quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Negritude e fé cristã: Um diálogo possível

Todo dia 20 de novembro é celebrado o Dia da Consciência Negra. Trata-se de uma celebração que rememora a morte de Zumbi dos Palmares, líder de um quilombo que lutou estoicamente contra as tropas pernambucanas até ser esmagado com violência no final do século 18. Em todo o país, seminários e mesas redondas são realizadas em escolas, com o propósito de educar para a tolerância e a igualdade. Não raramente, os alunos são apresentados a elementos da cultura afro-brasileira, como a culinária, expressões idiomáticas, e a religião – sempre e exclusivamente de raiz africana, como o Candomblé e a Umbanda. É aqui que temos uma situação que, além de criar um paradoxo do ponto de vista do Estado Democrático, comete também uma injustiça com muitos dos próprios negros. O Estatuto da Igualdade Racial, de autoria do senador gaúcho Paulo Paim, conferiu um status diferenciado às chamadas religiões de matriz africana, o que lhes franqueia um acesso privilegiado a espaços públicos, como escolas, universidades e órgãos vinculados ao tema da igualdade racial. Na prática, com o propósito de combater o preconceito, o Estatuto da Igualdade Racial cria um novo padrão de preconceito religioso, transformando o Candomblé e a Umbanda em religiões com proteção especial, o que fere o caráter laico do Estado Brasileiro – que ultimamente só é evocada para retirar crucifixos de tribunais e o nome de Deus das cédulas de Real. Evidentemente que a religião é um traço indissociável da cultura, e que a religião afro-brasileira é um dos elementos constitutivos da cultura trazida pelos africanos. No entanto, evocá-la como única religiosidade “negra” é desconhecer a pluralidade e criatividade religiosa da negritude brasileira, que tem contribuições em todas as confissões, inclusive na fé cristã. Nunca é demais lembrar que o próprio Zumbi dos Palmares, teve acesso à educação formal através de um padre católico e era um devoto praticante, e na história do catolicismo as irmandades religiosas de negros se contam às centenas. No protestantismo, a fé pentecostal é, como diz o título de uma obra do pastor e ativista Marcos Davi de Oliveira, a religião mais “negra” do Brasil, com mais de 8 milhões de negros que se declaram pentecostais. O vocabulário, a expressão social, praticamente tudo no pentecostalismo está carregado com tonalidades negras, ainda que boa parte do próprio segmento desconheça isso. Nem poderia ser diferente, para uma vertente do cristianismo que deve seu surgimento a um afro-americano chamado Willian Seymour, filho de ex-escravos que se tornou o pai do Avivamento da Rua Azusa, de onde emanaram igrejas como Assembleia de Deus, Igreja do Evangelho Quadrangular, Congregação Cristã e outras. A Bíblia Sagrada nos apresenta o profeta Amós revelando um Deus amoroso com todos os povos: “Não sois vós para mim, filhos de Israel, como os filhos dos etíopes?” (Amós 9:7), e a negritude de um dos profetas, Sofonias, “filho de Kush (Sf 1;1)”, o antigo império etíope de onde descendeu a Rainha de Sabá, de cuja união com o Rei Salomão se originaram os judeus falashas, negros etíopes com sangue e fé judaica. Era falasha o o
ficial que Felipe evangelizou, fazendo com que o Evangelho ultrapassasse as barreiras da Terra Santa. Portanto, a fé cristã deve muito do que hoje é aos negros e sua cultura, que fazem parte de sua história. Isso sem falar em irmãos de fé como Rosa Parks, Martin Luther King, Desmond Tutu e uma miríade de pastores negros, sem fama ou renome, que evangelizam em favelas, presídios e cidades de todo o país. Não se desconhece, entretanto, algumas abordagens infelizes da fé cristã em relação ao negro, como a lamentável teologia da “Maldição de Cam”, evocada pelo inquisidor católico Juan Batista de las Casas em 1826 e que em 2011 voltou a ser destaque na declaração infeliz de um conhecido parlamentar assembleiano. Na época, encaminhei um documento pessoal à Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Manuela D’Ávila, destacando que Cristo nos resgatou de toda maldição (Gl 3.13) e da lei do pecado da morte (Rm 8.2), revogando em si mesmo todas as imprecações do Antigo Testamento Sendo um quase-branco trisneto de imigrantes libaneses, talvez até alguém pudesse questionar minha legitimidade para este assunto. No entanto, creio firmemente que a igualdade racial é um debate que deve ser, sim, enfrentado no Brasil. Mas de uma forma que não reduza o negro à um certo racialismo mainstream altamente influente nos dias atuais. Mas que, pelo contrário, o negro possa se expressar dentro de sua pluralidade, sem uma tradição religiosa se impondo sobre as demais.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Deixem Deus em paz!




