segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A Educação e a Lei da Palmada



“O que não faz uso da disciplina odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga” (Provérbios 13:24)

O Congresso Nacional acabou de aprovar, depois de anos de intenso debate em suas comissões internas, uma lei federal de autoria da então deputada federal (e hoje ministra dos Direitos Humanos) Maria do Rosário, do PT do Rio Grande do Sul, que proíbe agressões “moderadas ou imoderadas” contra crianças e adolescentes. A nova lei, na verdade, é uma emenda ao texto do Estatuto da Criança e do Adolescente e aos Parâmetros Curriculares Nacionais, que dá as diretrizes da educação brasileira. Evidentemente, louvável o objetivo do projeto, que tenta proteger crianças e adolescentes de maus tratos e agressões físicas que volta e meia aparecem em manchetes de jornais, e quando ocorrem, chocam a nação inteira. Entretanto, os regimes mais ditatoriais do planeta nasceram com as melhores intenções. E creio que esta nova regra legal, sob o pretexto de punir verdadeiros bandidos que agridem crianças, vai acabar punindo justamente aqueles de quem o Brasil mais precisa: os pais que tem coragem de impor limites.

As leis são um resultado da cultura, e não o contrário. Percebe-se nos últimos tempos uma tentativa de modificar a cultura na marra, por meio da força da lei, o que, com todo respeito, nunca funcionou. Além disso, mais do que a intenção original de um projeto, o que realmente fica é a mensagem que ele passa. Um projeto deste tipo serve basicamente para contentar ativistas que fazem da proteção da criança uma espécie de meio de vida, além de restringir o poder das famílias na educação dos filhos. No Irã dos aiatolás, existem brigadas de costumes que vigiam se o homem sai ás ruas sem barba e a mulher está usando o véu segundo a tradição. Não está longe o dia em que “brigadas do politicamente-correto” terão poder de entrar nas casas para vigiar se o filho está levando palmada, se o pai está lhe dando biscoitos gordurosos, se está deixando ver propaganda de salgadinho na televisão.

Trata-se de mais uma demonstração da idéia de que o Estado tem que se intrometer nos mínimos detalhes das vidas das pessoas, como se elas não fossem capazes de fazer suas próprias escolhas. Leis como esta infantilizam permanentemente o cidadão, que tem de ser tutelado pelo Estado até na hora de educar os filhos.

Sim, eu levei palmadas da minha mãe. Segundo ela, apanhei até pouco. Lembro que meu pai bateu em mim uma vez só. Nunca mais precisou. Nem por isso me transformei num marginal. Embora reconheça méritos na intenção moralizante da nova lei, entendo que o Estatuto da Criança e do Adolescente, por louvável que seja, não está acima da Constituição, que confere à família o direito de educar.
Deus te abençoe abundantemente.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Pisando em solo sagrado


“Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa” (Ex 3;1).

A narrativa bíblica que nos fala da libertação do povo judeu do cativeiro no Egito rumo à Terra Prometida inicia com Deus indo em busca de um fugitivo. Moisés, judeu educado como membro adotivo da família real egípcia, curtia seu exílio involuntário nas terras de Jetro, seu sogro, quando encontrou uma sarça que queimava, mas não se consumia. Antes mesmo de dizer qualquer coisa, a recomendação de Deus foi para que Moisés tirasse as sandálias dos pés, porque o lugar em que ele pisava era santo. Note que Deus nem mesmo disse que tirasse as sandálias em respeito à presença d’Ele, mas sim ao lugar onde estavam, que havia sido santificado porque o Espírito do Senhor ali estava.
Com estas palavras diretas, Deus convida a uma postura de reverência, que é cada dia mais difícil de ser encontrada em nossos dias. Há locais onde deveríamos passar com extremo cuidado. A advertência de Deus é clara: o solo é sagrado. E isto vai muito além de se curvar a cabeça ou se persignar quando passa em frente a uma igreja ou cemitério, por exemplo (os antigos chamavam de “campo santo”). Há muitos outros “locais” sagrados que a humanidade faria bem se tratasse com mais respeito. O espaço vital das pessoas com quem você convive, por exemplo.
O relacionamento entre seres humanos é solo sagrado. No entanto, cada vez menos as pessoas têm consciência deste aspecto, e invadem a vida alheia sem a menor cerimônia. Línguas afiadas espalham injúrias, destroem reputações, não cumprem a palavra empenhada. Não conseguem pisar no terreno das relações humanas com um mínimo de reverência. Entretanto, cada dia mais somos informados de privacidades invadidas, casamentos em crise, vidas expostas na Internet e sabe-se lá mais onde. A discrição anda fora de moda, e todos parecem a necessidade de dizer tudo sobre qualquer assunto a qualquer tempo, mesmo quando não foram consultados.
Somos filhos de um Deus eterno, que criou todas as coisas pela palavra do seu poder. Á semelhança d’Ele, nossas palavras também não são pronunciadas sem conseqüências, que podem se prolongar para além da nossa própria existência. Justamente por isso, deveríamos vez por outra fazer o exercício de retirar as sandálias, sentir o toque do sagrado em nossos passos. Se assim fizéssemos, com certeza o ser humano não andaria tão freqüentemente por terrenos pantanosos e obscuros, que conduzem apenas a labirintos.
Portanto, nestes dias em que nada mais parece ser sagrado, a melhor atitude é andar na contramão. Ao iniciar uma conversa, entre como quem tem mais a aprender do que a ensinar. Ao firmar um compromisso, cumpra. Ao cativar uma amizade, não a abandone. Ao expor uma opinião, seja coerente. Tire as sandálias, porque o lugar onde estás, os relacionamentos que cultivas, tudo isso é algo santo e precioso.
Deus te abençoe abundantemente.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Missão Autêntica x Missão Errônea


“Porque onde estiver o seu tesouro, aí estará também o seu coração” (Mateus 6:21)

Todos nós temos um propósito na vida, e identificá-lo é fundamental para viver uma vida de qualidade. Todo ser humano foi criado por Deus para cumprir um objetivo, uma missão, algo que seja nossa marca distintiva na geração a que pertencemos. Quando não cumprimos a missão para a qual Deus nos criou, acabamos achando outra coisa pro seu lugar, porque o ser humano simplesmente não pode viver sem propósito algum. Quando isso acontece, substituímos nossa missão autêntica, fazendo a vida girar em torno de algum outro objetivo egoísta e sem sentido. O resultado desta opção é sempre autodestrutivo, com a sensação de estar andando em círculos, sem sair do lugar, sem chegar ao alvo que Deus estabeleceu.
A Bíblia está cheia de relatos de homens e mulheres que, tendo uma missão especial dada por Deus, sucumbiram á sua Missão Enganosa. Adão e Eva, tendo recebido de Deus a missão de povoar a Terra e viver em intimidade com Deus, optaram pela missão enganosa mais comum: “ser como o próprio Deus”. Sansão, nascido para liderar o seu povo com justiça, sucumbiu diante de uma Missão Enganosa que o levava a buscar prazer e satisfação a qualquer preço, e acabou nas garras de uma mulher que levou embora toda sua força. Judas Iscariotes, tendo sido escolhido como um dos doze assessores diretos de Jesus, sucumbiu à ganância, e encontrou o remorso e o suicídio. Provavelmente você também conheça exemplos de pessoas que, mesmo tendo beleza, inteligência, e uma série de outros dons, acabaram sucumbindo à uma missão enganosa, que resume os objetivos reais da vida: conquistar aplauso, evitar frustrações a qualquer preço, satisfazer o ego em primeiro lugar... A missão enganosa diz respeito àquilo que realmente fazemos, não o que pensamos fazer.
No entanto, e felizmente, a Bíblia nos apresenta exemplos de pessoas que superaram sua missão enganosa e abraçaram o que Deus tinha pra suas vidas. Maria, mãe de Jesus, arriscou a reputação e o casamento ao aceitar a gravidez do Espírito Santo para obedecer a Deus. José do Egito evitou a vingança contra os irmãos para manter a unidade da família de onde, milênios mais tarde, viria o Messias. Jesus, mesmo pressionado para influenciar as pessoas sem sacrifícios, cumpriu a missão que Deus lhe dera: a Cruz, onde semeou nossa salvação.
Todos nós temos uma missão autêntica dada por Deus, e uma missão enganosa, com a qual nos entretemos. Descobri-la é fundamental para ter uma vida de qualidade. Faça um honesto auto-exame, e quando você sentir o “dedo na ferida”, terá identificado o propósito errôneo contra o qual deve lutar. Podemos viver de ilusões e alegrias momentâneas ou viver a plenitude que Deus tem pra cada um de nós. A escolha é sua.
Deus te abençoe abundantemente.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Usando a Chave de Davi



Porei aos seus ombros a chave da casa de David: há-de abrir, sem que ninguém possa fechar; há-de fechar, sem que ninguém possa abrir (Isaías 22;22)

Nos diversos livros da Bíblia Sagrada, alguns deles escritos com espaços de séculos entre si, podemos encontrar algumas expressões simbólicas recorrentes. A expressão “Chave de Davi”, por exemplo, surge nas proclamações proféticas de Isaías, e também aparece, mais de 700 anos depois, no livro de Apocalise, numa das sete cartas enviadas pelo já velho e exilado apóstolo João às sete igrejas da Ásia Menor (atual Turquia), mais especificamente na carta à igreja de Filadélfia, praticamente repetindo as expressões do profeta hebreu: “Dar-te-ei as chaves de Davi, que fecha e ninguém abrirá, que abre e ninguém fechará” (Ap 3:7).
Como toda expressão simbólica, o significado das Chaves de Davi sempre foi controverso ao longo da história. Alguns teólogos católicos afirmavam que esta passagem autorizava a existência do pontificado romano, insinuando que a Chave de Davi seria a insígnia característica do emblema do Vaticano. Porém, os próprios teólogos católicos ressaltam que o símbolo do papa são as chaves de Pedro, o Apóstolo, não de Davi, que a rigor, foi um pastor e um rei, não lidava diretamente com chaves, no sentido estrito.
Se a Bíblia garante que a Chave de Davi é algo necessário para abrir portas que ninguém poderá fechar, então devemos entender o que de fato elas representam. O Antigo Testamento nos mostra que, desde sua tenra idade como pastor de ovelhas até o final de sua vida como o maior rei da história de Israel, Davi manteve uma característica: o Louvor a Deus. Com sua harpa, aplacava os demônios interiores de Saul, e como rei, compôs salmos e hinos que constituíam parte fundamental da religião judaica, e até hoje fazem parte da Bíblia cristã.
A Chave de Davi, sem dúvida, é o Louvor. E os Filhos de Deus, ao aceitarem servir a Jesus, recebem espiritualmente a posse das Chaves de Davi, ou seja, a capacidade de usar o Louvor como ferramenta capaz de abrir portas fundamentais na nossa vida. Quando, ao invés de reclamar no meio de uma dificuldade, cantamos um louvor de exaltação a Deus, estamos usando a mais poderosa ferramenta que nos foi dada para triunfar sobre as adversidades.
As Chaves de Davi pertencem a todo Filho de Deus. Use-as sempre que precisar. No meio da luta, da maior dificuldade, louve a Deus com fervor, e você receberá o poder necessário para vencer gigantes.
Deus te abençoe abundantemente.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Não tem Preço



