYlt6_0wNlI2kff15IcjLxoWIhSyVy4POPCJR1b1BplOTXehEhRfz3KW3V12O0cdzl3IkAM615LtwaqRB4Q-t4dBn/s400/BICHO.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5648948693477317170" /></a><br /><br /><em>“A Lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma” (Salmo 19:7ª)</em><br /><br />Há uma peça publicitária de uma empresa de cartões de crédito que fez tanto sucesso que se transformou em parte da cultura pop, sendo reproduzida em piadas e outras criativas brincadeiras em redes sociais. Ao apresentar uma situação qualquer (um jogo de futebol, um passeio no parque), o locutor vai falando preços dos itens mostrados, numa escala crescente até descrever a sensação proporcionada pela compra, com os dizeres: “não tem preço”. <br />Todo mundo tem, na sua escala de valores, algo que não tem preço. E muitos buscam naquilo que tem preço, algo que deveria ter apenas valor. Ao longo da vida, buscando um sentido para a existência, muitos buscam a felicidade em certos valores intangíveis: fama, luxo, poder, status. Entretanto, a Bíblia nos revela que o valor fundamental, que dá efetivo equilíbrio à vida humana, é bem mais simples, e em língua portuguesa, atende por um nome de três letrinhas apenas: Paz. <br />Jacó, filho de Isaque, buscava a realização pessoal a qualquer preço. Ludibriou o irmão para conquistar a bênção da primogenitura, e enganou o próprio pai, passando-se pelo irmão para ser abençoado. A sina de “suplantador” (o significado da palavra “Jacó”) o acompanhava, mas todo o resultado de sua grande esperteza foi se tornar um fugitivo no meio do deserto, temendo pela própria vida, sem morada ou paradeiro. Ele só encontrou aquilo que buscava, quando entregou seu coração a Deus. Obedecendo aos propósitos de Deus, reconciliou-se com o irmão, recuperou-se de anos e anos de exploração pelo próprio sogro e casou com a mulher de sua vida. <br />Nossa sociedade atual aplaude o “malandro”, pela esperteza ou sagacidade com que passou a perna nesse ou naquele. Mas são aplausos que desaparecerão no momento da dificuldade, e que não compensam o medo e a ansiedade de quem vive de sortilégios. A pessoa que, ao contrário, vive de acordo com os valores da Palavra de Deus, sempe terá paz em sua alma, por saber que não precisa pensar em grandes expedientes para “se dar bem”. Para quem faz a vontade de Deus, Ele providencia tudo. <br />Pisar no pescoço alheio pra ter fama, status ou poder? Não, obrigado. Viver com paz de espírito e sob a proteção de Deus, não tem preço.<br />Deus te abençoe abundantemente.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-55477086744336493302011-08-30T18:11:00.000-07:002011-08-30T18:18:38.530-07:00Lidando com a Inveja Alheia...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiovE8EQlcEquPOjVMgOp1LqxVoL9J84NMmRkUOPyFRYq1jvl-k0UbfI7zWaS6-UZ1b0M3DgDvidyjnNxlVLfKseyQEYMmvFZuCov3Nu7QwYwHiv570m-dZqY6hvrE6ND5OZYwOeoBIn9Gy/s1600/envidia.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 290px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiovE8EQlcEquPOjVMgOp1LqxVoL9J84NMmRkUOPyFRYq1jvl-k0UbfI7zWaS6-UZ1b0M3DgDvidyjnNxlVLfKseyQEYMmvFZuCov3Nu7QwYwHiv570m-dZqY6hvrE6ND5OZYwOeoBIn9Gy/s400/envidia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5646823296043205394" /></a>
<br /><em>“Amai a vossos inimigos, fazei o bem a quem vos tem ódio; e orai pelos que vos perseguem e caluniam” (Mateus 5:44).</em>
<br />
<br />Ninguém gosta da idéia recorrente de ter inimigos, mas o fato é que sim, é impossível passar pela existência sem que tenhamos adversários, em algum momento de nossa vida. Por mais pacífico que você seja, em algum instante a inveja irá mobilizar irracionalmente o coração de alguém contra você, e quer goste ou não, é preciso estar preparado. O que fazer, por exemplo, quando uma pessoa, sem razão aparente, se lança numa verdadeira perseguição, lançando infâmias para enlamear sua reputação, seja na área pessoal ou profissional? Tendo já alguma experiência em lidar com este assunto, achei por bem compartilhar o pouco que tenho aprendido, do muito que a Palavra de Deus tem a oferecer, a respeito deste tema.
