terça-feira, 16 de novembro de 2010

"Sementes de Vitória" segundo Luís Borges

Peço permissão para compartilhar com os leitores habituais deste espaço uma apreciação generosa a respeito do meu livro "Sementes de Vitória", lançado em 2009. Trata-se de uma resenha feita pelo amigo Luís Borges, um talento intelectual do pentecostalismo, que conheci durante o Seminário Regional de Educação e Cultura da Igreja do Evangelho Quadrangular em Porto Alegre.

Luís Borges é um verdadeiro erudito, na legítima acepção da palavra. Dotado de uma capacidade vigorosa de pensamento e de uma profunda generosidade pessoal, foi um dos amigos com que Deus me presenteou recentemente. É Coordenador Regional de Educação e Cultura da Igreja do Evangelho Quadrangular em Pelotas, respondendo pela gestão do ensino bíblico em mais de 40 Igrejas. É também professor de Literatura, docente do programa de Formação Pedagógica do Centro Federal de Tecnologia - CEFET de Pelotas, membro do Instituto Cultural Simões Lopes Neto. Aliás, Borges é um especialista na obra do escritor pelotense, sobre cujo trabalho se debruça para uma tese de doutoramento.

As palavras dele são, pra mim, um prêmio, que tomo a liberdade de compartilhar neste blog.


Prezado pr. Cláudio Moreira

A Graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a inspiração do Espirito Santo estejam com o senhor e sua família!

Na noite anterior à sua conferência, enquanto esperava os pastores João Batista e Fabiano virem me buscar para jantar utilizei o tempo para ler o seu livro. Aliás, o reli durante a viagem de retorno a Pelotas. Posso assegurar-lhe que foi leitura de sobejo proveito. Sua obra será, com certeza, cada vez mais confirmada como de grande valia para líderes e todos aqueles que buscam uma visão mais crítica da sociedade, a partir de uma perspectiva cristã, uma vez que os textos ali constantes encerram interessantes reflexões sobre valores, princípios e atitudes espirituais solidamente calcadas na Sagrada Escritura, mas que por seu alcance universal atingem também o homem que ainda não crê.
O estilo em que a sua obra está vazada é agradável. A linguagem, de uma singeleza elegante, deixa entrever uma erudição sem qualquer pejo de pedantismo. A relevância dos temas, a clareza da exposição e a originalidade das abordagens fazem de seu livro um trabalho notável.
Um outro aspecto positivo foi o fato de o senhor ter publicado os artigos, que posteriormente vieram a constituir seu livro, na imprensa diária. Com efeito, a Igreja precisa dialogar com a sociedade , eis que um grande número de pessoas ainda vaga, nesse mundo sem qualquer direção, ansiando por respostas. Por isso a mensagem cristã deve ultrapasse os confortáveis ecos do púlpito, para ir ao encontro daqueles que mesmo sem freqüentar uma igreja lêem jornais, ouvem rádio, assistem TV e acessam internet.
Os temas complexos e profundos que o senhor aborda, considerando o espaço exíguo em que foram desenvolvidos, exibe rara qualidade de síntese, ideal para o leitor hodierno de fôlego curto.
Sua oba, fonte de sabedoria e esclarecimento, certamente nos ajudará a prevenir os modismos, as teologias distorcidas, as heresias e os falsos profetas, mantendo-nos vigilantes conforme a advertência do Senhor Jesus: ?Sede espertos como as serpentes e puros como pombas? (Mt 10, 16).
A conclusão de suas crônicas confere aos textos um caráer verdadeiramente evangelizador, servindo de chamamento não apenas a uma reflexão, mas a uma mudança de atitude (conversão).
Transmita os meus parabéns ao Bispo Basso e sua esposa pela feliz iniciativa de abonarem a sua obra, que há de prestar ótimos préstimos à causa do Reino.
Presenteiei Sementes de Vitória aos meus pastores, reverenda Neida e Pr. Júlio.
Um grande abraço, que as Bênçãos de Deus continuem recaindo abundantemente sobre o senhor e os seus!

Luís Borges

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vivendo por fé: A Reforma, 493 anos


"Mas o justo viverá pela fé"....(Habacuque 2:4b)

Um frade agostiniano relativamente jovem atravessou a passos largos a praça de Wittenberg em uma manhã outonal de 1517. A cadência firme dos seus passos não deixou de chamar a atenção dos que transitavam, uns a passeio, outros a trabalho como o vendedor de frutas e o artesão que trabalhava ao ar livre. O frade cruza a praça com firmeza em direção à Catedral, em cuja porta de mogno fixa um cartaz contendo uma Convocação para um Debate. O documento chama-se Disputatio pro delaratione virtutis indulgentiarum, e expõe, em 95 teses, uma firme contestação ao abuso clerical na venda de indulgências. Com este simples gesto, naquele longínquo 31 de outubro, o monge alemão Martinho Lutero iniciou uma revolução que sacudiu a Europa e lançou os alicerces da Reforma Protestante, o movimento que, no dizer do cientista político Robert Dahl, “inaugurou o pluralismo na cultura ocidental”. Mas a verdadeira revolução havia acontecido anos antes, nos primeiros anos da sua formação sacerdotal, quando ganha uma Bíblia de presente do seu mentor espiritual, João Staupitz, vigário-geral dos agostinianos, onde leu o trecho de Romanos 1:17, que mudou para sempre sua maneira de compreender a fé cristã: “O justo viverá pela fé”.
Esta expressão, que foi central na pregação de Lutero e do apóstolo Paulo de Tarso, merece ser revisitada hoje, quando a Reforma Protestante completa 493 anos. E nos remete ao tempo em que foi ouvida pela primeira vez, por volta do ano 600 a.C, em resposta a uma oração do profeta Habacuque, testemunha de um dos períodos mais críticos da história de Judá. Com o sistema legal arruinado, a injustiça social e a iminência de uma invasão da Assíria, levaram o profeta a proclamar: “Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: violência! E não salvarás?”. (Hc 1:2)
O desabafo de Habacuque ecoou no coração de Lutero quando via o deprimente espetáculo da venda de indulgências pelo frei João Tetzel na Alemanha. E hoje, quase meio milênio depois, quando muitos pregadores ‘evangélicos’ negociam as bênçãos e os favores de Deus conforme o vulto da oferta financeira dos fiéis, muitos cristãos, anelando pelo Cristianismo bíblico e verdadeiro, se questionam: “Até quando?”. Muitos já nem esperam mais pela resposta de Deus a esta pergunta, e há muito deixaram de acreditar na igreja como instituição. São pessoas que amam a Jesus, mas não querem mais nada com a Igreja.
Após pronunciar sua oração, Habacuque foi para a torre de vigia, esperar a resposta de Deus. Não tomou nenhuma atitude insensata, não agiu por impulso. E a resposta de Deus ao profeta, dizendo que “o justo viverá pela fé”, ecoa ainda pelos séculos, ressoada pela pregação do apóstolo Paulo aos gentios e pela coragem de Lutero na Alemanha. As dificuldades não poderiam mais ter poder para desanimar o profeta.
O livro de Habacuque termina com uma linda canção de louvor: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento, todavia eu me alegro no Senhor e exulto no Deus da minha salvação” (Hc 3:17-18). Ao redor, a situação continuava praticamente a mesma, mas a maior mudança havia acontecido no coração do profeta, que não mais permitiu que as circunstâncias destruíssem sua confiança em Deus. Ao encontrar a fé, Habacuque recuperou a narrativa sobre si mesmo.
Esta é minha oração sobre a igreja contemporânea. Muitos são os desafios, mas se continuarmos crendo que “o justo viverá pela fé”, como Habacuque, Paulo e Lutero, teremos o poder de Cristo Jesus para transformar as circunstâncias.
Que o Senhor Jesus te abençoe abundamentente.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A ira do Twitter contra Silas Malafaia