“A Lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma” (Salmo 19:7ª)

Há uma peça publicitária de uma empresa de cartões de crédito que fez tanto sucesso que se transformou em parte da cultura pop, sendo reproduzida em piadas e outras criativas brincadeiras em redes sociais. Ao apresentar uma situação qualquer (um jogo de futebol, um passeio no parque), o locutor vai falando preços dos itens mostrados, numa escala crescente até descrever a sensação proporcionada pela compra, com os dizeres: “não tem preço”.
Todo mundo tem, na sua escala de valores, algo que não tem preço. E muitos buscam naquilo que tem preço, algo que deveria ter apenas valor. Ao longo da vida, buscando um sentido para a existência, muitos buscam a felicidade em certos valores intangíveis: fama, luxo, poder, status. Entretanto, a Bíblia nos revela que o valor fundamental, que dá efetivo equilíbrio à vida humana, é bem mais simples, e em língua portuguesa, atende por um nome de três letrinhas apenas: Paz.
Jacó, filho de Isaque, buscava a realização pessoal a qualquer preço. Ludibriou o irmão para conquistar a bênção da primogenitura, e enganou o próprio pai, passando-se pelo irmão para ser abençoado. A sina de “suplantador” (o significado da palavra “Jacó”) o acompanhava, mas todo o resultado de sua grande esperteza foi se tornar um fugitivo no meio do deserto, temendo pela própria vida, sem morada ou paradeiro. Ele só encontrou aquilo que buscava, quando entregou seu coração a Deus. Obedecendo aos propósitos de Deus, reconciliou-se com o irmão, recuperou-se de anos e anos de exploração pelo próprio sogro e casou com a mulher de sua vida.
Nossa sociedade atual aplaude o “malandro”, pela esperteza ou sagacidade com que passou a perna nesse ou naquele. Mas são aplausos que desaparecerão no momento da dificuldade, e que não compensam o medo e a ansiedade de quem vive de sortilégios. A pessoa que, ao contrário, vive de acordo com os valores da Palavra de Deus, sempe terá paz em sua alma, por saber que não precisa pensar em grandes expedientes para “se dar bem”. Para quem faz a vontade de Deus, Ele providencia tudo.
Pisar no pescoço alheio pra ter fama, status ou poder? Não, obrigado. Viver com paz de espírito e sob a proteção de Deus, não tem preço.
Deus te abençoe abundantemente.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Lidando com a Inveja Alheia...


“Amai a vossos inimigos, fazei o bem a quem vos tem ódio; e orai pelos que vos perseguem e caluniam” (Mateus 5:44).

Ninguém gosta da idéia recorrente de ter inimigos, mas o fato é que sim, é impossível passar pela existência sem que tenhamos adversários, em algum momento de nossa vida. Por mais pacífico que você seja, em algum instante a inveja irá mobilizar irracionalmente o coração de alguém contra você, e quer goste ou não, é preciso estar preparado. O que fazer, por exemplo, quando uma pessoa, sem razão aparente, se lança numa verdadeira perseguição, lançando infâmias para enlamear sua reputação, seja na área pessoal ou profissional? Tendo já alguma experiência em lidar com este assunto, achei por bem compartilhar o pouco que tenho aprendido, do muito que a Palavra de Deus tem a oferecer, a respeito deste tema.
1 – Não entre no ringue. Diante da injúria, da calúnia e da perseguição, nossa natureza humana propõe revidar, se possível com agressões e difamações ainda maiores. O que não percebemos, neste processo, é que este tipo de postura nos nivela com nosso agressor, e o que é pior, corresponde exatamente ao que ele queria que fizéssemos. No momento em que revidamos, estamos aceitando a provocação, aceitando o convite pra entrar no ringue. Ficar calado pode evitar grandes precipitações, de que você pode se arrepender mais tarde. “Há tempo de estar calado, e tempo de falar” (Eclesiastes 3:7).
2 – Não pare de fazer o seu melhor. Na maioria das vezes, o objetivo da calúnia é fazer você parar aquilo que está fazendo, parar de ser produtivo, para ficar gastando seu tempo em responder as agressões. A Bíblia conta que Sambalate, Tobias e Gesém, preocupados com a velocidade que Neemias reerguia os muros de Jerusalém, ameaçaram espalhar calúnias se não viesse ‘conversar’ com eles. Neemias apenas disse: “estou envolvido em uma grande obra, não posso descer até vocês”. Lembre que você tem mais o que fazer, deixe seu inimigo falando sozinho.
3 – Não invista tempo em quem não merece. Jesus foi bastante claro ao declarar que não devemos atirar nossas pérolas aos porcos. Seu tempo é precioso. Muitas vezes você não tem tempo nem de visitar as pessoas que você gosta, um amigo que está no hospital, e vai gastar seu tempo logo com quem te detesta? Não permita que seu inimigo consiga roubar seu tempo.
4 – Não acumule ódio. Isso é para os fracos. Jesus disse para amarmos aos nossos inimigos, e orarmos por aqueles que nos perseguem. (Mateus 5:44). Evidente que Jesus não estava falando de ser “meloso” com quem não se importa com você. Trata-se, apenas, de não desejar o mal. Ore sempre pra que o seu inimigo seja feliz e encontre algo melhor pra fazer da própria vida do que pegar no seu pé.
5 – Se ficar por baixo, não se desespere. Algumas vezes, uma calúnia ou armadilha forjada por um inimigo seu, realmente tem poder de te prejudicar. Se isso acontecer, lembre que Deus ainda está contigo. Daniel, mesmo sendo justo e mesmo tendo a confiança do Rei, foi prejudicado por uma armadilha de seus inimigos, e foi parar na cova dos leões, mas saiu de lá sem nenhum arranhão. Você pode até ficar em uma cova, esquecido por algum tempo, mas quando sair de lá, será mais honrado que antes.
Certamente há muito mais que poderia ser dito, mas estes conselhos práticos que a Bíblia nos ensina, certamente farão toda a diferença ao lidar com invejosos no futuro.
O Senhor Jesus te abençoe abundantemente.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"Sim" e "Não" no mundo do "Talvez"



“Que a vossa palavra seja sim, sim e não, não”. (Tiago 5:12b)

O pensador iluminista Voltaire, no século XVIII já dizia, antecipando os dias atuais, que “o segredo de aborrecer é dizer tudo”. Lendo artigos publicados em uma conhecida rede social, em que pessoas esclarecidas ironizavam a presença crescente de colunas “religiosas” nos jornais e na Internet, fiquei com a nítida impressão de que, realmente, Voltaire tinha razão. E que a Bíblia, séculos antes dele, tinha mais razão ainda. Pode parecer estranho evocar justo Voltaire pra defender um princípio calcado na fé (ele que virou, erroneamente, um ícone do ateísmo contemporâneo sem jamais ter sido ateu), mas calma, chegaremos lá.
Vivemos dias em que pensar e falar o que se pensa com clareza ainda se tornará crime inafiançável. A predominância do chamado “Politicamente Correto” impôs a todas as relações em sociedade uma espécie de zona cinzenta, onde o certo e o errado, o verdadeiro e o falso, o claro e o escuro, simplesmente não existem. Nenhuma verdade é absoluta, e afirmar com clareza suas convicções soa ofensivo e arrogante.
O teólogo francês Teillard de Chardin, num tratado filosófico que vale por uma profecia, costumava falar da “sociedade da convergência”, onde todos os antagonismos são diluídos. Faz tempo que, na política, alianças entre ex-inimigos ferozes já não surpreendem mais ninguém. É a dialética de Antonio Gramsci num estado mais que avançado, onde as pessoas são capazes de chegar à síntese antes mesmo de ter uma tese e uma antítese.
O resultado disso é que a metafísica dominante na sociedade produziu a idéia de que não há verdades a ser defendidas, e que tudo depende do ponto de vista. Num mundo onde o absoluto não existe, tudo é permitido. Menos – obviamente – afirmar suas convicções e sua fé de forma clara, pois no dizer dos nossos dias, isso é coisa de “fanáticos”.
Entretanto, mesmo em meio a este ambiente turvo onde dizer o que se pensa é inconveniente e desaconselhado, a Bíblia continua nos asseverando a urgência de pensar, agir e falar com clareza. “Sim, sim”, e “não, não”, no que diz respeito à ética, valores e amor ao próximo, não admite a confortável desconversa do “talvez”.
É possível que uma coluna de opinião que fale de fé, numa sociedade desacostumada destes referenciais, possa parecer inconveniente e desagradável para muitos. A moda é não se comprometer, não defender suas idéias com excessiva clareza. Entretanto, por acreditarmos que a fé cristã é uma verdade que vale a pena ser defendida e vivida, permanecemos na nossa missão de ministro, muito bem definida no dizer do rabino Martin Buber: “confortar os aflitos...e afligir os confortáveis”.
Acreditamos nisso.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Descanse em paz, John



“Sou cristão não porque a fé cristã é atrativa, mas porque é verdadeira” (John Stott).