<br /><strong>1 – Não entre no ringue.</strong> Diante da injúria, da calúnia e da perseguição, nossa natureza humana propõe revidar, se possível com agressões e difamações ainda maiores. O que não percebemos, neste processo, é que este tipo de postura nos nivela com nosso agressor, e o que é pior, corresponde exatamente ao que ele queria que fizéssemos. No momento em que revidamos, estamos aceitando a provocação, aceitando o convite pra entrar no ringue. Ficar calado pode evitar grandes precipitações, de que você pode se arrepender mais tarde. “Há tempo de estar calado, e tempo de falar” (Eclesiastes 3:7).
<br /><strong>2 – Não pare de fazer o seu melhor.</strong> Na maioria das vezes, o objetivo da calúnia é fazer você parar aquilo que está fazendo, parar de ser produtivo, para ficar gastando seu tempo em responder as agressões. A Bíblia conta que Sambalate, Tobias e Gesém, preocupados com a velocidade que Neemias reerguia os muros de Jerusalém, ameaçaram espalhar calúnias se não viesse ‘conversar’ com eles. Neemias apenas disse: “estou envolvido em uma grande obra, não posso descer até vocês”. Lembre que você tem mais o que fazer, deixe seu inimigo falando sozinho.
<br /><strong>3 – Não invista tempo em quem não merece.</strong> Jesus foi bastante claro ao declarar que não devemos atirar nossas pérolas aos porcos. Seu tempo é precioso. Muitas vezes você não tem tempo nem de visitar as pessoas que você gosta, um amigo que está no hospital, e vai gastar seu tempo logo com quem te detesta? Não permita que seu inimigo consiga roubar seu tempo.
<br /><strong>4 – Não acumule ódio. Isso é para os fracos.</strong> Jesus disse para amarmos aos nossos inimigos, e orarmos por aqueles que nos perseguem. (Mateus 5:44). Evidente que Jesus não estava falando de ser “meloso” com quem não se importa com você. Trata-se, apenas, de não desejar o mal. Ore sempre pra que o seu inimigo seja feliz e encontre algo melhor pra fazer da própria vida do que pegar no seu pé.
<br /><strong>5 – Se ficar por baixo, não se desespere. </strong>Algumas vezes, uma calúnia ou armadilha forjada por um inimigo seu, realmente tem poder de te prejudicar. Se isso acontecer, lembre que Deus ainda está contigo. Daniel, mesmo sendo justo e mesmo tendo a confiança do Rei, foi prejudicado por uma armadilha de seus inimigos, e foi parar na cova dos leões, mas saiu de lá sem nenhum arranhão. Você pode até ficar em uma cova, esquecido por algum tempo, mas quando sair de lá, será mais honrado que antes.
<br />Certamente há muito mais que poderia ser dito, mas estes conselhos práticos que a Bíblia nos ensina, certamente farão toda a diferença ao lidar com invejosos no futuro.
<br />O Senhor Jesus te abençoe abundantemente.
<br />Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-36191084775878152482011-08-18T11:43:00.000-07:002011-08-18T11:54:48.891-07:00"Sim" e "Não" no mundo do "Talvez"<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgyImDimUqL4Dh0SCNTCR3muS2tPSY4U6EYuN1MVwbyO4tdrq_Zym32XmtC3c39mb1vxYVNhR88NiMTkvl1j93UzfPn4GDXMUaL6AUYu9RxtD1-M_2ZLvqUOqQq2t_XX3uSMqFaV9uyUzb/s1600/hipocrisia.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 259px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgyImDimUqL4Dh0SCNTCR3muS2tPSY4U6EYuN1MVwbyO4tdrq_Zym32XmtC3c39mb1vxYVNhR88NiMTkvl1j93UzfPn4GDXMUaL6AUYu9RxtD1-M_2ZLvqUOqQq2t_XX3uSMqFaV9uyUzb/s400/hipocrisia.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5642270711152143218" /></a>
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<br /><em>“Que a vossa palavra seja sim, sim e não, não”. (Tiago 5:12b)</em>
<br />
<br /> O pensador iluminista Voltaire, no século XVIII já dizia, antecipando os dias atuais, que “o segredo de aborrecer é dizer tudo”. Lendo artigos publicados em uma conhecida rede social, em que pessoas esclarecidas ironizavam a presença crescente de colunas “religiosas” nos jornais e na Internet, fiquei com a nítida impressão de que, realmente, Voltaire tinha razão. E que a Bíblia, séculos antes dele, tinha mais razão ainda. Pode parecer estranho evocar justo Voltaire pra defender um princípio calcado na fé (ele que virou, erroneamente, um ícone do ateísmo contemporâneo sem jamais ter sido ateu), mas calma, chegaremos lá.