Sou frontalmente contra as excentricidades teológicas que Silas Malafaia tem abraçado ultimamente. Entretanto, a questão aqui não trata de Teologia, e sim de Política, ou melhor dizendo, da tão desejada qualificação da presença evangélica no debate político brasileiro. E acho que falta reconhecer que é justamente a pessoas como Paschoal Piragine Jr. e Silas Malafaia que isto está acontecendo. Nesta eleição presidencial, depois de tantos epísódios como oração da propina e máfia das ambulâncias, estamos finalmente vendo ministros cristãos pautar temas de relevância para a sociedade, como a questão do aborto, por exemplo. Aliás, não fosse por estas manifestações, o assunto passaria batido na cobertura das eleições.

E estranho porque muitos ignoraram o fato de que Silas tem razão ao apontar a AMBIGÜIDADE da posição de Marina. Ora, um cristão não deve tergiversar sobre um tema desses com a conversinha de que "cabe à sociedade decidir". Se fosse assim, vamos logo fazer um plebiscito sobre linchamento de estupradores, já que boa parte da "sociedade civil" anseia por algo assim.

Marina faz jogo duplo pra não se queimar com os evangélicos nem com as bases tradicionais de seu partido: aquela turma "descolada" que gosta mesmo é de abraçar por-de-sol e fazer passeata fumando um baseadinho. E defender o aborto, claro.

Outra coisa. Silas já cumpriu um grande papel pra democracia do país: Derrubou a máscara de "tolerância" e "bonomia" com que os militantes marineiros tentavam ludibriar a opinião pública. Antes, eles quase não escondiam o constrangimento por Marina ser "evangélica" (o que pra eles equivale a retrógrada, medieval, atrasada, etc). Graças a Silas Malafaia, estão livres pra vomitar todo seu preconceito no Twitter. Sem ressentimentos.

Quanto a Caio Fábio, dizer o quê? Na certa está tentando recuperar a notoriedade dos bons tempos em que fabricava dossiês com aquele portento de moralidade pública chamado José Dirceu.

A Verdade é como Cristo: pode ficar enterrada certo tempo, mas ao terceiro dia sempre ressuscita.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Pr. Paschoal Piragine Jr, um profeta do nosso tempo.

O caráter do ministério profético, a despeito do que pensam alguns que não conhecem Bíblia, consiste em anunciar a verdade e denunciar o erro. Se tivermos estas características em conta, não há como deixar de reconhecer o caráter profético desta ministração do pastor Paschoal Piragine Jr, pastor sênior da Primeira Igreja Batista de Curitiba.

http://www.youtube.com/watch?v=ILwU5GhY9MI

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Relativismo laico, um Totalitarismo moderno



“Assim falai, e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade” – Tiago 2: 12

O parlamento da França aprovou na semana passada a criação de uma subcomissão parlamentar que trate de propor meios legais para proibir a disseminação do uso da burca e do nihab entre mulheres muçulmanas. O nihab é aquilo que canhestramente chamamos de véu, e a burca é uma grossa vestimenta que cobra a mulher da cabeça aos pés, deixando apenas um espaço para os olhos. Após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos, o mundo ocidental foi apresentado à vestimenta, logo estigmatizada como um símbolo de opressão e humilhação contra a mulher. Aliás, é em nome de uma alegação pretensamente humanista que o premier francês, Nicolas Sarkozy, defende a proibição completa destas vestes. “Não terão lugar na França”, disse o primeiro-ministro francês.
Todavia, o mundo civilizado surpreende-se ao ver passeatas de mulheres muçulmanas exigindo o direito de poder utilizar as vestes ditas opressoras. Para muçulmanos do ramo xiita, tais vestimentas são vistas como um dever sagrado, e – ironia das ironias – as mulheres muçulmanas recusam-se a aceitar a ‘proteção’ que a lei francesa lhes quer oferecer.
Este fato me fez lembrar de um outro incidente, este já bem nosso, no mês passado, quando a direção do Hospital de Clínicas de Porto Alegre resolveu retirar dali a capela católica, existente há 22 anos, para criar um certo “Espaço da Espiritualidade”, com a pretensão de representar todas as crenças. A direção do hospital alegou que o ‘privilégio’ a uma única religião é manifestamente inconstitucional.
Sou um pastor evangélico. Poderia aplaudir tanto a decisão francesa, por natural estranheza ao hábito da burka, quanto a da direção do Clínicas, já que não sou católico. Entretanto, vejo em ambas as decisões uma distorção absurda, proveniente de um mesmo pensamento ora dominante: o Relativismo Laico, em nome do qual se advoga que todas as crenças são iguais, ou, no mínimo, equivalentes.
É em nome deste mesmo princípio que certos escritores ateus despontam na Europa e América alegando que a religião – qualquer que seja – seria um veneno para o mundo. Como se a civilização moderna pudesse ser a mesma sem Agostinho de Hipona, Rambam, Maimônides, Averróis, Ibn In Saud, Martin Lutero, Confúcio e o maior de todos eles, Jesus de Nazaré.
A França, que legou ao mundo a defesa dos valores da “Liberdade, Igualdade, Humanidade”, quer transformar um grupo religioso em cidadãos de segunda classe, para que não possam praticar livremente as normas de sua religião. Estigmatiza os muçulmanos a exemplo do que a Europa fez, em épocas diferentes, com os judeus. A própria França já fez isso no século XX com os cristãos, que não podem mais expressar livremente sua fé nas praças locais. Aqui no Sul, o abuso é de outra natureza: Distorcer um princípio constitucional para tentar suprimir uma crença, substituindo-a por uma certa ‘religião da Natureza’, ao estilo dos místicos da chamada Nova Era.
Sou evangélico, mas não me sinto melindrado se vejo um crucifixo católico em um banco ou repartição pública. O fato de aquele objeto estar ali não constrange ninguém a ser católico, assim como os versículos bíblicos na sala da minha casa não constrangem nenhum visitante a tornar-se evangélico. E de mais a mais, querer apagar estes símbolos do espaço público equivale a tentar suprimir parte da história. Obscurantismo em nome de pretensos valores de igualdade.
O laicismo radical dos tempos modernos lembra muito os totalitarismos do passado, que sempre tentaram apagar da história as religiões, o Cristianismo em particular. Tentaram eliminar a cruz, acabaram sepultados abaixo dela. Mas no caminho, produziram montanhas de cadáveres e presos políticos por delito de opinião. Robespierre, Stalin, Pol Pot, Mao Tse Tung e Fidel Castro, além de ditadores, foram declarados inimigos de toda forma de fé.
Serve para hoje o alerta histórico do pastor luterano Martin Niemöller, um dos heróis da luta contra o Nazismo: Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata. Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse”.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Não fique só!