Lembro ainda de quando fui apresentado pela primeira vez a um texto de John Sttott. Em meu primeiro ano como professor do Instituto Teológico Quadrangular, recebi a determinação de fazer a resenha de um livro, pra anexar ao nosso prontuário. Todos os professores que ingressam no Instituto tinham que produzir uma resenha crítica da mesma obra. O livro em questão era o famoso “Crer é Também Pensar”, de John Stott, e o impacto foi imediato. Enfim, havia encontrado um autor cristão que fazia uma defesa clara e competente da importância do pensamento crítico para a genuína fé. Fui buscando conhecer mais e mais de suas obras, e sem grande esforço, fui reconhecendo neste teólogo britânico o meu autor favorito.
John Stott partiu para junto do Senhor nesta quarta-feira, 27 de julho, aos 90 anos, exatos quatro anos depois de anunciar sua aposentadoria em julho de 2007. Autor de uma extensa obra teológica e devocional, com mais de 50 livros, Stott se caracterizava pela defesa intransigente da racionalidade do Evangelho. Fiel às suas raízes reformadas, é considerado por muitos estudiosos cristãos da atualidade como o teólogo mais influente do século XX, opinião da qual discordo. Podemos até dizer, com alguma justiça, que ele foi um dos mais “conhecidos” teólogos do século, mas se realmente sua influência tivesse sido na mesma proporção, a Igreja Evangélica não estaria tendo tantos descaminhos.
Stott marcou, sem dúvida, a formação de uma geração inteira de pastores que buscaram se comprometer exclusivamente com o Evangelho da Cruz. Mas, tristemente, a clareza de seu pensamento tem sido abandonada em favor de um “outro evangelho”, como diria o apóstolo Paulo, onde prospera um emocionalismo escravizante e uma concepção meramente utilitária da fé. Pregadores influentes repetem em programas de televisão que “a Bíblia só funciona onde a pessoa acredita”. Stott, ao contrário, dizia que a fé no Filho de Deus não podia ser reduzida a uma mera “funcionalidade”, como um objeto qualquer. Deus deve ser amado porque é Deus, não porque “funciona”.
Chutou pra longe o autoritarismo clerical ao dizer que os pastores estão sob Cristo para servir, e não “sobre” os crentes para comandar. Chocou os propagadores de uma fé puramente emotiva ao dizer que “o amor é mais um serviço do que um sentimento”, e teve a coragem de afirmar que Deus amava os que buscavam a sabedoria, numa época em que o desprezo ao conhecimento e a apologia da ignorância vicejam como pragas na seara. E pra escandalizar ainda mais a mentalidade autoritária de certo pseudo-cristianismo, viveu tudo aquilo que pregou, investindo na formação de líderes cristãos de todo o mundo, especialmente dos países pobres, através do Fundo Langham Partnership International.
Que a alma de John Stott descanse em paz, mas não o seu pensamento. Que ele permaneça vivo nas páginas de seus livros, inquietando pastores e crentes, e incendiando altares em todo o mundo.
Amém.

O "Professor" de Jesus


Pintura "Salomé com a cabeça de João Batista", Caravaggio, 1607 - National Gallery, Londres

“Entre os nascidos de mulher, não há maior profeta que João Batista” (Lucas 7:28);

Uma das passagens dos Evangelhos que mais me emociona é o trecho de Mateus 11, em que discípulos enviados por João Batista questionam Jesus sobre se realmente ele era o Messias prometido ou se deveriam esperar algum outro. Após respondê-los que “os cegos vêem, os coxos andam, os paralíticos são levantados e aos pobres é anunciado o Evangelho”, Jesus inicia um discurso profundamente elogioso, emocionado mesmo, sobre João Batista. Para quem lê a Bíblia com os olhos de um cristão, trata-se de um fato nada desprezível ser digno de menção pelo próprio Filho de Deus.
A narrativa dos Evangelhos é bastante elíptica, com frases curtas, bem ao estilo da antiga literatura judaica, e por isso muita gente que lê os textos apressadamente pensa que João Batista apenas batizou Jesus, e pronto. No entanto, Joao Batista foi, por muitos anos, um importante profeta, que apesar de vestir-se mal e ter hábitos estranhos, levava multidões ao deserto para ouvi-lo, gente que percebia a bênção de Deus sobre sua vida. Uma dessas pessoas foi o próprio Cristo, de quem o profeta tornou-se uma espécie de mentor, de professor, alguém que lhe “preparou o caminho”. O próprio Jesus deixa isso bastante claro quando os fariseus lhe perguntam de quem ele havia recebido autoridade para pregar, e Jesus declara que foi através do Batismo de João Batista.
Depois de batizar Jesus, João Batista continuou arrebanhando discípulos e pregando o arrependimento. Muitos deles apenas tinham ouvido falar de Jesus, e tinham muitas dúvidas. João Batista sabia que, para estes, não bastava apenas argumentar. Por isso João mandou que fossem até Jesus, para que vissem com seus próprios olhos.
Mais do que crer em Deus, o que precisamos verdadeiramente é ter um encontro pessoal, uma experiência com Ele. Muitos que afirmam crer em Deus crêem apenas por uma convenção social, mas não têm, de fato, uma experiência pessoal com Ele. João Batista compreende esta necessidade, e num gesto de grandeza de quem não tem receios autoritários quanto a seus discípulos, manda-os até Jesus, que não precisou defender com palavras sua condição de Messias: os milagres, os frutos, falavam por si mesmo. Joao Batista estava preso porque tinha desafiado o rei ao denunciar seu pecado de adultério. Mesmo assim, Jesus exaltou a grandeza de João Batista, o precursor de seu ministério. Fala com carinho sobre o primo e preceptor, com a grandeza de quem não veio para desconstruir o passado, mas para ajustá-lo à perspectiva do presente. Fez isso de maneira absolutamente coerente com o que disse no Sermão do Monte: “Não vim para revogar a lei, mas para cumprir”.
Por isso, sempre desconfio de todo tipo de “movimento salvacionista” que surge criticando tudo o que existiu antes e se apresentando, sem modéstia, como “os únicos portadores da verdade”. Este tipo de comportamento deve ser sempre vigiado de perto, seja no campo da fé, da política, das ciências... qualquer um que chega com aquele discurso de “nunca antes na história deste país...” Cuidado. Se for na igreja, é heresia. Se for nas artes ou nas ciências, é embuste; e se for na política, é autoritarismo puro mesmo. Jesus, como provam estas passagens do Novo Testamento, não desconheceu os que deram do seu suor antes dele. Quem somos nós, portanto, pra agir desta forma?

terça-feira, 14 de junho de 2011

A triste "viagem" de FHC



Nesta semana, o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso completou 80 anos. O homem que se notabilizou nas ciências como um estudioso das desigualdades sociais e que – irrefutavelmente – contribuiu para o início de um ciclo virtuoso de emancipação econômica dos pobres do Brasil, retornou meses atrás ao debate público nacional, como principal líder de uma campanha, no mínimo, estranha: a descriminação do uso de todas as drogas, especialmente a maconha.
Junto com muitos brasileiros, considero Fernando Henrique o estadista mais importante de nossa história recente. Quanto mais recuamos no tempo, mais ficam claros os terríveis desafios que sua equipe teve de enfrentar para implantar o Plano Real, o Bolsa Escola, a estabilização da economia e da democracia, enfrentando uma oposição implacável e freqüentemente injusta com seu legado.
Entretanto, o fato de admirar seus feitos não me obriga a registrar, com decepção, os descaminhos dessa sua nova empreitada. Como pastor, acompanho o tema das drogas há algum tempo, e os males que sua disseminação produz na sociedade, o que me obrigou a buscar formação na área, através de um curso de Capacitação no Combate ao Uso Abusivo de Drogas, da Secretaria Nacional Antidrogas do Ministério da Justiça (criada, por sinal, no governo de FHC). Na formula que o ex-presidente defende, o uso de todas as drogas não seria mais criminalizado, mas o tráfico continuaria sendo proibido. Surpreende que o líder de um governo que revolucionou a economia não consiga perceber que esta seria a melhor alternativa para os traficantes, e isso graças a um conceito elementar da economia: a lei da Oferta e da Procura. Com o consumo liberado, aumentaria a demanda, mas a oferta continuaria reprimida, o que aumentaria o preço – e em conseqüência, os lucros – do crime organizado.
FH agora se tornou o herói dos militantes da legalização da maconha, que defendem o livre comércio da droga sob a alegação de que seria “menos nociva” do que certas drogas legais, como o álcool e o tabaco. Este argumento vai na contramão do que vem sendo feito pelas autoridades de saúde no Brasil – inclusive o então ministro da Saúde de seu próprio governo, José Serra – que conceberam ferramentas pra coibir o consumo de drogas legais. Ao invés de apoiar ações como a Lei Seca nas estradas e a proibição do cigarro em locais de uso público, o ex-presidente quer mais liberdade para viciados, onerando nosso já combalido Sistema Único de Saúde. Além disso, chamar a maconha de “leve”, justo uma droga capaz de provocar perda de memória, depressão, hiperemia conjuntival, taquicardia, alucinações e câncer, é no mínimo desonestidade intelectual.
Ao defender a descriminação das drogas, FHC faz graça para os intelectuais de esquerda - uma platéia que sempre o rejeitou, numa tentativa desesperada de lhes conseguir o aplauso. Pode ser até que consiga, mas será à custa de centenas de famílias destruídas e desagregadas por toda sorte de vícios, e que acreditam no caráter pedagógico da punição criminal para seu uso. Essa nova “viagem” do ex-presidente macula seus 80 anos para garantir a “curtição” de uma turma que prefere mudar a lei a se adequar a ela. Lamentável.

sábado, 21 de maio de 2011

Liberdade de crença: Um passo atrás?



Pois por que há de a minha liberdade ser julgada pela consciência de outrem? (1ª Co 10:29b)