“... O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de culto” (2ª Tessalonicenses, 2;4)

Em 1924, o brilhante ensaísta e filósofo britânico Gilbert Keith Chesterton, anglicano convertido ao catolicismo, escreveu pesada crítica a uma peça teatral de George Bernard Shaw, que na época recebia aplausos entusiasmados da elite intelectual inglesa simplesmente por atacar – com sagaz inteligência – a fé cristã. No texto que escreveu, Chesterton faz uma afirmação que merece ser transcrita integralmente: “A perseguição da ciência pela religião é algo de que se fala muito, e muito mais do que é historicamente correto. De qualquer modo, é algo que felizmente já passou. A perseguição contra a religião, entretanto, pode ter apenas começado, e já está em ação em muitos casos de pedantismo e crueldade”.
Imagino como Chesterton reagiria se estivesse hoje entre nós para opinar a respeito da recente decisão do Pleno do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que determinou a retirada dos crucifixos de todos os tribunais gaúchos, atendendo a um pleito da Associação Brasileira de Lésbicas. Se a perseguição da ciência contra a religião era ainda uma realidade incipiente em seus dias, hoje a militância anticristã ergue as armas do laicismo na cultura, na mídia e também na justiça.
A alegação bizarra de que o crucifixo, como símbolo do catolicismo, nada tem de fazer em um tribunal por ser o braço jurídico de um Estado laico, é de saída falsa. Primeiramente, porque o crucifixo não é um símbolo apenas católico, mas é utilizado também por protestantes históricos, como os anglicanos. A cruz vazia – sem o Senhor morto – é ainda mais difundida, usada por evangélicos clássicos, pentecostais e outros. Se na Igreja, a cruz é o símbolo máximo de uma religião, numa repartição pública ela apenas encarna um conjunto de valores que fazem parte da identidade do povo brasileiro, quer as minorias raivosas gostem ou não. A presença da cruz em um tribunal, num plenário legislativo ou no gabinete de um prefeito, em nada ameaça a isenção das decisões ali tomadas. Expurgá-las de lá, do ponto de vista prático, é apenas uma manifestação do mais rombudo obscurantismo, acolhendo a ira de certos grupos contra os valores da maioria da sociedade.
Outra pérola do gênero é uma recente ação de um procurador do Ministério Público Federal em São Paulo, que ajuizou o Banco Central por imprimir nas cédulas de Real a expressão “Deus seja louvado”. Se isso prosperasse, Deus acabaria sendo menos eterno na realidade brasileira do que Sarney, o presidente que começou a colocar esta frase nas notas do Cruzado. A se seguir nesta toada, a maioria das cidades brasileiras, batizadas com nomes de santos, terá que trocá-los por outros. Em nome de que interesses?
Sim, o Estado brasileiro é laico, e isso significa apenas que tem de servir com igualdade a todos os cidadãos, independente de seu credo religioso. Ser laico não significa ser anti-religioso. Por isso, peço aos laicistas de plantão: deixem Deus em paz, e parem de tentar expulsar da esfera pública os valores ligados à fé. Se alguém é mesmo capaz de ficar ofendido diante de uma cruz, será que o problema com a cruz ou com quem a vê?