“E disse-lhes Jesus: a minha alma está profundamente triste, até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo” (Marcos 14:34).

Uma reportagem publicada pela revista Veja no já longínquo ano de 2001 falava a respeito dos singles, multidões de jovens que, por opção ou falta de sorte, vivem sós. Falava-se de um novo ‘mercado’ que vem sendo rapidamente assimilado pelo marketing, que esboçou produtos para solteiros, como refeições em porções menores, por exemplo. Naquela época, dizia-se que 9% dos lares já eram compostos por pessoas que moram sozinhas – 20 milhões de brasileiros. Hoje, nove anos depois, não faço nem idéia, mas com certeza temos um número bem maior. A maioria dos chamados singles diz que é feliz vivendo desta forma, mas até mesmo eles não gostam de se imaginar solitários para sempre.
A solidão é um fenômeno social que só tem crescido nos tempos modernos. O Dicionário da Língua Portuguesa de Aurélio Buarque de Holanda define solidão simplesmente como “o estado do que se encontra ou vive só”. Apesar de correta, esta definição, embora correta, é insuficiente para compreender um estado psicológico e espiritual tão complexo, que envolve tantas outras facetas: falta de objetivo e significado de vida, desajustes familiares, sentimento de isolamento e separação, e até mesmo um certo Unattachment, expressão inglesa usada para definir a dificuldade que muitos seres humanos tem na relação interpessoal. A tradução mais aproximada desse conceito seria ‘inadequação’.
Estar só não é a única forma de as pessoas sentirem solidão. Psicólogos de renome como Kruger escreveram sobre o ‘isolamento social’, o sentimento de angústia que perpassa pessoas que, mesmo rodeadas de gente à sua volta, continuam sentindo-se solitárias. Isso costuma acontecer a pessoas dadas a extremismos psicológicos: os que têm baixa auto-estima se sentem desprezados por todos à sua volta, e os narcisistas não consideram ninguém dignos de sua companhia, preferindo caminhar sozinhos. É o tipo de solidão que ronda as pessoas que tem intimidade apenas com o dinheiro ou o Poder. Não por acaso, Freud e outros depois dele associaram o isolamento social às patologias mentais.
O homem é um ser social, já dizia Sócrates. Bem antes dele, o texto bíblico de Provérbios, escrito pelo Rei Salomão, já proclamava: “Aquele que vive isolado busca o seu próprio desejo, e insurge-se contra a verdadeira sabedoria” (Provérbios 18;1). Jesus experimentou, no Jardim do Getsêmani, o sentimento de maior angústia de sua vida terrena, por saber que horas depois sofreria os horrores da Cruz. Mas nesta hora de extrema tristeza, ao invés de se enfiar em um quarto escuro e chorar sozinho, Jesus rompeu o isolamento emocional e buscou a companhia de seus amigos, pedindo que ficassem junto dele. Mais que isso, ele buscou a Deus na oração. Muitos, por não lançarem mão deste recurso, acabam sucumbindo à depressão, à auto-piedade e, nos casos mais graves, ao suicídio.
A obra do Espírito Santo em nossas vidas é quem restaura nossa capacidade relacional com Deus e conosco mesmos. Quando dizemos que Jesus está conosco mesmo quando estamos sós, isso não é mera figura de linguagem. A presença consoladora de Cristo está de fato em nós quando declaramos nossa Fé, e é através d’Ele que podemos encontrar forças para romper o isolamento. É isto que a Bíblia quer nos dizer quando afirma que “Deus faz que o solitário habite em família (Salmo 68:6)”.
Não fique só! Convide Jesus para ser seu amigo hoje mesmo!
Deus te abençoe abundantemente.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

E depois da derrota?



Estou quebrantado pela ferida da filha do meu povo; ando de luto; o espanto se apoderou de mim. Porventura não há bálsamo em Gileade? Ou não há lá médico? Por que, pois, não se realizou a cura da filha do meu povo? (Jeremias 8:21)

Assisti, como todo brasileiro que conheço, na tarde de ontem, o jogo entre Brasil e Holanda, que acabou culminando com a eliminação da Seleção Brasileira da Copa da África do Sul. Por se tratar de um campeonato de futebol, esporte que galvaniza como nenhum outro os anseios de patriotismo brasileiro, um sentimento de consternação permeou todo o país. Embora a derrota pudesse ser previsível para alguns, muitos mantiveram a esperança até o fim, e nenhuma experiência humana é mais traumática do que a esperança frustrada.
Ao longo desta Copa, muitos irmãos evangélicos diziam que um time com tantos cristãos (Lúcio e Kaká em campo, Jorginho e Taffarel na comissão técnica, por exemplo) não poderia perder de jeito nenhum. Não os culpo, já que foram ensinados (melhor seria dizer ‘adestrados’) em um pastiche de evangelho mal lido e triunfalista, que ensina que verdadeiros cristãos jamais sofrem derrotas. Provavelmente, alguns cristãos que pensavam assim estão bastante confusos agora.
Havia pessoas assim em Israel, durante o reinado do rei Ezequias. Profetas que aconselharam o rei a desafiar para uma guerra o poderoso Nabucodonosor, rei da Babilônia, alguém que tinha um exército maior, melhor treinado e com maiores recursos. Mas os conselheiros do rei de Israel não pareciam prestar muita atenção nisso, e apelavam para frases de efeito do tipo “somos o povo de Deus, somos os tais, já vencemos esta guerra”.
Havia um único profeta estraga-prazeres que alertava para a derrota iminente. Por insinuar que o povo de Deus poderia ser derrotado, Jeremias foi preso, amordaçado, jogado dentro de um poço, e outras gentilezas. No entanto, como ele previra, a derrota aconteceu, e o profeta sofreu muito pelo povo que não o escutou. O Livro de Lamentações, escrito por Jeremias, é um poema triste sobre a desolação de Jerusalém.
Entender por quê Deus permitiu que Israel fosse derrotado é quase tão difícil quanto entender porque razão concedeu a Jeremias uma missão tão difícil, de avisar sobre a derrota a um povo que não estaria disposto a ouvir. A derrota, após a qual se seguiu um cativeiro de 70 anos na Babilônia, foi uma das experiências mais duras da história do povo judeu, mas depois que eles passaram por esta terrível experiência, foram definitivamente curados da idolatria, que antes volta e meia fazia os filhos de Israel se desviar do Deus verdadeiro. Somente após a derrota que eles aprenderam a não se fiar em seus méritos e confiar somente em Deus.
Ninguém gosta de quem avisa sobre derrotas, mas infelizmente elas são parte da vida. Mesmo o cristão mais devoto não está isento delas, e até mesmo o plano mais arrojado, feito pelo planejador mais metódico e persistente, pode falhar um dia. Vencedores não são aqueles que ganham sempre. Pelo contrário, em certos casos a vitória permanente produz os maus ganhadores, soberbos e presunçosos. Verdadeiros vencedores são aqueles que já conheceram derrotas, mas que sabem se levantar depois de cair.
Deus te abençoe abundantemente.