<br /> Vivemos dias em que pensar e falar o que se pensa com clareza ainda se tornará crime inafiançável. A predominância do chamado “Politicamente Correto” impôs a todas as relações em sociedade uma espécie de zona cinzenta, onde o certo e o errado, o verdadeiro e o falso, o claro e o escuro, simplesmente não existem. Nenhuma verdade é absoluta, e afirmar com clareza suas convicções soa ofensivo e arrogante.
<br /> O teólogo francês Teillard de Chardin, num tratado filosófico que vale por uma profecia, costumava falar da “sociedade da convergência”, onde todos os antagonismos são diluídos. Faz tempo que, na política, alianças entre ex-inimigos ferozes já não surpreendem mais ninguém. É a dialética de Antonio Gramsci num estado mais que avançado, onde as pessoas são capazes de chegar à síntese antes mesmo de ter uma tese e uma antítese.
<br /> O resultado disso é que a metafísica dominante na sociedade produziu a idéia de que não há verdades a ser defendidas, e que tudo depende do ponto de vista. Num mundo onde o absoluto não existe, tudo é permitido. Menos – obviamente – afirmar suas convicções e sua fé de forma clara, pois no dizer dos nossos dias, isso é coisa de “fanáticos”.
<br /> Entretanto, mesmo em meio a este ambiente turvo onde dizer o que se pensa é inconveniente e desaconselhado, a Bíblia continua nos asseverando a urgência de pensar, agir e falar com clareza. “Sim, sim”, e “não, não”, no que diz respeito à ética, valores e amor ao próximo, não admite a confortável desconversa do “talvez”.
<br /> É possível que uma coluna de opinião que fale de fé, numa sociedade desacostumada destes referenciais, possa parecer inconveniente e desagradável para muitos. A moda é não se comprometer, não defender suas idéias com excessiva clareza. Entretanto, por acreditarmos que a fé cristã é uma verdade que vale a pena ser defendida e vivida, permanecemos na nossa missão de ministro, muito bem definida no dizer do rabino Martin Buber: “confortar os aflitos...e afligir os confortáveis”.
<br /> Acreditamos nisso.
<br />Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-47214351758889696682011-07-27T13:46:00.000-07:002011-07-27T13:48:44.173-07:00Descanse em paz, John<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrFe7XYDgW8FujtFID5v04k6yPPpMb2IQ_1F-Ai3WGVnrHYwa130sU85JY2Aidm-VmDlaoAUEHmYfZnwWOahOXJSdSJ4BI4F0ESEcFdkgAFkV2LnHhxJx4zotfXYwPpEnAvPpne7J4Ahyr/s1600/john+stott.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 250px; height: 255px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrFe7XYDgW8FujtFID5v04k6yPPpMb2IQ_1F-Ai3WGVnrHYwa130sU85JY2Aidm-VmDlaoAUEHmYfZnwWOahOXJSdSJ4BI4F0ESEcFdkgAFkV2LnHhxJx4zotfXYwPpEnAvPpne7J4Ahyr/s400/john+stott.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5634136636769382290" /></a><br /><br /><em>“Sou cristão não porque a fé cristã é atrativa, mas porque é verdadeira” (John Stott).</em><br /><br />Lembro ainda de quando fui apresentado pela primeira vez a um texto de John Sttott. Em meu primeiro ano como professor do Instituto Teológico Quadrangular, recebi a determinação de fazer a resenha de um livro, pra anexar ao nosso prontuário. Todos os professores que ingressam no Instituto tinham que produzir uma resenha crítica da mesma obra. O livro em questão era o famoso “Crer é Também Pensar”, de John Stott, e o impacto foi imediato. Enfim, havia encontrado um autor cristão que fazia uma defesa clara e competente da importância do pensamento crítico para a genuína fé. Fui buscando conhecer mais e mais de suas obras, e sem grande esforço, fui reconhecendo neste teólogo britânico o meu autor favorito.