sexta-feira, 23 de abril de 2010

Relacionamento entre Irmãos...



...e na angústia nasce o irmão” (Provérbios 17:17b).

O primeiro crime da história da humanidade, segundo nos informa a Bíblia, foi um assassinato. Mais do que um assassinato, foi um fratricídio. Conforme nos relata o livro do Gênesis, Caim matou Abel por ciúmes, em virtude de seu sacrifício ter sido aceito por Deus, enquanto o dele foi rejeitado. Esta narrativa não deixa de ter seu lado paradoxal, se observarmos a forma como Jesus, ao longo dos quatro Evangelhos, insiste que o relacionamento entre cristãos deve ser pautado pelo amor que existe entre irmãos. Por que Jesus faz esta analogia, se ele próprio, nas leituras que certamente fez da Torah, conhecia muito bem a história de Abel e Caim?
O relacionamento com os irmãos de sangue é vital para a compreensão da saúde emocional do ser humano, dizem os estudos mais recentes da psicanálise. Para a criança, o irmão normalmente é o primeiro amigo, o primeiro rival, o primeiro competidor. E as competições iniciam, invariavelmente, pela atenção dos pais. A Bíblia está cheia de exemplos de homens e mulheres notáveis que, como pais, não conseguiram administrar o convívio entre seus filhos, e ás vezes atrapalhavam tudo, manifestando claramente a preferência por um ou outro. Abraão amou seu filho Isaque, pai do povo judeu, mas expulsou para o deserto seu filho Ismael, pai do povo árabe (As conseqüências são conhecidas até hoje). Isaque amava mais ao filho mais velho Esaú do que a Jacó, mas graças à intervenção da mãe, foi o filho mais novo que recebeu a bênção de herdeiro. Jacó, por sua vez, amava mais ao filho José que aos seus outros dez filhos, o que rendeu ao filho favorito uma emboscada que lhe custou anos de sofrimento no Egito.
Muitas famílias são marcadas por conflitos de irmãos que não se falam. Ou porque um deles se sentia preterido pelos pais, ou até por razões de herança, reforçando um modelo de competição que gera famílias doentias. O modelo de Jesus, entretanto, passa longe disso. Certa feita, quando Jesus pregava, um sujeito interrompeu sua fala para pedir: “Mestre, diga a meu irmão que reparta comigo sua herança”, ao que Jesus respondeu: “Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?” (Lucas 12:14). Jesus simplesmente se recusa a arbitrar uma briga gerada por mesquinhez e ganância. O modelo familiar de Jesus é o da cooperação, não a competição. É por isso que o Novo Testamento adverte: Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu irmão, até agora está em trevas. Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo (1ª João 2:9-10).
O Senhor Jesus, sendo Filho de Deus, ao fazer conosco uma aliança espiritual de sangue, torna-nos filhos espirituais de Deus, fazendo-nos irmãos d’Ele. Ou seja, aquele que nos concedeu o maior presente jamais visto, a Salvação Eterna, o fez por amor fraternal.
Éramos quatro irmãos em casa, fora um que faleceu antes de eu nascer. Brigas e diferenças de opiniões, sempre tivemos, e acho que sempre teremos. Mas lembro com carinho das vezes em que meu irmão mais velho me defendia de apanhar na escola, e olha que pra fazer isso ele saía da escola onde ele estudava praticamente correndo. Os outros irmãos mais novos, com seu jeito espontâneo e alegre, me ensinaram a ser mais humano e compreensivo. E mais otimista, também.
Acho que família é isto. E é isto que Deus requer de nós...que nos amemos como irmãos, que embora ás vezes possam até discutir, continuem ligados sempre um ao outro.
Deus te abençoe abundantemente.

3 comentários:

  1. Pr Claudio Moreira, faço parte da Revista Zion (www.revistazion.wordpress.com) e gostei muito de seu texto. Gostaria de entrevistá-lo rapidamente sobre o tema por email, para colocarmos na matéria que estamos produzindo sobre irmãos. O senhor aceita?
    Att,Luciana Almeida - Revista Zion

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  2. Eu e meu irmão quando crianças brigávamos e brincávamos muito. Porém, um dia por volta dos meus 10 anos de idade briguei com meu irmão por causa de um dois sacos de biscoitos que ele havia comido, sendo que um seria meu e outro dele. Achei aquilo extremamente ofensivo, pois nos meus valores de vida ja naquela época na achava isso justo. Mas para piorar brigamos de socos e tapas, e depois disso nunca mais nos falamos direito novamente. Hoje tenho 36 anos e ele 38 nos vemos uma vez por ano no natal quando minha mãe faz algo. Procuramos nos falar de forma educada e adulta nesse dia, mas a relação é fria, sem proximidade, parece que perdemos o laço.
    Com esse exemplo, veio outra guerra,agora com minha irmã. Um dia discutindo com ela eu dei um tapa nela e depois disso nunca mais nos falamos. Isso já tem uns dez anos. Já tentei pedir desculpas algumas vezes mas ela nunca esqueceu isso. Enfim. Hoje fico triste de não ter conhecido meus próprios irmãos, saber quem foram, o que viveram, o que fizeram, quais foram seus momentos, para onde foram etc. E acho que continuará assim o resto da vida. Tenho medo do meu futuro, pois não tenho filhos e nem irmãos agora. Gostaria muito de poder voltar no tempo e concertar as minhas parcelas de culpa nessa história toda. Mas acho que é tarde demais. abs a todos

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    1. De maneira nenhuma isso é conversa de satanás, o perdão é totalmente possível. Ore ao Senhor entregue seus irmãos e sua angustia ao Senhor e primeiro deixe ele te tratar, porque suas atitudes foram descontroladas e você está sofrendo as consequências dos atos, mas Deus é misericordioso e pode restaurar o relacionamento de vocês. Com certeza ele sabe de seu coração. Peça perdão. Deus fará grandes coisas. A cura é certa.

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