A Violência de Jesus



“E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas;
E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões” (Mateus 21: 12-13).


“Você é todo religioso, pensei que você fosse uma pessoa do bem, mas agora vi que não”.
Foi mais ou menos nestes termos que uma ligação telefônica, na tarde de quinta-feira (o1/06/10) me importunou, até me constrangendo diante de pessoas que ouviam a voz alterada e descontrolada de um conhecido, reagindo de forma destemperada diante de uma crítica que fiz a um artigo seu. Para quem exercita, e muito, o direito de opinar, surpreendeu que reagisse com agressões pessoais a uma simples opinião. Mas deixando esta questão de lado, o incidente me motivou a refletir sobre a idéia que as pessoas fazem de um cristão, como se um servo de Deus tenha que ser sempre passivo, plácido e bondoso. Em outras palavras, um indivíduo “sem boca pra nada”, pra fazer uso de um linguajar costumeiro da nossa Fronteira Oeste.
As pessoas que fazem esta idéia do comportamento cristão, talvez se surpreendam se forem apresentadas a alguns trechos da Palavra de Deus. Jesus, o Filho de Deus, era o homem mais bondoso e manso que já existiu, mas isso não fez com que deixasse de agir e falar com firmeza, quando necessário. A primeira atitude que tomou ao entrar na cidade de Jerusalém sob forte comoção popular foi entrar no Templo de Jerusalém e derrubar as mesas dos cambistas, que vendiam pombos, cordeiros e outros animais para os sacrifícios religiosos, a preços extorsivos, sob a complacência dos sacerdotes.
Jesus agiu com evidente indignação. Nada provocava mais a ira de Cristo do que a exploração do povo sob pretextos religiosos. Nos dias de hoje, é provável que usasse da mesma força contra alguns mercadores da fé que ainda existem em nossos dias. Noutra ocasião, quando pregava a Palavra de Deus ao povo, Jesus foi interpelado por alguns fariseus, que o ameaçavam dizendo que Herodes o mataria se ele continuasse com aquilo. No entanto, ao invés de ficar intimidado, Jesus respondeu: “Ide, e dizei àquela raposa: Eis que eu expulso demônios, e efetuo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia sou consumado (Lucas 13:32)”.
Jesus nos deixa o exemplo de que não devemos nos calar quando o mal tenta nos intimidar. Os que se beneficiam do mal tentam sempre sugerir que a postura cristã mais correta é o silêncio pacato. Entretanto, Jesus nunca deixou de demonstrar a coragem necessária para desmascarar a hipocrisia dos falsos. Afinal de contas, Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, e é impossível anunciar a Verdade sem denunciar o erro.
Você é censurado por falar o que pensa, e alguns tentam sugerir que o melhor para um cristão seria ficar calado? Fica para você, amigo leitor, a mensagem de Deus ao profeta Isaías: “Clama a plenos pulmões, não te detenhas, levanta a tua voz como trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à Casa de Jacó os seus pecados”. (Is 58:1).
Que o Senhor Jesus te abençoe abundantemente.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Pergunta de Isaque


Pintura de Laurence de la Hire, 1650

“Então Isaque perguntou a Abraão, seu pai: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?”. - Gênesis 22.7

Um dos textos mais impactantes e conhecidos do Antigo Testamento é a narrativa de Gênesis 22, onde Deus exige de Abraão que ofereça Isaque, seu filho predileto, em sacrifício. Apesar de consternado, Abraão obedece e prepara tudo – mantimentos, transporte, e o próprio filho – para o sacrifício que deveria ser feito no monte Moriá. O sacrifício não foi consumado por intervenção direta de Deus, que vendo a obediência e a fé de Abraão, recompensou-o com a promessa de se tornar ‘Pai de Muitas Nações’. Os sábios judeus chamam este episódio de “Akedá”, e louvam tanto a obediência de Abraão quanto a coragem de Isaque, pois no entendimento da tradição judaica, o jovem teria pressentido que se tratava de um sacrifício a Deus, e se submetido.
De fato, temos motivos para crer que Isaque seria capaz desta perspicácia, pois em determinado momento da caminhada, é ele que faz uma pergunta que certamente colocou um nó na garganta do velho Abraão: “Pai, estou vendo a lenha e estou vendo o fogo, mas onde está o cordeiro?”.
O costume de oferecer cordeiros em sacrifício a Deus, encarado pelos judeus antigos como uma ordenança sagrada, apontava para o sacrifício em que Jesus, séculos mais tarde, ofereceria sua própria vida por nossos pecados. Não por acaso, João Batista o apresentou à Galiléia como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.
É por isso mesmo que a pergunta feita por Isaque a Abraão permanece atual nos dias de hoje. A igreja de nossos dias pratica um culto triunfalista, onde o centro da adoração não é mais Jesus, o Cordeiro de Deus, mas sim os desejos e angústias dos homens. As pessoas são incentivadas a ir à Casa de Deus para buscar soluções para seus males, como quem toma um profilático qualquer, mas e quanto ao Cordeiro? Existe lenha (materialismo), e existe até fogo (manifestações pentecostais), mas onde está o Cordeiro?
Felizmente, podemos confiar na resposta que Abraão, sabiamente, ofereceu a Isaque: “Deus proverá o Cordeiro”. Ainda que nos dias de hoje muitos líderes prefiram oferecer soluções enganosamente fáceis e uma teologia sacrificial que nada tem a ver com o Evangelho da Graça, o Cordeiro sempre se manifestará a todo aquele que se dispuser a viver com Cristo no centro de sua vida, de suas prioridades, de suas escolhas.
Ele mesmo nos avisou que o caminho seria estreito. Mas se andarmos com o Cordeiro, estaremos sempre na melhor companhia.

Que Deus te abençoe abundantamente.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Usurpadores do Trono?