<br />John Stott partiu para junto do Senhor nesta quarta-feira, 27 de julho, aos 90 anos, exatos quatro anos depois de anunciar sua aposentadoria em julho de 2007. Autor de uma extensa obra teológica e devocional, com mais de 50 livros, Stott se caracterizava pela defesa intransigente da racionalidade do Evangelho. Fiel às suas raízes reformadas, é considerado por muitos estudiosos cristãos da atualidade como o teólogo mais influente do século XX, opinião da qual discordo. Podemos até dizer, com alguma justiça, que ele foi um dos mais “conhecidos” teólogos do século, mas se realmente sua influência tivesse sido na mesma proporção, a Igreja Evangélica não estaria tendo tantos descaminhos.<br />Stott marcou, sem dúvida, a formação de uma geração inteira de pastores que buscaram se comprometer exclusivamente com o Evangelho da Cruz. Mas, tristemente, a clareza de seu pensamento tem sido abandonada em favor de um “outro evangelho”, como diria o apóstolo Paulo, onde prospera um emocionalismo escravizante e uma concepção meramente utilitária da fé. Pregadores influentes repetem em programas de televisão que “a Bíblia só funciona onde a pessoa acredita”. Stott, ao contrário, dizia que a fé no Filho de Deus não podia ser reduzida a uma mera “funcionalidade”, como um objeto qualquer. Deus deve ser amado porque é Deus, não porque “funciona”. <br />Chutou pra longe o autoritarismo clerical ao dizer que os pastores estão sob Cristo para servir, e não “sobre” os crentes para comandar. Chocou os propagadores de uma fé puramente emotiva ao dizer que “o amor é mais um serviço do que um sentimento”, e teve a coragem de afirmar que Deus amava os que buscavam a sabedoria, numa época em que o desprezo ao conhecimento e a apologia da ignorância vicejam como pragas na seara. E pra escandalizar ainda mais a mentalidade autoritária de certo pseudo-cristianismo, viveu tudo aquilo que pregou, investindo na formação de líderes cristãos de todo o mundo, especialmente dos países pobres, através do Fundo Langham Partnership International. <br />Que a alma de John Stott descanse em paz, mas não o seu pensamento. Que ele permaneça vivo nas páginas de seus livros, inquietando pastores e crentes, e incendiando altares em todo o mundo. <br />Amém.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-86978034214136172932011-07-27T07:46:00.000-07:002011-07-27T07:57:18.711-07:00O "Professor" de Jesus<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhroK9R1MfkK6jyhI3IohRRnB-8ZXQXjNqPOaoiuxdhG8vqxPez-mkGJLU8I9LiHv2uGn4qOWBQpJ3bH3q4x51zUGKbiNszbV9MIzd7X7ZXK7szxgnLd1SfedFZ9OMlKaIg5mezFFqWAWhG/s1600/salome.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 400px; height: 340px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhroK9R1MfkK6jyhI3IohRRnB-8ZXQXjNqPOaoiuxdhG8vqxPez-mkGJLU8I9LiHv2uGn4qOWBQpJ3bH3q4x51zUGKbiNszbV9MIzd7X7ZXK7szxgnLd1SfedFZ9OMlKaIg5mezFFqWAWhG/s400/salome.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5634045844542487138" /></a><br /><em>Pintura "Salomé com a cabeça de João Batista", Caravaggio, 1607 - National Gallery, Londres</em><br /><br /><strong><em>“Entre os nascidos de mulher, não há maior profeta que João Batista” (Lucas 7:28);</em></strong><br /><br />Uma das passagens dos Evangelhos que mais me emociona é o trecho de Mateus 11, em que discípulos enviados por João Batista questionam Jesus sobre se realmente ele era o Messias prometido ou se deveriam esperar algum outro. Após respondê-los que “os cegos vêem, os coxos andam, os paralíticos são levantados e aos pobres é anunciado o Evangelho”, Jesus inicia um discurso profundamente elogioso, emocionado mesmo, sobre João Batista. Para quem lê a Bíblia com os olhos de um cristão, trata-se de um fato nada desprezível ser digno de menção pelo próprio Filho de Deus. <br />A narrativa dos Evangelhos é bastante elíptica, com frases curtas, bem ao estilo da antiga literatura judaica, e por isso muita gente que lê os textos apressadamente pensa que João Batista apenas batizou Jesus, e pronto. No entanto, Joao Batista foi, por muitos anos, um importante profeta, que apesar de vestir-se mal e ter hábitos estranhos, levava multidões ao deserto para ouvi-lo, gente que percebia a