Como qualquer nação do mundo, o Brasil também gosta de, vez por outra, ressaltar perante a comunidade internacional alguns dos traços culturais que o tornam diferente do resto do mundo. Mais do que simples país do futebol, o Brasil sempre prezou ser reconhecido como uma pátria multiétnica e de absoluta liberdade religiosa. O país que na visita do papa João Paulo II em 1981 era considerado o maior país católico do mundo, é hoje também o segundo maior país protestante, o maior país pentecostal e também o maior país do espiritismo, tudo isso sem ter perdido a liderança no rebanho católico-romano. Além disso, é a pátria onde judeus e muçulmanos são vizinhos em zonas comerciais, construindo um ambiente de tolerância e absoluta liberdade religiosa. Várias vezes os presidentes da Nação referiram-se, quando em solo estrangeiro, sobre a liberdade de credo como uma das marcas mais distintivas da identidade nacional.
Mas nem sempre a liberdade religiosa foi absoluta no Brasil. A religião oficial do Império era exclusivamente a católico-romana, e o brasileiro não-católico era um cidadão de segunda classe, que não poderia ocupar cargos públicos, por exemplo. A existência de outros credos era oficialmente tolerada, desde que praticassem sua fé exclusivamente dentro de seus locais de culto, que não poderiam ter nem mesmo a aparência exterior de templo. É por esta razão que a maioria das igrejas evangélicas brasileiras, até o dia de hoje, não possui torres, sinos ou outros traços arquitetônicos semelhantes. O cristão evangélico tinha a manifestação de sua fé restrita exclusivamente ao templo, porque para a Coroa, a fé evangélica era um credo estrangeiro que atentava contra a identidade nacional. Mais tarde, no período republicano, mesmo com a separação oficial entre Igreja e Estado, a ameaça hegemonista sempre rondou de perto os evangélicos, roçando as franjas do autoritarismo. Foram inúmeras as igrejas protestantes destruídas por ordem de sacerdotes e freis no Nordeste, do que dá testemunho a literatura de cordel.
Hoje, em pleno século XXI, um novo perigo ronda a liberdade de crença num país que ama ostentar ao mundo sua tolerância religiosa. Na busca legítima por punições contra atos de violência de que são vítimas, grupos de homossexuais erram o alvo, e ao invés de propor uma legislação mais dura contra a ação de bandos que os agridem nas ruas de São Paulo e Rio – como skinheads e outras facções de corte ideológico fascista – voltam suas baterias contra as igrejas cristãs em geral, e as evangélicas em particular. Sob o cândido apelido de “Lei da Homofobia”, o Projeto de Lei 122/2006 propõe, entre outras coisas, punir com x anos de cadeia quem praticar “violência filosófica” contra um homossexual. Na prática, a simples citação do trecho bíblico de Romanos que define a prática homossexual como pecado deixaria de poder ser mencionada, transformando parte da Bíblia Sagrada, que para os cristãos é a Palavra Viva, em “letra morta”.
Diante da forte reação negativa das igrejas e da sociedade civil, a senadora Marta Suplicy, responsável pelo desarquivamento da lei no Congresso Nacional, propôs uma manhosa alteração, isentando de punição as manifestações feitas em locais de culto, restringindo a liberdade constitucional de crença e consciência a um único espaço físico.
Em que pese as boas intenções de quem imaginou, através desta proposta, defender os direitos de uma parcela da população, não há como mitigar o seu viés autoritário e anticonstitucional. Sob o pretexto de promover os direitos de um grupo da sociedade, avança-se sobre as garantias constitucionais de toda a população. Sim, pois se hoje se defende restringir a liberdade de crença de alguns por “bons” motivos, nada impede que isso ocorra de novo, no futuro, por qualquer outra razão.
Se no passado, a desculpa para circunscrever a liberdade dos evangélicos aos limites das quatro paredes dos templos era o nacionalismo, hoje é o humanismo politicamente correto que busca transformá-los novamente em cidadãos de segunda classe, sem direito pleno à expressão de suas convicções, por mais anacrônicas que pareçam a alguns. É triste que valores com mais de dois mil anos de história estejam hoje na alça de mira de um pensamento que, a pretexto de pregar a tolerância, pode fazer o Brasil retroceder numa de suas características mais marcantes: a defesa absoluta da liberdade de crença como um patrimônio dos direitos humanos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Meio Ambiente e a Produção: o que a Bíblia diz?



"E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra” (Gênesis 1:26).

Há diversos meses, a sociedade brasileira acompanha com profunda atenção os debates que se travam no Congresso Nacional, em torno do projeto do novo Código Florestal. De um lado, ecologistas defendendo que a legislação permaneça como está, alegando que alterações podem colocar em risco a preservação de nossos recursos naturais, a Amazônia em particular. De outro, produtores rurais alegam a necessidade de uma lei ambiental que possua menos restrições à atividade produtiva, pois estes limites, segundo eles, servem mais para inibir o potencial da competitiva agricultura brasileira do que propriamente proteger o meio ambiente. Trata-se, sem dúvida, de um debate tensionado por dois radicalismos, que precisam encontrar seu ponto de equilíbrio e convergência no Congresso Nacional - aliás, esta é a função fundamental do Legislativo em qualquer democracia.
Trata-se de um tema de importância crucial para o futuro do país, e que por isso mesmo, deveria chamar a atenção dos cristãos. Preservação ambiental e produção de alimentos seriam mesmo questões inconciliáveis? Como a fé cristã trata deste assunto? O que a Bíblia nos diz sobre esse assunto? Quem é mais importante, a ecologia ou a alimentação humana?
O livro do Gênesis nos apresenta um relato poético da criação que é prenhe de significados. Ao entregar a Adão o cuidado do Jardim do Éden, Deus confiou ao ser humano a missão e a responsabilidade de zelar sobre a criação. Nos tempos em que as igrejas não estavam preocupadas demais com a prosperidade financeira de seus membros e ainda se pregavam as doutrinas fundamentais da fé, era comum se falar do tema "Mordomia Cristã", o conceito de que somos "mordomos" de Deus, ou seja, gestores dos bens que Ele, na sua infinita bondade e sabedoria, nos legou.
Todavia, é a natureza que deve estar a serviço do homem, e não o contrário, como apregoa o “biocentrismo”, corrente científica que não identifica diferenças substanciais entre o homem e os animais. Não se trata de verdadeira ciência, mas sim de uma ideologia a serviço do radicalismo ecológico. Este pensamento se tornou a metafísica mais influente no atual movimento ambiental, que parte do pressuposto que os desequilíbrios ambientais do planeta são "antropogênicos", ou seja, gerados principalmente pelo homem, o que nem de longe é consenso na comunidade científica.
A Bíblia é profundamente ecológica. Mas não respalda o tipo de ecologia radical que vê o homem como um estorvo ao meio ambiente. Antes, pelo contrário, a fé cristã defende que a natureza pode e deve estar ao serviço do desenvolvimento da humanidade, e que por isso mesmo o uso dos recursos naturais deve ser sustentável. Ou seja, não há dicotomia entre a produção de alimentos e a preservação ambiental, como faz crer o movimento ecológico moderno.
O tipo de ecologia alarmista que hoje se manifesta, num jogo onde se misturam interesses poderosos e inconfessáveis, tenta impor uma legislação que, na prática, confisca reservas de terra de milhões de pequenos produtores, impedindo-os de ser sinal de luz e esperança num mundo tão necessitado de alimentos. O Brasil, abençoado com uma natureza pujante e uma agricultura de ponta, pode e deve olhar para a inspiração contínua do Evangelho, sendo fonte de alimento para as gerações futuras do planeta. Há quem prefira um país engessado por uma legislação ambiental profundamente restritiva, movimentos cegados para a realidade por uma ideologia que idolatra a natureza em detrimento da dignidade humana. “Não se preocupe com eles. São cegos guiando outros cegos. Ora, se um cego guia outro cego, os dois cairão num buraco” (Mateus 15: 14).
Deus vos abençoe abundantemente.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

União Homoafetiva ou Retrocesso Constitucional?



“Portanto, dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22:12)

Num julgamento que mobilizou as atenções de toda a sociedade civil, o Supremo Tribunal Federal promoveu um completo redesenho do conceito de entidade familiar, conforme expresso na Constituição Federal. Pela nova decisão, os casais homossexuais passam também a ser considerados como famílias. A decisão, apesar de ser polêmica na sociedade civil, foi aprovada pela unanimidade dos membros do STF aptos a julgar a causa. Outros temas que tinham maior penetração na sociedade, como a Lei da Ficha Limpa, nem de longe tiveram a mesma apreciação da nossa Suprema Corte.
As vozes contrárias à medida, tanto no que diz respeito ao mérito quanto à forma como foi aprovada, costumam ser satanizadas, especialmente se confessem a fé evangélica ou católica. Quando a CNBB ou uma igreja evangélica se pronunciam, logo surge alguém para lembrar que o Estado é Laico, querendo dizer que os cristãos não deveriam, de forma alguma, se pronunciar sobre temas da esfera pública, numa visão bastante peculiar e distorcida de democracia.
Como cristão, compreendo que a legislação civil não tem qualquer obrigação de recepcionar nossos valores, e que o Estado tem o dever de buscar o bem-estar de todos os seus cidadãos, independente de credo, raça e orientação sexual. Na verdade, o próprio Cristo instituiu claramente o princípio da separação entre Igreja e Estado, ao dizer “daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”. Entretanto, observar que dez ministros do STF decidiram reinterpretar a Constituição contrariando o que está no texto, é algo extremamente preocupante. O artigo 229 da Constituição afirma taxativamente que entidade familiar é aquela formada por homem e mulher. Para contrariar o que está escrito, os senhores togados apelaram para a poesia jurídica, criando uma interpretação, na prática, inconstitucional. Em outros casos, como a Lei do Ficha Limpa, metade dos juízes preferiu o que foi ignorado agora – a letra fria da lei.
Outro fato que me chamou a atenção no voto proferido pelos ministros, foi a má vontade com aquilo que foi chamado, num tom jocoso, de “família tradicional”. O ministro Ricardo Lewandowski foi bastante claro ao opor o “modelo heterossexual,de caráter patrimonial”, à família heteroafetiva, pra ele, “baseada no afeto”, quase como se não houvesse afeto nas relações heterossexuais, e como se a própria Ação julgada não buscasse direitos patrimoniais para os casais homoafetivos. Um viés ideológico de contestação à família como “núcleo da sociedade burguesa”, à moda Mark Poster. Há que se conceder direitos? Então mude-se a lei, mas não com o STF instituindo, na prática, uma nova legislação, furtando um papel que é do Legislativo. Se é verdadeiro o ditado que diz que o direito de um termina onde começa o de outro, as conquistas de um segmento da população não poderiam avançar às custas das garantias constitucionais de todos.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Livre-se dos Porcos...


"Não dêem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão” (Mateus 7:6).

Muitas pessoas cultivam a respeito de Jesus a imagem de que Ele era um mestre do Amor, o maior pacifista de todos os tempos. A primeira sentença é absolutamente correta, mas não a última. O pensamento que reduz Jesus à condição de grande pacifista conduz ao erro de supor que seus ensinamentos não podem ser aplicados às situações de conflito que experimentamos em nossa vida.
Felizmente, o Jesus que a Bíblia nos apresenta era, sim, Mestre do Amor e Príncipe da Paz, mas acima de tudo, era também um Mestre da Vida. E a vida, como sabemos, não possui somente momentos agradáveis. Há situações em que escapar ao conflito não é uma opção, e Ele próprio não deixou de ter controvérsias bastante duras, seja discutindo com os fariseus, seja expulsando os cambistas e mercadores do Templo, e até – ousadia das ousadias – chamando Herodes de raposa. Jesus não entrava em conflito o tempo todo, é claro. A diferença – e isso deveria ser lição para nossa vida – é que ele sabia quando um conflito era imprescindível.
Nos dias de hoje, costumamos gastar tempo e energia com pessoas que não deveriam merecer um milionésimo de segundo de nossa atenção. Reagir a toda e qualquer provocação, a qualquer tempo, é uma forma segura de desperdiçar energia, que poderia ser mais bem empregada em atividades proveitosas. É isso que Jesus quer nos dizer quando nos recomenda que “não atiremos pérolas aos porcos”. Na cultura judaica, de onde vêm as bases do Cristianismo, o “porco” representava a impureza. Ou seja: não se deve perder tempo com quem não merece esse tempo.
Aqui no Sul, usa-se muito o ditado: “Quem muito se mistura aos porcos acaba comendo farelo”, uma frase de inspiração bíblica, que relembra a passagem do Filho Pródigo, que deixou a casa do pai para terminar desejando o que os porcos comiam. É exatamente a respeito disso que Jesus nos alerta. Há pessoas que, por mais que queiram, não tem condições efetivas de desestabilizar você, a menos que você mesmo lhes dê espaço. Outros vão procurar ter conflito direto com você por inveja e até desejo de ibope, coisa que só irão obter se você lhes der atenção.
Há conflitos que, vez por outra, precisam ser comprados. Jesus combateu os fariseus porque acreditava em uma causa que valia a pena ser defendida. Mas ignorou as provocações de Pilatos. Há pessoas que não merecem a honra de um combate. Livre-se dos porcos e priorize gastar seu tempo naquilo que realmente importa.
Deus te abençoe grandiosamente.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Não somos racistas ou homofóbicos: uma atitude concreta


Externei aqui, neste blog, há alguns dias, minha indignação a respeito das declarações do deputado federal e pastor Marco Feliciano (PSC-SP), que baseado numa visão teológica tão difundida quanto errônea, afirmou que os negros carregam uma maldição hereditária. As declarações, além de teologicamente estapafúrdias, colaboram com os que pretendem expor os evangélicos do Brasil como uma desprezível horda de obscurantistas, pois isso fica bem para a agenda dos que querem aprovar leis liberticidas, como a PEC 122.