Então Adonias, filho de Hagite, se levantou, dizendo: Eu reinarei. E preparou carros, e cavaleiros, e cinqüenta homens, que corressem adiante dele (1ª Reis, 1:5)

Ao longo de seu profícuo reinado sobre a terra de Israel, o rei Davi, que gostava de chamar a si mesmo de ‘mavioso salmista de Israel’, sofreu duas tentativas frustradas de lhe tirarem o poder real. Curiosamente, as duas foram protagonizadas por filhos seus: Absalão e Adonias.
Absalão era o filho mais belo e mais carismático do já maduro rei Davi, e conta a Bíblia que ele iniciou sutilmente seu plano de tomar o poder, contribuindo para gerar um sentimento de revolta no povo. Se posicionava estrategicamente à porta do Palácio, para receber a todos os que pretendiam ser ouvidos pelo rei, e abraçava ao povo simples que para lá acorria. Aos poucos, muitos do povo passaram a supor que, talvez, Absalão desse um rei melhor que seu pai Davi. Por algum tempo, ele de fato conseguiu usurpar o Trono, mas acabou encontrando a morte pelas mãos do general Joabe, fiel aliado de Davi.
Muitos anos mais tarde, Davi já era bastante idoso, e os seus ministros saíram em busca de uma mulher que o aquecesse. Encontraram a jovem Abisague, sunamita a quem a Bíblia descreve como ‘formosa’. Pouco depois do surgimento de Abisague no Palácio, Adonias resolve que precisava reinar urgentemente, e tenta liderar uma mobilização política para fazê-lo rei da nação. A intervenção de Bate-Seba, mãe de Salomão, foi decisiva para que Davi coroasse, em vida, ao filho Salomão, a quem Deus havia prometido o trono. Passado algum tempo, Adonias vai a Bate-Seba e pede que, já que não ficou com o trono, ao menos pudesse ter Abisague, a criada de Davi, como esposa.
O contexto deixa claro que a razão que motivou Adonias a querer usurpar o Trono de Davi foi a paixão por Abisague, que tinha a tarefa de cuidar de um homem idoso. Salomão considerou o pedido um verdadeiro absurdo, e Adonias encontrou a morte.
É importante destacar que a Bíblia apresenta Davi como ‘um homem segundo o coração de Deus’. Portanto, é perfeitamente coerente analisarmos este episódio á luz das nossas prioridades, pois muitos cristãos tem usurpado, todos os dias, um trono que pertence a Deus. Uns, como Absalão, pelo desejo de poder. Outros, como Adonias, pela luxúria.
A ninguém cabe usurpar o Trono e a Autoridade de Deus nas nossas vidas. Quando ministros de Deus, que se apresentam como servos de Cristo, comportam-se como ladrões do rebanho, estão abusando de uma autoridade que não lhes pertence. Quando usam os velhos e surrados chavões do estilo ‘quem manda aqui sou eu’, estão deixando do lado de fora aquele que efetivamente deveria mandar: o Espírito Santo.
Quer ser bem sucedido e viver muitos anos? Deixe intacto o lugar que pertence a Deus na sua vida, e não tente assumir um controle que pertence a Ele. Confie plenamente em sua Autoridade, e Ele te guiará por veredas tranqüilas.
O Senhor Jesus te abençoe abundantemente.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Vencendo as Perseguições...




Gloriamo-nos também das tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência, a paciência a firmeza, e a firmeza a esperança” (Romanos 5:3-4)

Os apóstolos de Jesus Cristo, ainda sob o vivo entusiasmo da experiência transformadora do Pentecostes, em que receberam o batismo com o Espírito Santo, pregavam com entusiasmo o Evangelho em todas as vielas e praças de Jerusalém. Como costuma acontecer com quem traz uma mensagem nova, logo foram vistos como ameaças pelos fariseus, os quais providenciaram para que fossem presos. Não puderam mantê-los na cadeia por muito tempo sem uma acusação formal que se sustentasse, mas antes de soltar Pedro e João, trataram de aplicar-lhes uma bela surra, como um ‘corretivo’. A idéia é que funcionasse mais como uma espécie de aviso a outros que tentassem fazer o mesmo, mas a narrativa de Atos dos Apóstolos logo deixa claro que não deu certo: “Retiraram-se pois da presença do sinédrio, regozijando-se de terem sido julgados dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus (Atos 5:41)”.
Eram os apóstolos masoquistas? Tinham baixa auto-estima a ponto de se sentirem satisfeitos por sofrer afrontas e açoites? Aos olhos de nossa natureza humana, nada pode ser mais indesejável do que sofrer qualquer espécie de afronta, seja ela física ou psicológica. A violência é o principal instrumento de dominação dos poderosos e ditadores ao longo dos séculos, mas nunca deixaram de surgir heróis da Fé. Hoje, eles continuam surgindo no horizonte religioso. Pessoas que não negociam seu ministério por valores financeiros, não se rendem aos modismos anti-bíblicos e torcem o nariz para as disputas de poder dentro das estruturas eclesiásticas. Que motivação pode ser capaz de fazer alguém resistir diante de pressões deste tipo?
O apóstolo Paulo afirmou: “Já não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim (Gálatas 2:20)”, concordando espiritualmente com a assertiva de Jesus: “Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. (Mateus 16:25). Quando vivemos exclusivamente para Cristo, quando nossa vida está tomada por um sentido de missão, de propósito, podemos vencer todas as perseguições, pois não estaremos mais nos importando tanto com nossa própria vida, mas entendendo-a como um mecanismo para que se cumpra um propósito. A missão precisa ser cumprida, não importa quantas afrontas sejam necessárias.
Está sendo perseguido? Sofre o alvo de mentiras invejosas contra você? Anime-se! Jesus disse que pessoas como você seriam consideradas ‘Bem-aventuradas’. Confie em Jesus e no propósito que Ele te concedeu, e você passará incólume por todas as afrontas e perseguições.
O Senhor Jesus te abençoe abundantemente.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Princípios de Autoridade



Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o seu direito. (Isaías 42:3).