bênção de Deus sobre sua vida. Uma dessas pessoas foi o próprio Cristo, de quem o profeta tornou-se uma espécie de mentor, de professor, alguém que lhe “preparou o caminho”. O próprio Jesus deixa isso bastante claro quando os fariseus lhe perguntam de quem ele havia recebido autoridade para pregar, e Jesus declara que foi através do Batismo de João Batista. <br />Depois de batizar Jesus, João Batista continuou arrebanhando discípulos e pregando o arrependimento. Muitos deles apenas tinham ouvido falar de Jesus, e tinham muitas dúvidas. João Batista sabia que, para estes, não bastava apenas argumentar. Por isso João mandou que fossem até Jesus, para que vissem com seus próprios olhos.<br />Mais do que crer em Deus, o que precisamos verdadeiramente é ter um encontro pessoal, uma experiência com Ele. Muitos que afirmam crer em Deus crêem apenas por uma convenção social, mas não têm, de fato, uma experiência pessoal com Ele. João Batista compreende esta necessidade, e num gesto de grandeza de quem não tem receios autoritários quanto a seus discípulos, manda-os até Jesus, que não precisou defender com palavras sua condição de Messias: os milagres, os frutos, falavam por si mesmo. Joao Batista estava preso porque tinha desafiado o rei ao denunciar seu pecado de adultério. Mesmo assim, Jesus exaltou a grandeza de João Batista, o precursor de seu ministério. Fala com carinho sobre o primo e preceptor, com a grandeza de quem não veio para desconstruir o passado, mas para ajustá-lo à perspectiva do presente. Fez isso de maneira absolutamente coerente com o que disse no Sermão do Monte: “Não vim para revogar a lei, mas para cumprir”. <br />Por isso, sempre desconfio de todo tipo de “movimento salvacionista” que surge criticando tudo o que existiu antes e se apresentando, sem modéstia, como “os únicos portadores da verdade”. Este tipo de comportamento deve ser sempre vigiado de perto, seja no campo da fé, da política, das ciências... qualquer um que chega com aquele discurso de “nunca antes na história deste país...” Cuidado. Se for na igreja, é heresia. Se for nas artes ou nas ciências, é embuste; e se for na política, é autoritarismo puro mesmo. Jesus, como provam estas passagens do Novo Testamento, não desconheceu os que deram do seu suor antes dele. Quem somos nós, portanto, pra agir desta forma?Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-78852487204203278272011-06-14T08:00:00.000-07:002011-06-14T08:04:51.489-07:00A triste "viagem" de FHC<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsxkL9fDJhHc2zHP12zF1LH2F9R3dRQwo1Sa2np6s92smDJhsv8HjNmMSbKcRhQ4tv0n1xPT7g8jMTN_Z0UbMycv4HFGTbqgQCMb6DwaDtrjAQhFSmzYNurNPafLHG0tChoZYFOxvLYEVx/s1600/FHC.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 340px; height: 358px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsxkL9fDJhHc2zHP12zF1LH2F9R3dRQwo1Sa2np6s92smDJhsv8HjNmMSbKcRhQ4tv0n1xPT7g8jMTN_Z0UbMycv4HFGTbqgQCMb6DwaDtrjAQhFSmzYNurNPafLHG0tChoZYFOxvLYEVx/s400/FHC.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5618091430886387730" /></a><br /><br />Nesta semana, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso completou 80 anos. O homem que se notabilizou nas ciências como um estudioso das desigualdades sociais e que – irrefutavelmente – contribuiu para o início de um ciclo virtuoso de emancipação econômica dos pobres do Brasil, retornou meses atrás ao debate público nacional, como principal líder de uma campanha, no mínimo, estranha: a descriminação do uso de todas as drogas, especialmente a maconha.<br />Junto com muitos brasileiros, considero Fernando Henrique o estadista mais importante de nossa história recente. Quanto mais recuamos no tempo, mais ficam claros os terríveis desafios que sua equipe teve de enfrentar para implantar o Plano Real, o Bolsa Escola, a estabilização da economia e da democracia, enfrentando uma oposição implacável e freqüentemente injusta com seu legado.