Entretanto, há ocasiões em que Deus nos convoca para a AÇÃO. Foi por isso que, aproveitando o ensejo de uma reunião da Bancada Gaúcha de Deputados Federais, apresentei á presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, deputada Manuela D'Ávila (PC do B) um documento contestando as argumentações "teológicas" do pastor-deputado, ao tempo em que expus nossos argumentos a respeito da inconstitucionalidade da PEC 122. É possível que não faça diferença no debate da CDH? Sim, mas ao menos nossa contribuição está lá, de forma oficial e efetiva. Não será por omissão que vamos permitir que o nome do Senhor seja enxovalhado.

Eis o texto que entreguei à deputada:

São Gabriel, 4 de abril de 2011


Exma. Sra. Dep. MANUELA D’ÁVILA
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados
EM MÃOS


Senhora Deputada:


Ao cumprimentá-la, colhemos do ensejo em que Vossa Excelência se encontra em Porto Alegre para vos encaminhar o presente manifesto, na condição de pastor evangélico ligado á Igreja do Evangelho Quadrangular, uma das maiores denominações pentecostais do país, e também como presidente da Associação Cultural e Beneficente Príncipe da Paz, pessoa jurídica de direito privado, associação civil de cristãos evangélicos voltada à filantropia e defesa dos valores cristãos na cultura da sociedade civil. É revestido, portanto, desta dupla responsabilidade que vimos à Vossa Excelência externar preocupações que são compartilhadas pelos cristãos evangélicos de todo o Interior do Rio Grande do Sul.
Há alguns dias, o Congresso Nacional delibera sobre o impacto de declarações do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), nas quais afirmou que os negros são herdeiros de uma maldição bíblica. Em sua defesa, alegou a própria afrodescendência, mas afirmou que sua concepção seria um ensino teológico comum a todos os evangélicos brasileiros.
Excelência, tal ilação consegue ser mais absurda que a primeira. É verdade que a idéia da Maldição de Cam é um erro teológico bastante difundido. Como teólogo, posso vos afirmar que este conceito foi empregado em 1826 pelo famoso sacerdote da inquisição católica, Juan Bautista de lãs Casas, como justificativa religiosa para a escravidão.
A Teologia Sistemática reconhece a existência dos conceitos de Bênção e Maldição, mas o mais correto é dizer que as maldições do Antigo Testamento são revogadas na pessoa de Jesus Cristo. que nos resgatou de toda maldição (Gl 3.13) e da lei do pecado da morte (Rm 8.2) e nos deu a liberdade, fazendo-nos filhos de Deus (Rm 8.15 e 16).
Discordamos radicalmente desta concepção equivocada do deputado Marco Feliciano. Todavia, compreendemos que por trás da repercussão dada à suas declarações, há um movimento que procura retratar os evangélicos brasileiros como um bando de detestáveis obscurantistas, de forma a minimizar nossas restrições a temas polêmicos como a PEC 122 – apelidada pela mídia de “Lei da Homofobia”, por nós definida como “Lei da Mordaça”.
Entendemos, deputada, que todo ser humano é livre para viver sua sexualidade da forma como melhor lhe aprouver, mas acreditamos que aprovar uma legislação que puna a simples manifestação de contrariedade com este tema, mesmo por razoes de crença, é um atentado inadmissível à liberdade de expressão.
É claro que repudiamos a violência contra homossexuais ou qualquer outra pessoa. Todavia, cremos que a Constituição já é suficiente para punir os que discriminam. Acreditamos que a PEC, da forma como está proposta, veda a liberdade de expressão de milhões de brasileiros, ameaçando, portanto, o Estado Democrático de Direito.
É fácil se comprometer com a liberdade de expressão quando se trata de defender pontos de vista com os quais concordamos. Todavia, nosso compromisso efetivo com a liberdade é testado diante de visões ou opiniões que discordamos frontalmente. Sendo Vossa Excelência uma parlamentar que foi eleita por um universo polifônico de pessoas – sei inclusive de muitos evangélicos que votaram em Vossa Excelencia -, apelamos para que encaminhe esta discussão para o bom senso. Afinal, cremos que os próprios homossexuais não querem a conquista de seus direitos sociais à custa da supressão do direito alheio.

Respeitosamente.


Pr. CLÁUDIO MOREIRA
Teólogo e Escritor

quinta-feira, 31 de março de 2011

Não, nós não somos racistas



“Ora, na igreja em Antioquia havia profetas e mestres, a saber: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes o tetrarca, e Saulo”. (Atos dos Apóstolos, 13:1).

Olhando para os escombros da Cidade Santa devastada pelos babilônicos, o profeta Jeremias, que se cansou de tanto avisar a seu povo que se arrependesse para evitar o pior, só conseguia chorar e se perguntar: “O que fizeram com Jerusalém?”. Eu, uma formiga perto da eloqüência e de fé de Jeremias, olho para o espírito de rapina de alguns pastores de hoje e só consigo repetir a mesma oração, que me acompanha como um lamento: “Deus meu, o que estão fazendo com a tua Igreja?”. Como se precisasse mais um motivo para a mídia e a sociedade estereotiparem os cristãos evangélicos do Brasil como gente ignara, atrasada e preconceituosa, vem a público o pastor Marco Feliciano, estupidamente eleito deputado federal pelo PSC de São Paulo, e expõe em seu Twitter declarações racistas, sugerindo que os negros são gente amaldiçoada por Deus.
Não é de hoje que o pastor e hoje deputado Marco Feliciano faz das suas. Lembro que seu nome era figurinha carimbada nos congressos pentecostais dos Gideões Missionários da Última Hora. Logo, a história humilde do pastor que veio de baixo, que não era filho nem genro de nenhum medalhão influente do meio evangélico, cativou multidões. Eu mesmo, na meninice da minha fé cristã, cheguei a gostar das pregações do cara, antes que ele se transformasse nessa mistura lamentável de analfabetismo teológico, autoritarismo eclesiástico e vaidade exacerbada.
O que Feliciano disse no Twitter é um absurdo, mas lamentavelmente é um absurdo influente. Já ouvi até mesmo de pastores negros esta especulação teológica, que sugere que os negros teriam herdado a maldição imposta por Noé a seu filho Cam, ascendente bíblico dos africanos. Trata-se de um equívoco muito antigo. Quincin Duncan, no livro “Identidade Negra e Religião” relata que o sacerdote católico Juan Bautista Casas, em 1869, usava esta passagem bíblica para justificar o sistema escravocrata existente no Brasil. Muitos pastores protestantes da época lamentavelmente pensavam do mesmo modo, mas havia no Brasil pastores como Ashbel Green Simonton e Robert Kalley, que lutaram pela abolição e não toleravam que membros de suas igrejas tivessem escravos.
Não surpreende, portanto, que Feliciano reproduza essas asneiras. Alguém que, ao invés de fazer suas orações em Nome de Jesus costuma dizer “quem está te pedindo, Pai, é Marco Feliciano”, decididamente é capaz de tudo. Não, Feliciano, os negros não são amaldiçoados. Se essa é a mensagem do seu Cristianismo, com toda certeza não professamos a mesma fé.
O Cristianismo que eu conheço ensina que todas as maldições do Antigo Testamento, fossem elas contra sírios, negros ou judeus, foram substituídas pela Bênção da Nova Aliança. Jesus nos resgatou da maldição (Gl 3.13) e da lei do pecado da morte (Rm 8.2) e nos deu a liberdade, fazendo-nos filhos de Deus (Rm 8.15 e 16).
A Fé Cristã apregoada pelos apóstolos formou uma igreja multiétnica, multirracial, que tinha espaço para que um negro como Simeão e um irmão de Herodes como Manaém, fossem mestres e doutores da mesma igreja em Antioquia. A fé que eu proclamo é a da mensagem que Billy Graham pregou na Índia: “Este Jesus era um homem do oriente, que tinha uma pele mais escura que a minha e uma mensagem que vinha do Céu”. A mesma fé do bispo anglicano Desmond Tutu, do pregador Willian Seymour, do pastor Martin Luther King. A fé que fez do movimento pentecostal brasileiro a religião mais negra do Brasil.
Diante do Poder da Cruz, não há Maldição de Cam que resista.

domingo, 27 de março de 2011

Quo Vadis?