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Dom Robinson, a questão das drogas e um adeus



Iniciei a segunda-feira sob o forte impacto de uma notícia que já estava no topo dos comentários do Twitter na madrugada: o assassinato de Dom Robinson Cavalcanti, bispo anglicano de Recife, morto a facadas pelo filho adotivo, que morava nos EUA e estava no país há cerca de 15 dias. O filho adotivo de Dom Robinson tinha sérios problemas com as drogas, matou o pai e a mãe, e tentou se matar após o duplo assassinato, ocorrido por volta das 22 horas deste domingo, 27 de fevereiro.
Para quem eventualmente nunca tenha ouvido falar dele, destaco que Dom Robinson era bispo da Igreja Anglicana no Recife, e teve uma vida dedicada à causa do Evangelho e da democracia. Escritor de vários livros sobre fé e política, Dom Robinson era um dos mais importantes líderes evangélicos da corrente teológica da Missão Integral, que defende a integração entre a pregação da Palavra de Deus e a defesa da causa dos pobres. Ligeiramente, poderíamos falar da Teologia da Missão Integral como a versão evangélica da Teologia da Libertação dos católicos, mas é muito mais do que isso, porque nesta visão a orientação ideológica não está acima do conteúdo evangélico. De certa forma, Dom Robinson exercia junto aos evangélicos – de todos os matizes – um papel muito parecido com o do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns entre os católicos.
O desfecho trágico de sua vida aponta para o efeito dramático da realidade das drogas em nossa sociedade. E entra em choque com algumas visões simplistas, segundo a qual basta educar os filhos com bons valores para que não se aventurem por este universo sombrio. Seguramente, tudo o que Dom Robinson fez foi semear valores cristãos, mas mesmo assim o filho matou o pai sob efeito de drogas com as quais estava envolvido há mais de 15 anos. Apesar dos valores cristãos ensinados pelo pai, o assassino de Robinson, quando enveredou pelas drogas, fez uma escolha. E é esta verdade que precisa ser ressalvada no tenso debate que se trava sobre o tema em nosso país. As pessoas fazem escolhas, e escolhas tem conseqüências.
Infelizmente, alguns luminares da intelectualidade brasileira, como o ex-presidente FHC, pretendem que a escolha pelas drogas não tenha conseqüência do ponto de vista legal. Casos como este ilustram como estão errados os que acreditam na descriminalização do uso de drogas, assentados na máxima de que o usuário não é criminoso. Trata-se de uma tese estúpida, e em casos como este, assassina.
Desde que me converti ao Evangelho, no já distante ano de 1997, sempre li os textos de Dom Robinson Cavalcanti, e embora discordasse quase sempre do viés esquerdista de muitos deles, sempre encontrei em suas reflexões uma base teológica segura para uma fé sadia, firme e cristocêntrica. Sua clareza teológica e honestidade intelectual marcou minha formação., a ponto de ter me tornado também um defensor da Teologia da Missão Integral. Talvez por isso eu sinta tanto sua perda, embora não o tenha conhecido pessoalmente. No dia em que for a minha vez de partir para o Repouso, quero poder cumprimentá-lo e agradecer por ter marcado de forma tão efetiva minha caminhada cristã.
Que o Senhor o receba nos Portais Eternos.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Ministério: servir ou "se" servir?



“Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros” - João 13:14

A mesa está repleta. Cordeiro, ervas amargas, vinho, pão ázimo. A ocasião deveria ser de celebração. Afinal, estavam em um seder de pessach, um dos tantos rituais preparatórios para a Páscoa Judaica. Memória da libertação do povo judeu do Egito. Mas o verdadeiro Libertador estava assentado á mesa, comendo com eles, e sorria. Os discípulos, há pouco, tinham travado uma discussão tola. “Quem será o maior no Reino dos Céus?”, perguntavam. Poucos dias antes, viram como o povo saudava seu mestre, quando adentrou os portais de Jerusalém. Lembraram da Escritura Sagrada: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças, levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória”. Sim, ali estava o rei, e eles seriam seus ministros. Quem teria o cargo mais importante?
Ah, os homens e sua sede de poder. Jesus sabia. Viu isso nos seus apóstolos. Viu isso nos que seriam seus ministros nos dias atuais. Liderando igrejas como ditadores. Fazendo da expressão “ministro” uma posição de autoridade inquestionável, papal, quase um vice-deus. Um super-homem que “determina”, e as bênçãos acontecem, porque até o próprio Deus se sujeita.
Ministério é serviço. A palavra “ministro” vem do termo latino “minister”, que por sua vez, deriva de “minus”, ou seja, “menos”. O “minister” era o servo, o homem do serviço. Na antiguidade, havia o “minister cubiculi”, que era o servo encarregado de arrumar os quartos da casa; havia também o “minister vini”, que era o servo encarregado de manter as taças cheias de vinho nos banquetes. O ministro é chamado para servir.
Sem dizer uma palavra, Jesus dá o grande exemplo: deixa a mesa principal e parte para o serviço. Enrola uma toalha na cintura, e começa a lavar os pés dos apóstolos, que atônitos, não compreendiam. Esse ato nos dá a dimensão maior do ministério: somos chamados para servir. O apóstolo Paulo mostra no texto de I Tm.6.11, uma lista de qualidades que o ministro deve ter: justiça, piedade, fé, amor, paciência, mansidão. Todas são qualificações para a prestação de um serviço digno. Pena que nos dias atuais, estas qualidades estejam tão fora de moda. Ao invés do bom pastor capaz de deixar as 99 ovelhas para buscar a perdida, o comum é ouvir “deixa ir embora! Sai um, Deus manda mais dez”. Em que Bíblia isso está escrito, eles não dizem.
Ministério não é vitrine para o desfile de uma personalidade doentia, marcada pela vaidade; não é para os viciados em bajulação. Ministério é para trabalhadores da seara, servos. O teólogo e escritor John Stott, falecido no ano passado, dizia: “os pastores não estão sobre os crentes para governar, mas sim sob Cristo para obedecer”. Coerentemente, também ensinou que “o amor é muito mais um serviço do que um sentimento”. Minha oração é que o Corpo de Cristo tenha, cada dia mais, “ministros” na acepção original da Palavra, que como Jesus, saibam sair do seu lugar de honra para servir.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Big Brother Brasil: a que ponto chegamos



“E não vos conformeis com esta época”... (Romanos 12;1, NVI)
Ano passado fiz um boicote consciente ao Big Brother Brasil. Na hora da atração, desligava a TV e ia fazer qualquer outra coisa. Neste ano, mudei de residência já nos primeiros dias de janeiro, e fui poupado do BBB porque a antena da TV ainda não foi removida da casa antiga. Mas num mundo onde a Internet repercute a telinha, não foi possível ficar imune à notícia sobre um estupro ocorrido na tal “casa mais vigiada do país”. Um “modelo”, se aproveitando da embriaguez de uma das participantes, fez sexo com ela inteiramente desacordada. A cena do estupro, devidamente editada, foi ao ar como se fosse um passeio no parque, e ao final, Pedro Bial ainda proclama: “o amor é lindo”.
A reação indignada do país nas redes sociais da Internet foi tão grande que um inquérito foi aberto pela Polícia Civil, e a Globo não teve outra saída senão fazer um breve pronunciamento afastando do programa o provável estuprador (somente o inquérito dirá se é ou não), por ter apresentado “comportamento inadequado”. O cinismo editorial da produção do programa parece chocante? Mas esperar o quê, depois de doze anos de baixaria e a apelação, numa desesperada corrida por audiência e lucros? Aliás, do jeito que a coisa vinha, só faltava um estupro ser transmitido pelas câmeras. Agora não falta mais.
São anos a fio de hedonismo, o prazer pelo prazer, álcool e promiscuidade em doses cavalares, conformando a mente do telespectador a se acostumar com o lixo e o horror como algo natural. Até alguns respeitáveis pensadores criticaram o governo e a polícia pelo inquérito, que estaria intervindo na “liberdade de expressão” do programa. E quanto à liberdade da moça, que nem mesmo teve chance de dizer sim ou não às investidas do fauno incontido? Calma lá! Tenho verdadeira aversão à censura de qualquer espécie, mas chamar a exibição televisiva de um crime de “liberdade de expressão” é a coisa mais ridícula que vi nestes últimos anos.
Nem comento sobre os que justificam o estupro pelo comportamento da moça. Nenhum machão estaria especulando sobre isso se a jovem fosse sua filha, por exemplo. Além do ultraje, culpar a vítima pelo fato é uma armadilha moral simplesmente nojenta.
A Bíblia fala de uma jovem, Tamar, que foi estuprada por seu meio-irmão Absalão. Mais que um estupro, um incesto. O rei Davi, pai da vítima e do estuprador, deu de ombros. E por não ter agido com autoridade, deu margem a uma verdadeira matança entre irmãos, que culminou com a morte do próprio Absalão depois de tentar usurpar o trono de seu pai (2º Livro de Reis). Quando somos condescendentes com o mal, permitimos o seu avanço. Talvez já esteja mais do que na hora de a sociedade repensar sua indiferença. Se chegamos até este ponto, é porque por anos a fio temos tolerado a idéia abjeta de que vale burlar o respeito, as leis, as regras mínimas de convivência pra conseguir o que se quer. O bom sujeito que tenta subornar o guarda pra escapar da multa, que não dá recibo a seus clientes, que acha justo sonegar um imposto aqui ou ali, poderia muito bem estar na pele do “modelo” que não viu problema em transar com uma mulher totalmente desacordada, sem o consentimento dela.
Não. Ao contrário do que dizem por aí, leis e regras são coisas libertadoras, que impedem a sociedade de chegar à barbárie. É bom que o brado de “basta” se faça ouvir logo, porque a barbárie já chegou.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Feliz Ano Novo...Novo?