<br />Entretanto, o fato de admirar seus feitos não me obriga a registrar, com decepção, os descaminhos dessa sua nova empreitada. Como pastor, acompanho o tema das drogas há algum tempo, e os males que sua disseminação produz na sociedade, o que me obrigou a buscar formação na área, através de um curso de Capacitação no Combate ao Uso Abusivo de Drogas, da Secretaria Nacional Antidrogas do Ministério da Justiça (criada, por sinal, no governo de FHC). Na formula que o ex-presidente defende, o uso de todas as drogas não seria mais criminalizado, mas o tráfico continuaria sendo proibido. Surpreende que o líder de um governo que revolucionou a economia não consiga perceber que esta seria a melhor alternativa para os traficantes, e isso graças a um conceito elementar da economia: a lei da Oferta e da Procura. Com o consumo liberado, aumentaria a demanda, mas a oferta continuaria reprimida, o que aumentaria o preço – e em conseqüência, os lucros – do crime organizado.<br />FH agora se tornou o herói dos militantes da legalização da maconha, que defendem o livre comércio da droga sob a alegação de que seria “menos nociva” do que certas drogas legais, como o álcool e o tabaco. Este argumento vai na contramão do que vem sendo feito pelas autoridades de saúde no Brasil – inclusive o então ministro da Saúde de seu próprio governo, José Serra – que conceberam ferramentas pra coibir o consumo de drogas legais. Ao invés de apoiar ações como a Lei Seca nas estradas e a proibição do cigarro em locais de uso público, o ex-presidente quer mais liberdade para viciados, onerando nosso já combalido Sistema Único de Saúde. Além disso, chamar a maconha de “leve”, justo uma droga capaz de provocar perda de memória, depressão, hiperemia conjuntival, taquicardia, alucinações e câncer, é no mínimo desonestidade intelectual.<br />Ao defender a descriminação das drogas, FHC faz graça para os intelectuais de esquerda - uma platéia que sempre o rejeitou, numa tentativa desesperada de lhes conseguir o aplauso. Pode ser até que consiga, mas será à custa de centenas de famílias destruídas e desagregadas por toda sorte de vícios, e que acreditam no caráter pedagógico da punição criminal para seu uso. Essa nova “viagem” do ex-presidente macula seus 80 anos para garantir a “curtição” de uma turma que prefere mudar a lei a se adequar a ela. Lamentável.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6291596880653163856.post-38791788687402541972011-05-21T17:30:00.000-07:002011-05-21T17:35:44.967-07:00Liberdade de crença: Um passo atrás?<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRuGMfzQ4Gl5ZPi-0CIAUZLI_qalfN8C1GURQOHMoivBmK0LtwL4tiBVP3_9EJbHlzQifkf7Sy0EpM8cbejUH4uE6icSaaBJU2vGOgHCbVNqAbItFvuGikNBHY_kowC0dK7xG-qylETBsE/s1600/brasil.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 250px; height: 188px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiRuGMfzQ4Gl5ZPi-0CIAUZLI_qalfN8C1GURQOHMoivBmK0LtwL4tiBVP3_9EJbHlzQifkf7Sy0EpM8cbejUH4uE6icSaaBJU2vGOgHCbVNqAbItFvuGikNBHY_kowC0dK7xG-qylETBsE/s400/brasil.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5609332625567505186" /></a><br /><br /><em>Pois por que há de a minha liberdade ser julgada pela consciência de outrem? (1ª Co 10:29b)</em><br /><br />Como qualquer nação do mundo, o Brasil também gosta de, vez por outra, ressaltar perante a comunidade internacional alguns dos traços culturais que o tornam diferente do resto do mundo. Mais do que simples país do futebol, o Brasil sempre prezou ser reconhecido como uma pátria multiétnica e de absoluta liberdade religiosa. O país que na visita do papa João Paulo II em 1981 era considerado o maior país católico do mundo, é hoje também o segundo maior país protestante, o maior país pentecostal e também o maior país do espiritismo, tudo isso sem ter perdido a liderança no rebanho católico-romano. Além disso, é a pátria onde judeus e muçulmanos