quinta-feira, 8 de março de 2012
Deixem Deus em paz!
“... O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de culto” (2ª Tessalonicenses, 2;4)
Em 1924, o brilhante ensaísta e filósofo britânico Gilbert Keith Chesterton, anglicano convertido ao catolicismo, escreveu pesada crítica a uma peça teatral de George Bernard Shaw, que na época recebia aplausos entusiasmados da elite intelectual inglesa simplesmente por atacar – com sagaz inteligência – a fé cristã. No texto que escreveu, Chesterton faz uma afirmação que merece ser transcrita integralmente: “A perseguição da ciência pela religião é algo de que se fala muito, e muito mais do que é historicamente correto. De qualquer modo, é algo que felizmente já passou. A perseguição contra a religião, entretanto, pode ter apenas começado, e já está em ação em muitos casos de pedantismo e crueldade”.
Imagino como Chesterton reagiria se estivesse hoje entre nós para opinar a respeito da recente decisão do Pleno do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que determinou a retirada dos crucifixos de todos os tribunais gaúchos, atendendo a um pleito da Associação Brasileira de Lésbicas. Se a perseguição da ciência contra a religião era ainda uma realidade incipiente em seus dias, hoje a militância anticristã ergue as armas do laicismo na cultura, na mídia e também na justiça.
A alegação bizarra de que o crucifixo, como símbolo do catolicismo, nada tem de fazer em um tribunal por ser o braço jurídico de um Estado laico, é de saída falsa. Primeiramente, porque o crucifixo não é um símbolo apenas católico, mas é utilizado também por protestantes históricos, como os anglicanos. A cruz vazia – sem o Senhor morto – é ainda mais difundida, usada por evangélicos clássicos, pentecostais e outros. Se na Igreja, a cruz é o símbolo máximo de uma religião, numa repartição pública ela apenas encarna um conjunto de valores que fazem parte da identidade do povo brasileiro, quer as minorias raivosas gostem ou não. A presença da cruz em um tribunal, num plenário legislativo ou no gabinete de um prefeito, em nada ameaça a isenção das decisões ali tomadas. Expurgá-las de lá, do ponto de vista prático, é apenas uma manifestação do mais rombudo obscurantismo, acolhendo a ira de certos grupos contra os valores da maioria da sociedade.
Outra pérola do gênero é uma recente ação de um procurador do Ministério Público Federal em São Paulo, que ajuizou o Banco Central por imprimir nas cédulas de Real a expressão “Deus seja louvado”. Se isso prosperasse, Deus acabaria sendo menos eterno na realidade brasileira do que Sarney, o presidente que começou a colocar esta frase nas notas do Cruzado. A se seguir nesta toada, a maioria das cidades brasileiras, batizadas com nomes de santos, terá que trocá-los por outros. Em nome de que interesses?
Sim, o Estado brasileiro é laico, e isso significa apenas que tem de servir com igualdade a todos os cidadãos, independente de seu credo religioso. Ser laico não significa ser anti-religioso. Por isso, peço aos laicistas de plantão: deixem Deus em paz, e parem de tentar expulsar da esfera pública os valores ligados à fé. Se alguém é mesmo capaz de ficar ofendido diante de uma cruz, será que o problema com a cruz ou com quem a vê?
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Não imaginamos as consequências da retirada dos crucifixos - considerando a sociedade como um todo. Entretanto,essa agudização da secularização já era aguardada visto que a sociedade brasileira igualmente sofre os efeitos da pós-modernidade. O mundo em que vivemos é "glocal" e o bater das asas de uma borboleta em Saigon pode implicar em tsunamis em Nova York. A fúria de uma segmento da sociedade pode ser esses bater de asas. Ou não.
ResponderExcluirPaz, Pr. Claudio Moreira.
ResponderExcluirDiscordo do irmão, por acreditar que nos lugares públicos não deve haver nenhum símbolo religioso, pois eles representam a meia verdade que creio ser mais perniciosa do que a mentira, pelo seu maior poder de engano; mesmo que isso possa parecer benéfico para aqueles que não conhecem a Verdade.
Existe um grupo que quer agradar a maioria por motivos óbvios, e esses, são os políticos de plantão que tem compromisso com suas campanhas eleitorais e não com as verdades bíblicas (NT), mesmo se dizendo evangélico, o que também é lamentável!
Em Cristo,
***Lucy***