sexta-feira, 2 de julho de 2010
E depois da derrota?
Estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo; ando de luto; o espanto se apoderou de mim. Porventura não há bálsamo em Gileade? Ou não há lá médico? Por que, pois, não se realizou a cura da filha do meu povo? (Jeremias 8:21)
Assisti, como todo brasileiro que conheço, na tarde de ontem, o jogo entre Brasil e Holanda, que acabou culminando com a eliminação da Seleção Brasileira da Copa da África do Sul. Por se tratar de um campeonato de futebol, esporte que galvaniza como nenhum outro os anseios de patriotismo brasileiro, um sentimento de consternação permeou todo o país. Embora a derrota pudesse ser previsível para alguns, muitos mantiveram a esperança até o fim, e nenhuma experiência humana é mais traumática do que a esperança frustrada.
Ao longo desta Copa, muitos irmãos evangélicos diziam que um time com tantos cristãos (Lúcio e Kaká em campo, Jorginho e Taffarel na comissão técnica, por exemplo) não poderia perder de jeito nenhum. Não os culpo, já que foram ensinados (melhor seria dizer ‘adestrados’) em um pastiche de evangelho mal lido e triunfalista, que ensina que verdadeiros cristãos jamais sofrem derrotas. Provavelmente, alguns cristãos que pensavam assim estão bastante confusos agora.
Havia pessoas assim em Israel, durante o reinado do rei Ezequias. Profetas que aconselharam o rei a desafiar para uma guerra o poderoso Nabucodonosor, rei da Babilônia, alguém que tinha um exército maior, melhor treinado e com maiores recursos. Mas os conselheiros do rei de Israel não pareciam prestar muita atenção nisso, e apelavam para frases de efeito do tipo “somos o povo de Deus, somos os tais, já vencemos esta guerra”.
Havia um único profeta estraga-prazeres que alertava para a derrota iminente. Por insinuar que o povo de Deus poderia ser derrotado, Jeremias foi preso, amordaçado, jogado dentro de um poço, e outras gentilezas. No entanto, como ele previra, a derrota aconteceu, e o profeta sofreu muito pelo povo que não o escutou. O Livro de Lamentações, escrito por Jeremias, é um poema triste sobre a desolação de Jerusalém.
Entender por quê Deus permitiu que Israel fosse derrotado é quase tão difícil quanto entender porque razão concedeu a Jeremias uma missão tão difícil, de avisar sobre a derrota a um povo que não estaria disposto a ouvir. A derrota, após a qual se seguiu um cativeiro de 70 anos na Babilônia, foi uma das experiências mais duras da história do povo judeu, mas depois que eles passaram por esta terrível experiência, foram definitivamente curados da idolatria, que antes volta e meia fazia os filhos de Israel se desviar do Deus verdadeiro. Somente após a derrota que eles aprenderam a não se fiar em seus méritos e confiar somente em Deus.
Ninguém gosta de quem avisa sobre derrotas, mas infelizmente elas são parte da vida. Mesmo o cristão mais devoto não está isento delas, e até mesmo o plano mais arrojado, feito pelo planejador mais metódico e persistente, pode falhar um dia. Vencedores não são aqueles que ganham sempre. Pelo contrário, em certos casos a vitória permanente produz os maus ganhadores, soberbos e presunçosos. Verdadeiros vencedores são aqueles que já conheceram derrotas, mas que sabem se levantar depois de cair.
Deus te abençoe abundantemente.
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Boa tarde, Pr. Cláudio. Fiquei numa dúvida danada se deveria comentar no seu blog, mas depois achei q seria muito preconceito não comentar,por ser um blog evangélico. Veja bem, não tenho nada contra, fui criada em igrejas evangélicas, mas me deparei com pessoas e circunstâncias q me fizeram acreditar q religião é algo podre. Hj acredito no meu Deus, leio a palavra e me basta. Todas as vezes q caí ou tropecei, foi Deus e sua força que me fizeram levantar. Como diz a bíblia...maldito o homem que confia no homem! Mas, gostei muito do seu blog, desculpa o desabafo. Parabéns.
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