terça-feira, 11 de maio de 2010
O Uso do Poder
“O maior dentre vós será vosso servo” – Mateus 23:11
Não entendo nada de futebol. Costumo dizer apenas que sou torcedor do Grêmio porque, na tradição combativa da nossa cultura, gaúcho que é gaúcho tem que ter posicionamento definido em todas as questões, inclusive no esporte. Mas mesmo minha ignorância oceânica sobre o assunto não me impediu de ver que, nesta terça-feira (11 de maio de 2010), o país parou diante da TV para ver o técnico Dunga anunciar a escalação oficial, os convocados para a Seleção Brasileira que vai disputar a Copa do Mundo na África do Sul. Se fosse um presidente eleito anunciando seu novo ministério, com certeza não despertaria tanto interesse. Talvez por isso mesmo o Brasil tenha tantos craques de bola e tantos políticos lamentáveis, mas isso é assunto pra outro texto.
O que pude observar, aqui ou ali, nas inevitáveis críticas à lista de atletas convocados, é que Dunga preferiu atletas de talento mais modesto, porém mais pacatos e cordatos, a outros nomes que deram ‘show’ na Copa do Brasil, mas de temperamento mais indócil. Meu irmão mais velho, que foi repórter esportivo muitos anos de sua carreira, escreveu algo interessante: “Comandante inseguro prefere comandados bonzinhos que digam amém a tudo. Dunga só levou os escoteiros e deixou de fora os problemáticos”.
Longe de mim deixar de mencionar que a disciplina dos convocados lhes valeu a convocação, mas a questão aqui é outra. O bom uso do poder e da liderança é um tema que transcende o futebol. Na política, na escola, no mundo do trabalho, e especialmente na igreja, não é difícil nos depararmos com pessoas que tem dificuldade em trabalhar com quem tenha coragem de pensar autonomamente. Muitos líderes preferem a comodidade de trabalhar com quem não externa opiniões divergentes – ainda que pense – do que o desafio enriquecedor de conviver com diferentes perspectivas do ‘ser’ humano.
Um pastor que conheci, confessou certa vez, num raro momento de sinceridade, que a maior dificuldade que encontrou na nova igreja que foi pastorear era justamente lidar com pessoas que tinham sido discipuladas por outros líderes antes dele. ‘Nos locais que eu trabalhei antes, todos tinham sido formados ao meu modo, e era mais fácil’. Creio que na época ele não compreendeu a rica oportunidade que Deus estava lhe dando, de exercer o poder como um serviço, não como um mecanismo de controle como fazem os inseguros, que sempre se tornam autoritários. Ao menor sinal de objeção de qualquer que seja, partem para o surrado ‘quem manda aqui sou eu’ ou mesmo retiram o incômodo personagem de suas funções, acusando-o de estar ‘fora da visão’.
Jesus nos dá um poderoso ensinamento a respeito disto. No capítulo 20 de Mateus, surge uma controvérsia entre os apóstolos sobre quem deles era maior, e Jesus intervém dizendo que, na fé cristã, aquele que quiser liderar deve servir a todos. Mais tarde, ele próprio daria este exemplo sem dizer uma palavra, lavando os pés dos discípulos. Ora, Jesus não fez aquilo porque tivesse baixa auto-estima. Pelo contrário, era seguro de sua posição a tal ponto que fez a opção por servir.
Jesus não excluiu Pedro do grupo de apóstolos por seu temperamento agressivo, nem mesmo Judas por sua capacidade de dissimulação. Ter trabalhando com tamanha competência com pessoas tão diferentes é uma das razoes pelas quais ele é o maior Líder de todos os tempos. E a boa notícia, é que ele tem lugar para você no seu time.
Que Deus te abençoe abundantemente.
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