Mais ou menos por volta do ano 1998, quando corria solta a febre da “Auto-Ajuda” e do “Pensamento Motivacional”, um estudo curioso foi publicado na Scientific Magazine, e falava sobre o poder da raiva. Lembro de ter lido pequenas partes da versão do estudo em português, que consegui com alguma dificuldade (estávamos na pré-história da Internet, e coisas como Google e Youtube ainda eram sonhos de filmes de ficção científica). De memória, lembro que o estudo dizia que as pessoas costumam associar violência e raiva à competência, e que aqueles que são mais agressivos tem reputação de ser mais enérgicos, mais ousados, e portanto, mais aptos para cargos de liderança. Alguém que, pelo contrário, for civilizado e brando no trato com as pessoas, pode até ir bastante longe na carreira, mas em alguns casos, tenderá a ser visto como inadequado, sem ‘pulso firme’ para uma atribuição de chefia.
Este padrão, sem dúvida alguma, cristalizou-se nos últimos anos. Salvo raras exceções, que confirmam a regra, os livros voltados para o aprendizado de liderança no mundo corporativo e empresarial ensinam que a violência, bem dosada, é uma ferramenta poderosa para garantir a ascensão profissional. Mesmo no universo da fé cristã isso tem se tornado comum. Pastores comprometidos com as visões da assim chamada ‘Teologia da Prosperidade’ ensinam que o cristão precisa ser agressivo, violento mesmo, se quiser conquistar sua benção. Em nome de seu objetivo, lhe seria permitido até encostar Deus na parede, com palavras do tipo ‘eu não aceito’, ‘a Bíblia diz tal coisa então eu tenho direito’. E de preferência gritando, porque o berro é um sinal de autoridade. O mais triste é perceber o quanto alguns destes líderes acreditam mesmo nisso. Basta ver a forma como tratam seus assessores mais diretos, quando o povo não está olhando.
Será que este era o padrão de autoridade seguido por Jesus? O profeta Isaías, 700 anos antes de Cristo nascer, nos fala como seriam as atitudes do Messias em relação a este particular: Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o seu direito. (Isaías 42:3).
Somente alguém com um perfil de liderança sereno como o de Jesus podia ser seguro o suficiente para, num gesto de despedida, lavar os pés dos discípulos. É bom lembrar que a prática de lavar os pés de uma pessoa, hábito comum quando alguém ia visitar um amigo em casa, era feito por um escravo. Jesus não fez isso porque tivesse baixa auto-estima.
Jesus não é visto em nenhuma passagem das Escrituras gritando com pessoa alguma, a nao ser com a tempestade e os demônios. A verdadeira autoridade não é exercida no berro. Siga o modelo de Jesus, e sua forma de viver será sempre mais eficaz.
Deus te abençoe abundantemente.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Qual vai ser seu legado?



“E andou Enoque com Deus; e já não era, porquanto Deus o tomou para si” (Genesis 5:24c)

Um dos personagens bíblicos do Antigo Testamento que mais me chama a atenção, é justamente um sobre o qual a Bíblia escreve pouquíssimo. Enoque, um patriarca bíblico de tempos bem anteriores a Noé (isso seria mais ou menos o período da pré-história), apesar de ser um dos personagens mais longevos de toda a vida, com trezentos e sessenta e cinco anos, possui uma das biografias mais curtas do mundo. Uma linha apenas bastou para resumir tudo o que precisamos saber sobre ele: “andou trezentos anos com Deus e já nao mais existia, porque Deus o tomou para si”. Judeus e cristãos costumam entender, a partir desta passagem, que Enoque não sofreu a morte física, e que foi elevado aos céus sem passar pela experiência da morte. O que nos impressiona, no entanto, é que as realizações de trezentos anos de vida foram resumidas em uma só frase: “andou com Deus”. Outros seres humanos, que viveram bem menos, enchem páginas e páginas de livros e biografias com suas realizações, porque a maior preocupação do ser humano, sem dúvida, é o seu legado.
A maior parte de nós convive com a dura realidade de que a maioria de nossos esforços não vai durar. Empresários dedicam suas vidas a consolidar uma empresa, que perece assim que passa aos herdeiros. Políticos se esforçam para ressaltar suas idéias, e quando morrem são esquecidos. Mesmo no ambiente religioso, alguns líderes esgotam todos os recursos de promoção pessoal disponíveis, e quando são transferidos, não deixam saudades.
Se queremos de fato construir um legado pelo qual possamos ser lembrados, o melhor investimento que podemos fazer não consiste em obras físicas ou ações meritórias, mas sim nas pessoas. As amizades que construímos, as pessoas que são de fato importantes para nós, estas sim que determinam de que forma seremos lembrados quando deixarmos este mundo. É isto que determina se construiremos nossa ‘casa’ sobre a areia ou sobre a rocha.
A forma como tratamos as pessoas é que demonstra de fato nossas prioridades na vida, e no final das contas, é tudo o que fica. Jesus foi mestre em lidar com as pessoas, e mesmo as que tinham valores diferentes dos dele tiveram espaço no seu convívio, como Judas Iscariotes.
Encerro esta reflexao com duas perguntas que li, num artigo brilhante de Elisete Malafaia: Como você gostaria de ser lembrado quando partir? E o que você está fazendo neste momento para atingir este objetivo?

Deus te abençoe abundantemente.

terça-feira, 11 de maio de 2010

O Uso do Poder


“O maior dentre vós será vosso servo” – Mateus 23:11

Não entendo nada de futebol. Costumo dizer apenas que sou torcedor do Grêmio porque, na tradição combativa da nossa cultura, gaúcho que é gaúcho tem que ter posicionamento definido em todas as questões, inclusive no esporte. Mas mesmo minha ignorância oceânica sobre o assunto não me impediu de ver que, nesta terça-feira (11 de maio de 2010), o país parou diante da TV para ver o técnico Dunga anunciar a escalação oficial, os convocados para a Seleção Brasileira que vai disputar a Copa do Mundo na África do Sul. Se fosse um presidente eleito anunciando seu novo ministério, com certeza não despertaria tanto interesse. Talvez por isso mesmo o Brasil tenha tantos craques de bola e tantos políticos lamentáveis, mas isso é assunto pra outro texto.
O que pude observar, aqui ou ali, nas inevitáveis críticas à lista de atletas convocados, é que Dunga preferiu atletas de talento mais modesto, porém mais pacatos e cordatos, a outros nomes que deram ‘show’ na Copa do Brasil, mas de temperamento mais indócil. Meu irmão mais velho, que foi repórter esportivo muitos anos de sua carreira, escreveu algo interessante: “Comandante inseguro prefere comandados bonzinhos que digam amém a tudo. Dunga só levou os escoteiros e deixou de fora os problemáticos”.
Longe de mim deixar de mencionar que a disciplina dos convocados lhes valeu a convocação, mas a questão aqui é outra. O bom uso do poder e da liderança é um tema que transcende o futebol. Na política, na escola, no mundo do trabalho, e especialmente na igreja, não é difícil nos depararmos com pessoas que tem dificuldade em trabalhar com quem tenha coragem de pensar autonomamente. Muitos líderes preferem a comodidade de trabalhar com quem não externa opiniões divergentes – ainda que pense – do que o desafio enriquecedor de conviver com diferentes perspectivas do ‘ser’ humano.
Um pastor que conheci, confessou certa vez, num raro momento de sinceridade, que a maior dificuldade que encontrou na nova igreja que foi pastorear era justamente lidar com pessoas que tinham sido discipuladas por outros líderes antes dele. ‘Nos locais que eu trabalhei antes, todos tinham sido formados ao meu modo, e era mais fácil’. Creio que na época ele não compreendeu a rica oportunidade que Deus estava lhe dando, de exercer o poder como um serviço, não como um mecanismo de controle como fazem os inseguros, que sempre se tornam autoritários. Ao menor sinal de objeção de qualquer que seja, partem para o surrado ‘quem manda aqui sou eu’ ou mesmo retiram o incômodo personagem de suas funções, acusando-o de estar ‘fora da visão’.
Jesus nos dá um poderoso ensinamento a respeito disto. No capítulo 20 de Mateus, surge uma controvérsia entre os apóstolos sobre quem deles era maior, e Jesus intervém dizendo que, na fé cristã, aquele que quiser liderar deve servir a todos. Mais tarde, ele próprio daria este exemplo sem dizer uma palavra, lavando os pés dos discípulos. Ora, Jesus não fez aquilo porque tivesse baixa auto-estima. Pelo contrário, era seguro de sua posição a tal ponto que fez a opção por servir.
Jesus não excluiu Pedro do grupo de apóstolos por seu temperamento agressivo, nem mesmo Judas por sua capacidade de dissimulação. Ter trabalhando com tamanha competência com pessoas tão diferentes é uma das razoes pelas quais ele é o maior Líder de todos os tempos. E a boa notícia, é que ele tem lugar para você no seu time.
Que Deus te abençoe abundantemente.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Falando um pouco de gratidão...



Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. (Salmo 103: 1-2)

Apenas recentemente a Psicologia tem se voltado para o estudo de emoções positivas, como a gratidão. Um movimento chamado Psicologia Positiva, iniciado mundialmente em 1998 por Martin Seligman, constatou que a psicanálise sabia muito sobre depressão, narcisismo, egolatria e outras patologias, mas quase nada sobre os bons aspectos da mente humana, aqueles que, de fato, são responsáveis pelo desenvolvimento da pessoa. Estudos bastante recentes apontam a Gratidão como um elemento indispensável para o equilíbrio da mente humana, para a construção da personalidade e do caráter. A capacidade de responder positivamente ao afeto ou ao gesto benevolente de outra pessoa é fundamental para uma vida emocionalmente sadia.
A própria Psicologia reconhece seu atraso nesse assunto. Em relação à Bíblia, o atraso é de mais de quatro mil anos, se levarmos em conta o tempo em que surgiram os cinco primeiros livros da Bíblia, chamados pela tradição cristã de Pentateuco e pelos judeus de Torah Sagrada. É nestes livros que encontramos histórias que simbolizam os aspectos negativos da ausência de gratidão na vida espiritual. No capítulo 11 do livro de Números, encontramos relatos de como o povo hebreu queixava-se, no deserto, por causa das dificuldades que passavam. Queixavam-se do maná que era fornecido diariamente por Deus, e chegavam a dizer que tinham saudades dos melões e dos manjares do Egito. Quase ninguém era capaz de agradecer pelo fato de Deus os ter tirado da escravidão, de um contexto de permanente tortura e sofrimento.
A falta de gratidão, mais do que um simples desequilíbrio ideológico (como hoje reconhece a Psicologia), é um desvio espiritual, responsável por retardar muitos dos projetos pessoais do ser humano. Muitas pessoas se perguntam por que seus sonhos não se realizam, porque suas aspirações não acontecem, porque Deus não lhes concede o que desejam. E são incapazes de reparar naquilo que já receberam, ás vezes em circunstâncias difíceis.
Pessoas que reclamam quando o bife vem mal passado, incapazes de lembrar da época em que passavam fome.
Pessoas que reclamam do salário que ganham ou do chefe que tem, incapazes de lembrar de quando procuravam emprego.
Filhos que reclamam da mãe por não lhe dar um novo tênis de marca, enquanto ela veste chinelo de dedo.
Pessoas que reclamam da igreja onde estão e dos irmãos de fé, incapazes de lembrar de quando chegaram ali enfermos, fracos, e receberam o carinho e a oração de muitos.
A ausência de gratidão é companheira da insegurança. Muitas pessoas tem até medo de aceitar favores, por não suportarem a idéia de se ver moralmente presas a outros. Aqueles que, no entanto, conhecem o poder da gratidão, sabem que ela jamais escraviza. Ao contrário, nos liberta de amarras que impedem nosso crescimento psicológico e espiritual.
Você viveu mais este dia? Agradeça a Deus, que lhe permitiu esta vitória.
Deus te abençoe abundantemente.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Cuidado com os bajuladores...



“Este povo me honra com seus lábios, mas o seu coração está longe de mim (Mateus, 15:8)”.

O versículo bíblico que motiva a presente reflexão é um dos mais contundentes de toda a Bíblia. Na ocasião narrada pelo evangelista Mateus, Jesus estava ensinando a Palavra de Deus a seus discípulos quando foi abordado por homens, previamente instruídos pelos fariseus, que faziam forte oposição a Cristo. Aqueles homens tinham a missão de fazer uma pergunta a Jesus, cuja resposta lhe colocasse em uma situação difícil. É interessante observar que tais personagens se aproximam de Jesus com palavras elogiosas, antes de fazerem a tal perguntinha difícil. O versículo 21 diz textualmente que eles falaram: “Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com verdade o caminho de Deus. É-nos lícito pagar tributo a César ou não?”.
Mal sabiam eles que Jesus não era suscetível à vaidade, como os fariseus inseguros que aqueles escribas estavam acostumados a manipular. Muitas pessoas, no jogo do poder, tornam-se vulneráveis à ação deletéria dos bajuladores, mas Jesus os desmascarou com esta expressão que vai direto ao ponto, sem rodeios: ““Este povo me honra com seus lábios, mas o seu coração está longe de mim”.
Jesus, ao citar estas palavras, estava confirmando as palavras de Isaías 29:31, quase textualmente. Trata-se, sem dúvida, de uma frase emblemática, de impacto evidente, e se houvesse Twitter na época, essa frase de Jesus seria comentada por semanas. Felizmente, mesmo sem esta tecnologia, atravessa os séculos. E isto porque Jesus, de forma incisiva, faz uma distinção entre a Honra e a Lisonja.
A verdadeira honra é uma postura que agrada a Deus, e procede do coração. Já a lisonja é um fingimento, é uma postura falsa, que procura imitar a honra, mas tem outras intenções. Muita gente, na política, no mundo dos negócios e até dentro das igrejas, usa as lisonjas e bajulações como estratégia de sobrevivência. No entanto, Jesus deixa claro que a verdadeira honra procede do coração, e que se ele não estiver envolvido nas palavras, por mais elogiosas que chegam, estamos diante de uma mentira. Não se engane: são as atitudes, e não as belas palavras de alguém, que mostram quais são suas verdadeiras prioridades na vida.
Ao nos afirmar que a verdadeira honra procede do coração, Jesus rejeita as palavras doces que alguém possa lhe dirigir se não o amar efetivamente. Esta mensagem de Jesus revela um ardente desejo pela coerência, que só pode ser praticada por quem diz o que faz, e faz o que diz.
O fingimento é uma espécie de mentira não-verbal, uma mentira que depende mais de gestos do que de palavras. Alguém pode fingir muito bem que é bom amigo e que é religioso, mas seu coração pode esconder interesses mesquinhos. Quem, todavia, pauta sua vida pela integridade, sabe reconhecer de longe esses embusteiros, que não prosperam por muito tempo.
A melhor estratégia de sobrevivência continua sendo a verdade. Honrar a Deus, à família, aos amigos, aos colegas, será sempre melhor do que somente bajulá-los. A bajulação é sempre uma mentira. A honra, esta sim, é verdadeira. Pratique-a, e você a receberá em dobro.
Deus te abençoe abundantemente.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Relacionamento entre Irmãos...