“Semeou Isaque naquela terra, e no mesmo ano colheu cem vezes mais, porque o Senhor o abençoava” (Gênesis 26;12)

Acidentes com mortes nas estradas, assaltos, chuvas acima da média na serra fluminense, crise na Europa, seca na nossa região... opa, estamos falando do início de que ano mesmo? Para quem olhar o noticiário, parece que o início de 2012 está seguindo à risca o script do começo do ano que passou. Como é que o novo ano parece ter começado tão semelhante a 2011? Será que não foram ouvidos os milhares de votos de Feliz Ano “Novo”?
O Ano Novo sempre traz uma renovação das esperanças, justamente pela promessa de ser novo, de ser diferente. Mas muitas pessoas se queixam que, ano após ano, a situação permanece a mesma. Como devemos agir para que o Novo Ano seja de fato novo, no sentido de ser realmente diferente?
A Bíblia nos fala de um homem chamado Isaque, que já desfrutava de uma proteção especial da parte de Deus por ser filho de Abraão, mas que se recusou a apenas viver à sombra do que foi construído pelo patriarca. Mudou-se para a terra dos filisteus, que seriam inimigos históricos de Israel pelo resto da vida (a palavra Filistéia foi traduzida, na língua latina, por Palestina). Mesmo num ambiente totalmente adverso, Isaque, agricultor como seu pai, fez sua semeadura naquele lugar, e diz a Bíblia que naquele mesmo ano colheu cem vezes mais, por causa do Favor de Deus. Ao redor dele, nada havia mudado, mas em sua propriedade, Isaque colheu um cêntuplo do que plantou.
Creio que esta passagem nos ensina sobre a atitude de fé que devemos ter em qualquer circunstância. Aparentemente, pode parecer que nada tenha mudado à sua volta com a passagem de ano, mas a mudança virá se você semear seus sonhos com fé na bênção de Deus. E semear, como Jesus ensina, significa aplicar o seu melhor na busca dos seus propósitos. “O semeador saiu a semear”. Há uma semente que Deus colocou dentro de você, e o nome dela é “potencial”. Se você deixar uma semente na estante, ela continuará tendo uma floresta dentro dela, mas não vai germinar. Por isso, para 2012 ser diferente, semeie seus sonhos. Não fique nas intenções. Planeje, construa, fracasse, tente de novo. Isaque só foi abençoado por Deus porque semeou primeiro. Faça a sua parte, e Deus fará a sua para um 2012 diferente.