sábado, 2 de março de 2013

O anticristianismo militante do CFP. Ou: para onde vão as ordens profissionais?

Nestes tempos em que as liberdades civis e institucionais são correntemente desprezadas, tenho me perguntado para que servem, afinal, as ordens profissionais no Brasil. Para proteger os interesses de sua classe é que não é. Na maior parte dos casos, quando não é para o enriquecimento ilícito de seus dirigentes, tem se prestado ao puro e simples proselitismo político. Estamos agora diante de um caso absurdamente emblemático, que é a perseguição movida pelo Conselho Federal de Psicologia contra a psicóloga Marisa Lobo. O crime da psicóloga: afirmar, em alto e bom som, seus valores cristãos nas redes sociais. Anos atrás, o mesmo órgão, como se fosse uma espécie de Congregação do Santo Ofício, tentou impor “silêncio obsequioso” à psicóloga, sob o falso pretexto de que atendia homossexuais em busca de reorientação e de que agia como “pregadora” no consultório. Para o CFP, Marisa Lobo infringe a ética ao se apresentar como “psicóloga” e “cristã”. Mas o conselho age em favor do laicismo republicano, diriam alguns. O que estranha é que não há, nem de longe, o mesmo rigor contra uma série de profissionais que, em seus sites profissionais e perfis nas redes sociais, propõem uma abordagem da psicologia sob a ótica do Islã, da Umbanda, do Judaísmo, Budismo e tantas outras vertentes. Nada contra, mas por que apenas Marisa Lobo é intimada pelo CFP a excluir de seus perfis em redes sociais a menção de que é cristã? Por laicismo ou por anticristianismo militante? A resposta é simples: porque o CFP há muito deixou de ser uma entidade que zela pelo interesse de sua classe, servindo tão-somente para promoção de bandeiras casuísticas da esquerda no campo da psicologia. Quisera que este caso fosse a única distorção evidente da finalidade de uma ordem profissional, mas não é o caso. A OAB, tão presente na memória afetiva do país por suas lutas em favor da democracia e das eleições diretas, tem se omitido vergonhosamente em casos onde a liberdade de expressão é ameaçada, como no estranho silêncio diante das agressões sofridas pela blogueira Yoani Sanchez em sua passagem pelo Brasil. Silêncio, aliás, compartilhado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que foi, na prática, condescendente contra as agressões a uma mulher armada apenas com sua palavra. De uns tempos pra cá, a Fenaj só se importa em querer impedir pessoas sem formação de exercer o jornalismo, para poder garantir a sobrevivência de seus cofres. Tal como a OAB com sua provinha para o exercício da advocacia, a Fenaj é apenas uma guilda para garantir reserva de mercado profissional. Nada além. Enquanto as ordens profissionais forem usadas apenas como correias de transmissão de um pensamento ideológico que abomina a liberdade individual de crença, dias perigosos virão.