Não havendo profecia, o povo perece; porém o que guarda a lei, esse é bem-aventurado.(Provérbios 29;18)

Há uma letra de samba muito popular no país, que chegou até a ser usada por um técnico de futebol como mote motivador para a Seleção Brasileira que conquistou o pentacampeonato de 2002. Pessoalmente, me assusta que alguém possa se sentir motivado com uma canção que diz "deixa a vida me levar, vida leva eu". A letra apresenta a auto-definição do bom brasileiro como um sujeito boa praça, de bom coração, sem maiores ambições e que simplesmente não traça objetivos. Ele é literalmente levado pelos acontecimentos da vida. Não é ele quem leva a vida, é a vida que o leva.
A Bíblia Sagrada nos aponta um conselho totalmente diferente. Em Provérbios 29:18, o rei Salomão exclama que "Não havendo profecia, o povo perece". É preciso compreender que, neste versículo, a palavra "profecia" nada tem a ver com predição do futuro, conforme o entendimento popular de hoje, mas significa "direção", "orientação", "foco". Nenhuma pessoa pode viver uma vida de qualidade sem um direcionamento claro, Quem tem um alvo sabe onde quer chegar. Pra quem não sabe onde está indo, qualquer lugar serve.
O capítulo 13 do Primeiro Livro de Reis nos fala de um profeta que, nos tempos do Rei Jeroboão, foi capaz de denunciar o rei por seu culto idólatra a deuses pagãos. O rei chegou a mandar prendê-lo, mas quando estendeu a mão em direção ao profeta, sua mão ficou leprosa, tamanha era a proteção de Deus sobre aquele profeta. Tudo o que ele falava, acontecia. Quando disse que o altar iria se rachar e suas cinzas se espalharem, foi exatamente o que aconteceu. Mas tudo isso porque ele tinha um foco: "Porque assim me ordenou o Senhor, por sua palavra" (1 Rs 13:9) ou seja, ele estava sendo obediente a um Foco, uma Direção Superior que havia sido traçada para sua vida, que incluía inclusive não parar no caminho de volta nem mesmo para se alimentar.
Entretanto, outro homem, impressionado com aquele profeta, o deteve no caminho de volta e insistiu para que aceitasse comer em sua casa. O profeta acabou aceitando, e por ter se afastado do que Deus lhe dissera, foi devorado por um leão (1 Rs 13:24). Deus também deixou para nós, uma orientação expressa em sua palavra. Deixar de seguir sua orientação é uma escolha nossa, mas é certo que, quando escolhemos ignorar a vontade de Deus, não nos cabe reclamar das circunstâncias.
Por outro lado, Deus também é poderoso para corrigir uma rota equivocada. Saulo de Tarso era um fariseu empedernido, que perseguia os primeiros cristãos. Porém, a caminho de Damasco, onde pretendia prender muitos seguidores de Jesus, teve a visão do próprio Cristo, dizendo:"Quo Vadis (onde vais)?". O encontro com Jesus ressuscitado mudou o coração e as prioridades de Saulo, que passou a se chamar Paulo, o apóstolo dos gentios.
Deus quer dar uma direção para sua vida, e ela está escrita em um livro com mais de 2 mil anos de história, Talvez valha a pena ouvi-lo.
Deus te abençoe abundantemente.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Nós não somos obscurantistas



Pr. Martin Luther King, Robert Raikes, William Wilberforce, Dietrich Bonhöeffer, Pr. Jaime Wright, Missionário Manoel de Mello, Dom Oscar Romero e Dom Paulo Evaristo Arns. Qualquer estudioso que se preze chamaria estes homens de fé de heróis da humanidade.

Olho pra todos os lados, para as páginas dos jornais, para o noticiário frenético da televisão, pra tela fria das redes sociais, e meu coração só consegue exprimir uma única pergunta ao Deus Todo Poderoso: “O que fizeram com o Cristianismo?”. Na esteira da indigência cultural de uma geração despreparada para pensar e argumentar, cresce a aceitação de livros e artigos de ateus militantes como Richard Dawkins, Daniel Bennet, Sam Harris, Christopher Hitchens, entre tantos outros. Na leitura de suas diatribes, tão agressivas quanto infantis, não reconheço o Deus de que estão falando, contra cuja existência se apresentam tão irados. O Deus cuja menção provoca ira nestes ateus é um carrasco, misógino, e quando eventualmente fala de amor, não está nem mesmo sendo original, porque repete o que outros já haviam dito antes. Um tipo de Deus que os faz concluir que o mundo, refém de guerras religiosas e fanatismos vários, ficaria melhor sem Ele. De onde tiraram isso? Quando foi que a mensagem cristã, o Evangelho de Jesus começou a ser associado ao obscurantismo, ao atraso?
Eu me faço esta pergunta, mas no fundo, sei a resposta. Sim, sim, eu também conheço o Deus de quem falam estes ateus. Eu o vejo por aí, na pregação não menos histriônica e infantil de líderes religiosos pretensamente cristãos. Como esperar que um europeu pós-moderno veja algo de bom num Deus propagado por padres pedófilos? Como esperar que um sul-americano minimamente honesto não sinta sua inteligência agredida quando fica claro que o pastor mantém o padrão de vida de um executivo ás custas da contribuição dos fiéis, que passa a ser apresentada como uma “semente”, na maior empulhação teológica dos últimos tempos? Como esperar que um homossexual acredite que Deus ama o pecador apesar do seu pecado, quando líderes influentes do segmento evangélico os tratam com evidente desamor, agravando ainda mais a sua já tão dura rejeição social? Como apresentar um Deus de amor se a imagem que se revela é de líderes egoístas, autocentrados, manipuladores, despóticos e hipócritas na sua intimidade?
Este não é o meu Deus! Do fundo do meu coração, este não é o meu Cristianismo! Não é esta a fé que a Bíblia Sagrada me mostra. A Palavra Revelada apresenta um Deus que emancipa e promove o homem, não um deus que o massacra, o restringe, o manipula.
O Evangelho em que creio fala de um Emanuel, um “Deus-conosco” que aceitou jantar na casa de um político corrupto chamado Zaqueu, que já apanhava o suficiente dos fariseus e não havia mudado, mas encontrou no amor de Jesus uma motivação para transformar sua vida completamente. Um Deus que supera o simples moralismo, de antes e de hoje.
O Evangelho que eu li fala de um Jesus que comia na casa de um fariseu (sim, de um fariseu!) e que acolheu o gesto desesperado de uma prostituta derramando óleo de nardo, perfume caríssimo, provavelmente comprado com o dinheiro do pecado, a seus pés. Alguém que finalmente viu o desespero de uma mulher que se entregou a tantos porque estava em busca de amor, e foi liberta justamente quando Ele disse que ela “muito amou”.
O meu Cristianismo é o que inspirou John Milton e Willian Wilberforce a lutar pelo fim da escravidão na Inglaterra. É a mensagem que motivou o jornalista metodista Robert Raikes a alfabetizar filhos de operários usando a Bíblia Sagrada em plena Revolução Industrial, criando a primeira Escola Bíblica, mãe do ensino público fundamental na Europa.
O meu Cristianismo moveu homens na luta contra regimes autoritários. Dietrich Bonhöeffer e Martin Niemöller na Alemanha nazista, Dom Oscar Romero em El Salvador, e figuras como o cardeal católico Dom Paulo Evaristo Arns, o pastor presbiteriano Jayme Wright e o missionário pentecostal Manoel de Mello na ditadura militar do Brasil.
O Cristianismo em que eu creio motivou uma mulher negra chamada Rosa Parks a não ceder seu lugar a um branco no ônibus, dando o primeiro passo para a marcha liderada por Martin Luther King. Num tempo de ódio e revanchismo incitado por Malcolm X, o sonho de King incluía negros e brancos lado a lado.
A fé em que creio sempre caminhou semeando mudanças que nos levaram adiante. Não reconheço a mensagem da Cruz neste pseudo-evangelho triunfalista, reduzido apenas à moralidade. Deste “outro evangelho”, Hitchens, Dawkins e outros que tais, podem falar à vontade. Que eu até ajudo.

terça-feira, 15 de março de 2011

Para Pensar Depois da Tsunami


“E haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas (Lucas 21:25)”.

Os três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), assim chamados por apresentarem uma sucessão quase idêntica dos acontecimentos da vida de Jesus, nos trazem registros bastante similares sobre um sermão de Jesus Cristo dirigido aos apóstolos, onde os responde como distinguir os dias em que ocorreria o fim dos dias, ou a Nova Criação, como traduz, de forma bastante correta, a tradição judaica. Em todos os três textos, há um mesmo discurso, com pequenas alterações, onde Jesus fala de uma época que ele chama de “princípio das dores”, em que os cristãos deveriam estar vigilantes para o seu retorno. No versículo 7 de Marcos 24, Jesus diz: “Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares”. O texto de Lucas 21, quase idêntico, assim afirma: “E haverá em vários lugares grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu”.
Falar sobre este assunto no contexto de uma sociedade cética e laicista é visto quase como um absurdo medieval. No entanto, mesmo os mais céticos poderão perceber que algo está errado, diante da Tsunami que atingiu o Japão neste mês de março de 2011, o desabamento na região serrana do RJ, um tornado gigante na Austrália, destruição na cidade gaúcha de São Lourenço. Nesta hora tão difícil, até mesmo os mutirões de solidariedade encontram dificuldades. E a pergunta não quer calar. “O que está acontecendo?”. Já que a ciência parece não ter respostas, ousamos abordar o assunto a partir das ferramentas da ciência teológica.
De Samuel Huntington (direita) a Noam Chomsky (esquerda), todos os estudiosos contemporâneos proclamam que o mundo não é mais o mesmo desde o atentado às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001. A violência como método de ação, dentro de uma ótica exclusivista, é característica primordial da pós-modernidade, como foi antecipado no livro bíblico de Daniel: “o amor se esfriará de quase todos, muitos correrão de uma parte para outra, e o saber se multiplicará”. Que época da humanidade se encaixa melhor nesta definição, senão este tempo em que a velocidade da banda larga imprime um frio distanciamento nos relacionamentos pessoais?
Catástrofes naturais e guerras sempre existiram, dirá o cético. Mas até mesmo os geólogos confirmam que apenas nos últimos 50 anos a humanidade conheceu mais terremotos e inundações do que em todos os milênios que nos antecederam. Por causa do que houve no Japão, se voltou a falar da tsunami na Indonésia em 2004, do furacão Katrina em New Orleans, e de uma penca de outros desastres que nos fazem antever o Juízo de Deus sobre sua criação. Desde os tempos de Cristo, nunca a intervenção de Deus na História humana foi tão clara, e paradoxalmente, nunca a humanidade esteve tão alheia a este fenômeno. Deus está preparando a humanidade para se confrontar com suas escolhas, e inevitavelmente teremos de fazer as nossas. Aquele que escolher entregar sua vida aos parâmetros de Cristo, ditados na sua Palavra, certamente fará a diferença. O apelo de Cristo ecoa claramente nas ondas do tempo: “Eis que venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa (Apocalipse 3:11)”.