são vizinhos em zonas comerciais, construindo um ambiente de tolerância e absoluta liberdade religiosa. Várias vezes os presidentes da Nação referiram-se, quando em solo estrangeiro, sobre a liberdade de credo como uma das marcas mais distintivas da identidade nacional. <br />Mas nem sempre a liberdade religiosa foi absoluta no Brasil. A religião oficial do Império era exclusivamente a católico-romana, e o brasileiro não-católico era um cidadão de segunda classe, que não poderia ocupar cargos públicos, por exemplo. A existência de outros credos era oficialmente tolerada, desde que praticassem sua fé exclusivamente dentro de seus locais de culto, que não poderiam ter nem mesmo a aparência exterior de templo. É por esta razão que a maioria das igrejas evangélicas brasileiras, até o dia de hoje, não possui torres, sinos ou outros traços arquitetônicos semelhantes. O cristão evangélico tinha a manifestação de sua fé restrita exclusivamente ao templo, porque para a Coroa, a fé evangélica era um credo estrangeiro que atentava contra a identidade nacional. Mais tarde, no período republicano, mesmo com a separação oficial entre Igreja e Estado, a ameaça hegemonista sempre rondou de perto os evangélicos, roçando as franjas do autoritarismo. Foram inúmeras as igrejas protestantes destruídas por ordem de sacerdotes e freis no Nordeste, do que dá testemunho a literatura de cordel. <br />Hoje, em pleno século XXI, um novo perigo ronda a liberdade de crença num país que ama ostentar ao mundo sua tolerância religiosa. Na busca legítima por punições contra atos de violência de que são vítimas, grupos de homossexuais erram o alvo, e ao invés de propor uma legislação mais dura contra a ação de bandos que os agridem nas ruas de São Paulo e Rio – como skinheads e outras facções de corte ideológico fascista – voltam suas baterias contra as igrejas cristãs em geral, e as evangélicas em particular. Sob o cândido apelido de “Lei da Homofobia”, o Projeto de Lei 122/2006 propõe, entre outras coisas, punir com x anos de cadeia quem praticar “violência filosófica” contra um homossexual. Na prática, a simples citação do trecho bíblico de Romanos que define a prática homossexual como pecado deixaria de poder ser mencionada, transformando parte da Bíblia Sagrada, que para os cristãos é a Palavra Viva, em “letra morta”.<br />Diante da forte reação negativa das igrejas e da sociedade civil, a senadora Marta Suplicy, responsável pelo desarquivamento da lei no Congresso Nacional, propôs uma manhosa alteração, isentando de punição as manifestações feitas em locais de culto, restringindo a liberdade constitucional de crença e consciência a um único espaço físico. <br />Em que pese as boas intenções de quem imaginou, através desta proposta, defender os direitos de uma parcela da população, não há como mitigar o seu viés autoritário e anticonstitucional. Sob o pretexto de promover os direitos de um grupo da sociedade, avança-se sobre as garantias constitucionais de toda a população. Sim, pois se hoje se defende restringir a liberdade de crença de alguns por “bons” motivos, nada impede que isso ocorra de novo, no futuro, por qualquer outra razão. <br />Se no passado, a desculpa para circunscrever a liberdade dos evangélicos aos limites das quatro paredes dos templos era o nacionalismo, hoje é o humanismo politicamente correto que busca transformá-los novamente em cidadãos de segunda classe, sem direito pleno à expressão de suas convicções, por mais anacrônicas que pareçam a alguns. É triste que valores com mais de dois mil anos de história estejam hoje na alça de mira de um pensamento que, a pretexto de pregar a tolerância, pode fazer o Brasil retroceder numa de suas características mais marcantes: a defesa absoluta da liberdade de crença como um patrimônio dos direitos humanos.Pr. Cláudio Moreirahttp://www.blogger.com/profile/12095559183612154553noreply@blogger.com5