terça-feira, 30 de agosto de 2011

Lidando com a Inveja Alheia...


“Amai a vossos inimigos, fazei o bem a quem vos tem ódio; e orai pelos que vos perseguem e caluniam” (Mateus 5:44).

Ninguém gosta da idéia recorrente de ter inimigos, mas o fato é que sim, é impossível passar pela existência sem que tenhamos adversários, em algum momento de nossa vida. Por mais pacífico que você seja, em algum instante a inveja irá mobilizar irracionalmente o coração de alguém contra você, e quer goste ou não, é preciso estar preparado. O que fazer, por exemplo, quando uma pessoa, sem razão aparente, se lança numa verdadeira perseguição, lançando infâmias para enlamear sua reputação, seja na área pessoal ou profissional? Tendo já alguma experiência em lidar com este assunto, achei por bem compartilhar o pouco que tenho aprendido, do muito que a Palavra de Deus tem a oferecer, a respeito deste tema.
1 – Não entre no ringue. Diante da injúria, da calúnia e da perseguição, nossa natureza humana propõe revidar, se possível com agressões e difamações ainda maiores. O que não percebemos, neste processo, é que este tipo de postura nos nivela com nosso agressor, e o que é pior, corresponde exatamente ao que ele queria que fizéssemos. No momento em que revidamos, estamos aceitando a provocação, aceitando o convite pra entrar no ringue. Ficar calado pode evitar grandes precipitações, de que você pode se arrepender mais tarde. “Há tempo de estar calado, e tempo de falar” (Eclesiastes 3:7).
2 – Não pare de fazer o seu melhor. Na maioria das vezes, o objetivo da calúnia é fazer você parar aquilo que está fazendo, parar de ser produtivo, para ficar gastando seu tempo em responder as agressões. A Bíblia conta que Sambalate, Tobias e Gesém, preocupados com a velocidade que Neemias reerguia os muros de Jerusalém, ameaçaram espalhar calúnias se não viesse ‘conversar’ com eles. Neemias apenas disse: “estou envolvido em uma grande obra, não posso descer até vocês”. Lembre que você tem mais o que fazer, deixe seu inimigo falando sozinho.
3 – Não invista tempo em quem não merece. Jesus foi bastante claro ao declarar que não devemos atirar nossas pérolas aos porcos. Seu tempo é precioso. Muitas vezes você não tem tempo nem de visitar as pessoas que você gosta, um amigo que está no hospital, e vai gastar seu tempo logo com quem te detesta? Não permita que seu inimigo consiga roubar seu tempo.
4 – Não acumule ódio. Isso é para os fracos. Jesus disse para amarmos aos nossos inimigos, e orarmos por aqueles que nos perseguem. (Mateus 5:44). Evidente que Jesus não estava falando de ser “meloso” com quem não se importa com você. Trata-se, apenas, de não desejar o mal. Ore sempre pra que o seu inimigo seja feliz e encontre algo melhor pra fazer da própria vida do que pegar no seu pé.
5 – Se ficar por baixo, não se desespere. Algumas vezes, uma calúnia ou armadilha forjada por um inimigo seu, realmente tem poder de te prejudicar. Se isso acontecer, lembre que Deus ainda está contigo. Daniel, mesmo sendo justo e mesmo tendo a confiança do Rei, foi prejudicado por uma armadilha de seus inimigos, e foi parar na cova dos leões, mas saiu de lá sem nenhum arranhão. Você pode até ficar em uma cova, esquecido por algum tempo, mas quando sair de lá, será mais honrado que antes.
Certamente há muito mais que poderia ser dito, mas estes conselhos práticos que a Bíblia nos ensina, certamente farão toda a diferença ao lidar com invejosos no futuro.
O Senhor Jesus te abençoe abundantemente.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"Sim" e "Não" no mundo do "Talvez"



“Que a vossa palavra seja sim, sim e não, não”. (Tiago 5:12b)

O pensador iluminista Voltaire, no século XVIII já dizia, antecipando os dias atuais, que “o segredo de aborrecer é dizer tudo”. Lendo artigos publicados em uma conhecida rede social, em que pessoas esclarecidas ironizavam a presença crescente de colunas “religiosas” nos jornais e na Internet, fiquei com a nítida impressão de que, realmente, Voltaire tinha razão. E que a Bíblia, séculos antes dele, tinha mais razão ainda. Pode parecer estranho evocar justo Voltaire pra defender um princípio calcado na fé (ele que virou, erroneamente, um ícone do ateísmo contemporâneo sem jamais ter sido ateu), mas calma, chegaremos lá.
Vivemos dias em que pensar e falar o que se pensa com clareza ainda se tornará crime inafiançável. A predominância do chamado “Politicamente Correto” impôs a todas as relações em sociedade uma espécie de zona cinzenta, onde o certo e o errado, o verdadeiro e o falso, o claro e o escuro, simplesmente não existem. Nenhuma verdade é absoluta, e afirmar com clareza suas convicções soa ofensivo e arrogante.
O teólogo francês Teillard de Chardin, num tratado filosófico que vale por uma profecia, costumava falar da “sociedade da convergência”, onde todos os antagonismos são diluídos. Faz tempo que, na política, alianças entre ex-inimigos ferozes já não surpreendem mais ninguém. É a dialética de Antonio Gramsci num estado mais que avançado, onde as pessoas são capazes de chegar à síntese antes mesmo de ter uma tese e uma antítese.
O resultado disso é que a metafísica dominante na sociedade produziu a idéia de que não há verdades a ser defendidas, e que tudo depende do ponto de vista. Num mundo onde o absoluto não existe, tudo é permitido. Menos – obviamente – afirmar suas convicções e sua fé de forma clara, pois no dizer dos nossos dias, isso é coisa de “fanáticos”.
Entretanto, mesmo em meio a este ambiente turvo onde dizer o que se pensa é inconveniente e desaconselhado, a Bíblia continua nos asseverando a urgência de pensar, agir e falar com clareza. “Sim, sim”, e “não, não”, no que diz respeito à ética, valores e amor ao próximo, não admite a confortável desconversa do “talvez”.
É possível que uma coluna de opinião que fale de fé, numa sociedade desacostumada destes referenciais, possa parecer inconveniente e desagradável para muitos. A moda é não se comprometer, não defender suas idéias com excessiva clareza. Entretanto, por acreditarmos que a fé cristã é uma verdade que vale a pena ser defendida e vivida, permanecemos na nossa missão de ministro, muito bem definida no dizer do rabino Martin Buber: “confortar os aflitos...e afligir os confortáveis”.
Acreditamos nisso.