Artigo originalmente escrito em 26 de novembro de 2008, por conta das inundações em Santa Catarina naquela época, e readaptado agora, à vista da tsunami japonesa.

terça-feira, 8 de março de 2011

O Maior Feminista de Todos os Tempos



Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! (Mateus 15:28)

O Dia Internacional da Mulher completa 100 anos neste 2011. A origem da data ás vezes é erroneamente associada com o incêndio provavelmente criminoso em uma fábrica de operárias em Nova Iorque em 1911, mas a primeira manifestação organizada desta data que se tem notícia ocorre na Rússia, nas históricas manifestações por “Pão e Paz”, que acabaram deflagrando a Revolução Leninista de 1917. Na gênese dessa data histórica, outros movimentos de reivindicação de direitos em toda a Europa apontam para uma espécie de monopólio ideológico do materialismo laico que, hoje, tem tido bastante êxito em associar sua identidade às conquistas da civilização. Tanto assim é que, para a maioria das pessoas, a religião de um modo geral, e o Cristianismo em particular, está associada ao atraso e ao obscurantismo, enquanto o progresso seria resultado exclusivo da ciência, liderada por um certo saber laico, materialista e anti-religioso.
Entretanto, o fato de esta idéia ser hoje quase onipresente na mídia, nas artes e noutras formas de expressão, não significa que seja verdade. Ao contrário do que ensina nossa übercultura pós-moderna, a fé preconizada por Jesus Cristo sempre foi uma força de inclusão e tolerância, que teve como uma de suas marcas mais distintivas o tratamento dispensado à mulher.
Se Jesus Cristo retornasse hoje à terra, talvez seria obrigado a desautorizar muitos que usam seu nome para oprimir cultural e socialmente as mulheres. Ele, que como Filho de Deus, deveu seu surgimento entre os homens à uma mulher chamada Maria, que aceitou ser a mãe do Salvador (você leu bem: aceitou, não foi forçada a obedecer a um Deus insensível). É este pregador galileu que, anos mais tarde, na sua primeira grande pregação doutrinária, proíbe o repúdio e o abandono social das mulheres, sempre a parte do casal que mais sofria em um divórcio (Mt 5:32).
Jesus agia de forma radicalmente diferente dos rabinos do seu tempo, que não podiam sequer dirigir palavra a uma mulher. Ao contrário, Cristo sempre tratou-as com especial atenção: a mulher do fluxo de sangue (Mt 9:20), a mulher cananéia (Mt 15:28), a prostituta que ungiu seus pés (Mc 14:3), a samaritana junto ao poço de Jacó (Jo 4:7), a mulher flagrada em adultério e perdoada (Jo 8:3) e Maria de Magdala, a ex-prostituta, a primeira pessoa a ver Jesus ressuscitado (Jo 20:11-18), portanto a primeira evangelista da história. O Novo Testamento, escrito por judeus que vinham de uma cultura fortemente machista, não puderam deixar de registrar os atos de um Messias que veio para libertar todos os cativos e oprimidos, e isto incluiu, sim, as mulheres de seu tempo.
Onde quer que a mensagem de Jesus tenha chegado, uma das conseqüências imediatas era o fato de as mulheres reconhecerem seu próprio valor. Sua mensagem impulsionou mulheres da Bíblia como Dorcas (At (9:39), Maria mãe de João Marcos (At 12:12), Lídia (At 16:15), Priscila (At 18:2), e mais recentemente, outras que encontraram nos ensinos de Jesus a motivação para tocar multidões, como as católicas Tereza de Ávila (1515-1582) e Tereza de Calcutá (1910-1997), a protestante Suzana Wesley (1669-1742) as pentecostais Kathryn Kuhlman (1907-1976) e Aimée Semple McPherson (1890-1944) e a ativista negra Rosa Parks (1913-2005), dentre tantas outras que ainda mudam o mundo, anonimamente, todos os dias.
Há ainda um longo trajeto a percorrer na busca da igualdade de direitos, mas os valores da mensagem de Cristo, o maior feminista de todos os tempos, ainda continuam mostrando o caminho.
Deus te abençoe abundantemente.

terça-feira, 1 de março de 2011

Sai pra lá, Jezabel!


Mesmo quem nunca leu a Bíblia certamente já ouviu falar a respeito de um dos seus personagens mais complexos: Jezabel, a filha do imperador dos sidônios, que casou-se com o rei Acab, de Judá. Embora seu nome seja muito associado à devassidão, sua principal característica era o autoritarismo. Durante o reinado de Acab, um homem débil e sem autoridade, foi Jezabel quem exerceu o governo de fato, ordenando inclusive a matança de profetas, sacerdotes e todos quantos cruzassem seu caminho
Existe neste mundo pós-moderno, um comportamento que o sábio pastor Robert Morris denominou “síndrome de Jezabel”. Trata-se de uma distorção de personalidade que torna certas pessoas predispostas a ferir os outros em seus relacionamentos interpessoais, e mais do que isso, ferir constantemente a si mesmos.
O Dr. Morris menciona algumas características de quem tem esta síndrome: Orgulho, manipulação, controle e intimidação. Existe alguém que você trema só de pensar em ter que falar com ele? Há alguém que faz você se sentir desconfortável pela forma como, sutilmente, te intimida?
Eventuais vítimas destas pessoas podem padecer de muitos males. A primeira característica é o Medo. Em 2ª Reis 19, vemos que o grande profeta Elias foi valente para enfrentar 450 profetas de Baal, mas fugiu como uma lebre diante da ameaça desta mulher.
Outra característica é o isolamento. Elias fugiu para o deserto. Uma pessoa autoritária vai sempre tentar te isolar de todas as formas possíveis.
Outra característica é a exaustão. Jó, oprimido por uma enfermidade, narra a dificuldade para dormir. Por fim, esta opressão produz a depressão. Elias e Davi tiveram desejo de morrer. Pensamentos de suicídio são recorrentes em quem sofre este tipo de opressão.
Como superar esta situação? Na Bíblia, Elias ouviu a voz de Deus, foi suprido por Ele e ungiu um novo rei e um novo profeta. A solução, portanto, é clara: Institua novos parâmetros na sua vida e não tolere mais o Espírito de Jezabel. Rompa com esta armadilha que te persuade pelo medo, controle e intimidação. Se você tem falhado nesta área, ore e peça perdão a Deus, e seja Livre.
Deus te abençoe abundantemente.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Deputados Evangélicos que disseram Sim a um Salário Mínimo Maior


Um dever de Justiça me move a abrir este espaço para que o povo brasileiro de todos os rincões saiba quem são, a que partidos e que denominações pertencem os poucos e valorosos deputados da Bancada Evangélica que votaram em favor de salários decentes para o povo brasileiro, que ao menos recompusessem as perdas inflacionárias. Talvez o deputado que você verá não seja do seu Estado, nem do partido de sua preferência. Ainda assim, ore por ele. Para que não esmoreça, para que não se curve às pressões do poder politico, e para que não traiam seus compromissos com todo o povo brasileiro.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Como votou a "Bancada Evangélica" na questão do Salário Mínimo



Este post foge à natureza comum deste blog, predominantemente devocional. Entretanto, a necessidade de uma apologética combativa que produza um choque ético na Igreja Evangélica brasileira nos leva a publicar uma listagem completa dos nomes dos parlamentares da Frente Parlamentar Evangélica, e como votaram no recente debate do Salário Mínimo.

O princípio que nos orienta nesta postagem não é de cunho ideológico, mas unicamente a defesa da transparência. Os evangélicos precisam saber como seus representantes estão votando.

"Porquanto tudo o que em trevas dissestes, à luz será ouvido; e o que falastes ao ouvido no gabinete, sobre os telhados será apregoado" (Lucas 12:3).


Deputados Evangélicos que apoiaram o Salário Mínimo de R$ 545,00:

ADILSON SOARES (PR-RJ) – Igreja Internacional da Graça de Deus
AGUINALDO RIBEIRO (PP-BA) – Igreja Batista
ANDERSON FERREIRA (PR-PE) – Assembléia de Deus
ANDRÉ ZACHAROW (PMDB-PR) – Igreja Batista
ANTHONY GAROTINHO (PR-RJ) – Igreja Presbiteriana
ANTONIA LUCIA (PSC-AC) – Assembléia de Deus
ANTONIO BULHÕES (PRB-SP) – Igreja Universal do Reino de Deus
AUREO (PRTB-RJ) –
AUDÍFAX BARCELOS (PSB-ES) – Igreja Batista
BENEDITA DA SILVA (PT-RJ) – Igreja Presbiteriana
CLEBER VERDE (PRB-MA) – Assembléia de Deus
DR GRILO (PSL-MG) – Igreja Internacional da Graça de Deus
EDINHO ARAÚJO (PMDB-SP) – Igreja Presbiteriana Independente
EDIVALDO HOLANDA Jr. (PTC-MA) Igreja Batista
EDMAR ARRUDA (PSC-PR) – Igreja Presbiteriana Independente
EDUARDO DA FONTE (PSB-PE) -
EDUARDO CUNHA (PMDB-RJ) – Comunidade Sara Nossa Terra
ERIVELTON SANTANA (PSC-BA) – Assembléia de Deus
FATIMA PELAES (PMDB-AP) – Assembléia de Deus
FILIPE PEREIRA (PSC-RJ) – Assembléia de Deus
GEORGE HILTON (PRB-MG) – Igreja Universal do Reino de Deus
GILMAR MACHADO (PT-MG) – Igreja Batista
HELENO SILVA (PRB-SE) – Igreja Universal do Reino de Deus
IDEKAZU TAKAYAMA – Assembléia de Deus
ÍRIS DE ARAÚJO (PMDB-GO) – Igreja Batista
JEFFERSON CAMPOS (PSB-SP) – Igreja do Evangelho Quadrangular
JOSUE BENGTSON (PTB-PA) – Igreja do Evangelho Quadrangular
LAERCIO OLIVEIRA (PR-SE) -
LAURIETE (PSC-ES) – Assembléia de Deus
LEONARDO QUINTAO (PMDB-MG) – Igreja Presbiteriana
LILIAM SÁ (PR-RJ) – Assembléia de Deus
LINCOLN PORTELA (PR-MG) – Igreja Batista Solidária
LOURIVAL MENDES (PTdoB – MA) – Igreja Batista
MARCELO AGUIAR (PSC-SP) – Igreja Renascer
MARCO FELICIANO (PSC-SP) – Assembléia de Deus (Avivamento da Fé)
MARCOS ROGÉRIO (PDT-RO) – Assembléia de Deus
MÁRCIO MARINHO (PRB-BA) – Igreja Universal do Reino de Deus
MARIO DE OLIVEIRA (PSC-MG) – Igreja do Evangelho Quadrangular
NEILTON MULIM (PR-RJ) – Igreja Batista
NILTON CAPIXABA (PTB-RO) – Assembléia de Deus
OTONIEL LIMA (PRB SP) – Igreja Universal do Reino de Deus
PASTOR EURICO (PSB-PE) – Assembléia de Deus
PAULO FREIRE (PR-SP) – Assembléia de Deus
PROFESSOR SÉTIMO (PMDB-MA) -
RONALDO NOGUEIRA (PTB-RS) – Assembléia de Deus
RONALDO FONSECA (PR-DF) – Assembléia de Deus
SILAS CAMARA (PSC-AM) – Assembléia de Deus
SABINO CASTELO BRANCO (PTB-AM) – Assembléia de Deus
SERGIO BRITO (PDT-BA) – Igreja Batista
SUELI VIDIGAL (PDT-ES) – Igreja Batista
VITOR PAULO (PRB-RJ) – Igreja Universal do Reino de Deus
WALNEY ROCHA (PTB-RJ) – Igreja Metodista
WALTER TOSTA (PMN-MG) – Igreja Batista Getsêmani
WASHINGTON REIS (PMDB-RJ) – Igreja Nova Vida
ZÉ VIEIRA (PR-MA) – Assembléia de Deus
ZEQUINHA MARINHO (PSC-PA) – Assembléia de Deus

Total: 56


Deputados que apoiaram valores maiores para o Salário Mínimo:

ANDREIA ZITO (PSDB-RJ) – Igreja Cristã Maranata
AROLDE DE OLIVEIRA (DEM-RJ) – Igreja Batista
BRUNA FURLAN (PSDB-SP) – Igreja Cristã do Brasil
DELEGADO FRANCISCHINI – Assembléia de Deus
HENRIQUE AFONSO (PV-AC) – Igreja Presbiteriana
JOÃO CAMPOS (PSDB-GO) – Assembléia de Deus
JORGE TADEU (DEM-SP) – Igreja Internacional da Graça de Deus
MANATO (PDT-ES) – Igreja Cristã Maranata
ONIX LORENZONI (DEM-RS) – Igreja Luterana
ROMERO RODRIGUES (PSDB-PB) -
RUY CARNEIRO (PSDB-PR) -
VAZ DE LIMA (PSDB-SP) – Igreja Presbiteriana Independente

Total: 12

ABSTENÇÃO:

LINDOMAR GARÇON (PV-RO) – Igreja do Evangelho Quadrangular
ROBERTO DE LUCENA (PV-SP) – Igreja Evangélica O Brasil para Cristo

Total: 02

As pessoas podem mudar?



E disse-lhe Deus: O teu nome é Jacó; não te chamarás mais Jacó, mas Israel será o teu nome. E chamou-lhe Israel. (Gênesis 35:10)

Mais antigo que o Emplasto Poroso Sabiá, só mesmo o ditado popular que afirma que “pau que nasce torto nunca se endireita”. A sociedade civil, do ponto de vista teórico, se organiza sob o prisma de que o ser humano é recuperável, tanto assim é que para isso existe o sistema prisional. Entretanto, a teoria está longe de representar o verdadeiro pensamento que povoa o imaginário coletivo. No fim das contas, a maioria de nós tem dificuldade em acreditar que pessoas possam mudar. Todos nós, em maior ou menor grau, temos muita dificuldade em acreditar na regeneração de um criminoso, na transformação do caráter de uma pessoa que já nos prejudicou ou outro milagre do gênero.
Felizmente, Deus não tem esta opinião, se realmente cremos que Ele é o Autor por trás das centenas de mãos que escreveram a Bíblia. Tomemos como exemplo a impressionante história de Jacó, filho do patriarca bíblico Isaque, neto do grande Abraão. Na cultura judaica, um nome não é simplesmente um nome, mas transmitia uma informação importante sobre a pessoa. Em hebraico, Jacó se pronuncia Yaacov e significa “suplantador”. No contexto bíblico, enganador, mentiroso, trapaceiro. E por boa parte de sua vida, de fato Jacó não passava disso. A ponto de ter tirado proveito de um momento de fragilidade do irmão mais velho, Esaú, para comprar sua benção especial de filho mais velho (uma tradição tribal muito antiga) por um prato de guisado com lentilhas.
Naturalmente, Jacó atraiu a fúria do irmão, e a sua pretensa “esperteza” só serviu para transformá-lo em um fugitivo no deserto. Mas foi justamente no deserto, no meio do nada absoluto, que Deus interviu, dando-lhe um sonho que mudou sua história. Ao sonhar com uma escada que ia em direção ao céu, com anjos subindo e descendo, Jacó entendeu que poderia ser bem mais do que tinha sido até então, e fez ali um compromisso solene com Deus, ungindo o lugar onde tivera o sonho com óleo, uma representação bíblica do poder do Espírito Santo. A partir dali, sua história de tropeços teve uma reviravolta completa, a tal ponto que o próprio Deus achou impróprio continuar chamando-o de Jacó, e modificou seu nome para Israel, cujo significado chega a ser espantoso: “Aquele que reina com Deus”.
Sim, Deus acredita que as pessoas podem mudar. O caráter de um ser humano pode ser inteiramente transformado se ele tiver um sonho, uma força motivadora que mude seu foco, suas prioridades, literalmente reprogramando sua vida. E quando isso acontece, tornamo-nos capazes de “reinar com Deus”, ou seja, tornamo-nos cooperadores da sua obra de transformação da realidade.
Alguém disse que você não tem jeito? Não acredite nele. Acredite na opinião de Deus a teu respeito.
Deus te abençoe abundantemente.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O que você ama, de fato?



“O coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos. (Provérbios 16.9)”

Os capítulos 5 a 7 do Evangelho de Mateus registram uma longa pregação de Jesus que passou para a história como “Sermão da Montanha”. Tal como Moisés, milênios antes, havia apresentado ao povo judeu a Lei de Deus no Monte Sinai, Jesus subia ao monte para falar de uma Nova Lei – A Nova Aliança, dirigida a toda a humanidade. É nesta mensagem que Jesus fala uma verdade aparentemente ingênua, mas que contém uma revelação profunda sobre a condição humana: “Onde estiver o seu tesouro, aí estará também o vosso coração (Mateus 6:21)”.
Esta frase é uma síntese perfeita sobre porque algumas pessoas, mesmo não sendo fiéis a Deus, tem uma vida próspera, enquanto outros, apesar de sua devoção genuína, continuam levando uma vida de fracassos. Nela está a explicação de por que muitas pessoas, mesmo fazendo sacrifícios, orações e toda espécie de prática devocional, não conseguem alcançar as bênçãos que procuram. “Onde estiver o seu tesouro, aí estará também o vosso coração”, ou seja: tudo depende daquilo que predomina na sua vida.
Neste texto bíblico, “tesouro” significa o seu bem mais precioso, aquilo que realmente mais importa na sai vida. Muitas pessoas afirmam que amam a Deus acima de tudo e que sua prioridade é fazer o bem, mas a verdade não está nas nossas palavras, e sim nas nossas ações, pois são elas que revelam nossas verdadeiras prioridades. Se você gasta mais tempo se vingando de seus desafetos do que fazendo o bem à sua própria família, de nada adianta fazer juras de amor à sua mãe, porque o seu tesouro não está em sua família realmente.
Muitas pessoas gostam de passar uma imagem pública de religiosidade, mas basta que alguém ameace seu status ou posição social para que a pessoa se transtorne, usando de violência se necessário. Neste caso, o “tesouro” da pessoa será a posição que ela tem. Muitos chegam a pensar em tirar a própria vida por terem descido na escala social, o que demonstra que o “tesouro” do seu coração está ligado à fama e ao renome.
A proposta de Jesus para nossa vida poderia ser resumida da seguinte forma: Amar as pessoas e usar as coisas. Infelizmente, a cultura pós-moderna ensina o extremo oposto: Amar as coisas e usar as pessoas.
O que você tem amado de fato em sua vida? Examine suas próprias atitudes, sua maneira de pensar, porque talvez seja urgente uma mudança nos seus conceitos. Jesus quer depositar tesouros preciosos no seu coração. Redefina suas prioridades e se abra para a nova vida que Ele quer te conceder.
Deus te abençoe abundantemente.

domingo, 9 de janeiro de 2011

Uma Nova Perspectiva: um Passeio pelo Templo de Ezequiel



No ano vinte e cinco do nosso cativeiro, no princípio do ano, no décimo dia do mês, no ano catorze depois que a cidade foi conquistada, naquele mesmo dia veio sobre mim a mão do Senhor, e em visões de Deus me levou à terra de Israel, e me pôs sobre um monte muito alto, sobre o qual havia como que um edifício de cidade para a banda do sul. (Ezequiel 40:1-2, Almeida Atualizada)

O livro do profeta Ezequiel é uma coleção de visões proféticas que foram concedidas pelo Espírito Santo ao longo de 25 anos de ministério profético. Certamente muitos crentes já ouviram pregações a respeito de visões como a dos “quatro seres viventes” ou do vale de ossos secos. Mas a mais detalhada das visões deste livro se estende por nove capítulos, do 40 ao 48, e nos fala de uma revelação especial sobre o Templo do Senhor, que foi dada ao profeta no décimo dia do primeiro mês do ano.
É bom ressaltar que no tempo destas profecias, Ezequiel se achava exilado em Tel-Abib, a beira do Rio Quebar, na Babilônia, juntamente com outros judeus que se tornaram cativos após a conquista de Jerusalém por Nabucodonosor. Portanto, o templo, centro sagrado da adoração judaica, estava destruído. Como se lê no capítulo 40 do livro, Deus escolhe o primeiro mês do 25º ano do exílio para mostrar ao profeta um novo templo. A visão é bastante detalhada, e mostra até mesmo as medidas de cada compartimento deste novo templo.
O Templo visto pelo profeta Ezequiel não era baseado no templo do passado, e nem tampouco é semelhante ao templo que foi construído mais tarde. Assim, compreendemos que o horizonte do profeta não estava situado no tempo, mas na eternidade. Podemos traduzir isso para nosso cotidiano, significando que Deus não quer que você esteja preso ao passado ou a um futuro que nunca chega. Deus tem para você uma nova perspectiva.
Não se estava falando, portanto, de um Templo feito por mãos humanas, mas de toda uma nova forma de adorar ao Senhor. Muitos anos mais tarde, quando uma samaritana perguntou a Jesus se Deus devia ser adorado em Jerusalém ou no Monte Gerizim, Jesus traz um novo enfoque na sua resposta. “Deus busca adoradores que o adorem em Espírito e em Verdade”, uma forma de adoração que não dependeria mais de um lócus físico, cultural ou humano. Cristo é o “Verbo”, a palavra Eterna, que deve ser adorada para além de qualquer tradição ou ambiência cultural.
A visao nos fala ainda de um rio de águas vivas que corre do limiar do Templo, e que formava uma correnteza caudalosa. O Apocalipse de João nos fala de um rio que desce diretamente do Trono de Deus na Nova Jerusalém. Na Nova Aliança, o Templo do Espírito Santo é a sua própria vida, e por isso Deus quer que do seu interior flua um rio de águas vivas, que não é apenas uma experiência sobrenatural, mas um caráter justo e transformado por Deus, cumprindo o desejo do profeta Amós: Assim corra a vossa justiça como um rio que não seca. O Rio das Águas Vivas não verterá de um coração carregado de rancores, mágoa, corrupção e revoltas.
Neste décimo dia do primeiro mês do ano, meu desejo é que Deus transporte você a lugares altos, e lhe faça mergulhar num relacionamento profundo com Ele. Que seu coração seja um Templo para habitação da Glória de Deus, e a exemplo de Ezequiel você possa proclamar: “Jeová-Shamah” (O Senhor está Presente).
Deus te abençoe abundantemente.