...e na angústia nasce o irmão” (Provérbios 17:17b).

O primeiro crime da história da humanidade, segundo nos informa a Bíblia, foi um assassinato. Mais do que um assassinato, foi um fratricídio. Conforme nos relata o livro do Gênesis, Caim matou Abel por ciúmes, em virtude de seu sacrifício ter sido aceito por Deus, enquanto o dele foi rejeitado. Esta narrativa não deixa de ter seu lado paradoxal, se observarmos a forma como Jesus, ao longo dos quatro Evangelhos, insiste que o relacionamento entre cristãos deve ser pautado pelo amor que existe entre irmãos. Por que Jesus faz esta analogia, se ele próprio, nas leituras que certamente fez da Torah, conhecia muito bem a história de Abel e Caim?
O relacionamento com os irmãos de sangue é vital para a compreensão da saúde emocional do ser humano, dizem os estudos mais recentes da psicanálise. Para a criança, o irmão normalmente é o primeiro amigo, o primeiro rival, o primeiro competidor. E as competições iniciam, invariavelmente, pela atenção dos pais. A Bíblia está cheia de exemplos de homens e mulheres notáveis que, como pais, não conseguiram administrar o convívio entre seus filhos, e ás vezes atrapalhavam tudo, manifestando claramente a preferência por um ou outro. Abraão amou seu filho Isaque, pai do povo judeu, mas expulsou para o deserto seu filho Ismael, pai do povo árabe (As conseqüências são conhecidas até hoje). Isaque amava mais ao filho mais velho Esaú do que a Jacó, mas graças à intervenção da mãe, foi o filho mais novo que recebeu a bênção de herdeiro. Jacó, por sua vez, amava mais ao filho José que aos seus outros dez filhos, o que rendeu ao filho favorito uma emboscada que lhe custou anos de sofrimento no Egito.
Muitas famílias são marcadas por conflitos de irmãos que não se falam. Ou porque um deles se sentia preterido pelos pais, ou até por razões de herança, reforçando um modelo de competição que gera famílias doentias. O modelo de Jesus, entretanto, passa longe disso. Certa feita, quando Jesus pregava, um sujeito interrompeu sua fala para pedir: “Mestre, diga a meu irmão que reparta comigo sua herança”, ao que Jesus respondeu: “Homem, quem me pôs a mim por juiz ou repartidor entre vós?” (Lucas 12:14). Jesus simplesmente se recusa a arbitrar uma briga gerada por mesquinhez e ganância. O modelo familiar de Jesus é o da cooperação, não a competição. É por isso que o Novo Testamento adverte: Aquele que diz que está na luz, e odeia a seu irmão, até agora está em trevas. Aquele que ama a seu irmão está na luz, e nele não há escândalo (1ª João 2:9-10).
O Senhor Jesus, sendo Filho de Deus, ao fazer conosco uma aliança espiritual de sangue, torna-nos filhos espirituais de Deus, fazendo-nos irmãos d’Ele. Ou seja, aquele que nos concedeu o maior presente jamais visto, a Salvação Eterna, o fez por amor fraternal.
Éramos quatro irmãos em casa, fora um que faleceu antes de eu nascer. Brigas e diferenças de opiniões, sempre tivemos, e acho que sempre teremos. Mas lembro com carinho das vezes em que meu irmão mais velho me defendia de apanhar na escola, e olha que pra fazer isso ele saía da escola onde ele estudava praticamente correndo. Os outros irmãos mais novos, com seu jeito espontâneo e alegre, me ensinaram a ser mais humano e compreensivo. E mais otimista, também.
Acho que família é isto. E é isto que Deus requer de nós...que nos amemos como irmãos, que embora ás vezes possam até discutir, continuem ligados sempre um ao outro.
Deus te abençoe abundantemente.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ele te vê!



“E viu Deus os filhos de Israel, e atentou Deus para a sua condição (Êxodo 2:25)”

Cerca de 180 versículos da Bíblia nos informam que Deus viu, em algum momento da história, a aflição de seu povo. Um número considerável de referências, e que nos aponta para um dos atributos absolutos de Deus: a Onividência. O Deus da Bíblia é um Deus que tudo vê.
Os poderosos deste mundo sempre desejaram assumir o atributo da Onividência. E nunca como nos dias modernos este sonho totalitário foi tão possível. Sob a cândida e inocente justificativa de nos proteger, os governos vão aos poucos avançando na limitação da privacidade e liberdade dos cidadãos, com câmeras de segurança por toda a parte. Os muito ricos, em alguns países, já chegaram ao ponto de tolerar câmeras na sua própria casa, vigiadas permanentemente pela polícia. É a concretização do sonho louco do escritor George Orwell no livro “O Grande Irmão” (The Big Brother), que imagina um futuro onde um Governo Único controla a sociedade e vigia permanentemente os cidadãos, ‘vaporizando’ os que cometiam crime de pensamento (no caso, pensar diferente de quem detém o poder). Não por acaso, este livro empresta seu nome a um conhecido programa de TV, onde todos nós vamos aos poucos nos acostumando à idéia de ser constantemente vigiados.
A Bíblia claramente fala de um tempo futuro onde um governo corrupto e universal pretenderá tomar o controle absoluto da sociedade, buscando substituir até mesmo lugar de Deus em nossas vidas. Entretanto, sabemos que, quando um governo humano quer controlar cada passo dos cidadãos, o seu real objetivo é exercer o poder pelo medo. Muito diferente do Poder do Deus que tudo vê, e que pode nos auxiliar em cada passo de nossas vidas.
Se a Bíblia nos garante que Deus tudo vê, esteja certo que Ele tem visto tua aflição, teus medos, teu desespero. Talvez você ás vezes se sinta ignorado, desprezado, um ‘joão-ninguém’. Saiba, no entanto, que Deus te vê. E te valoriza a tal ponto de ter entregue seu próprio Filho na Cruz do Calvário para morrer por você. Nesta semana de Páscoa, celebramos o fato de que Ele permanece vivo para te auxiliar e te sustentar.
Confie no Deus que tudo vê!
O Senhor Jesus te abençoe abundantemente.

domingo, 28 de março de 2010

Quando os descartados se tornam indispensáveis...



"Procura vir ter comigo depressa; (...) Somente Lucas está comigo. Toma também contigo Marcos e traze-o, pois me é útil para o ministério. (2a Timóteo, 4:9;11)

Até que ponto erros e fracassos podem marcar a vida de uma pessoa? Quantos seres humanos talentosos perderam oportunidades preciosas e tiveram as portas do sucesso fechadas diante de si por causa de uma falha do passado, sempre lembrada como um motivo para negar uma nova chance?
João Marcos é um personagem bíblico raramente mencionado, justamente porque sua história pessoal carrega uma marca muito parecida com a de muitos de nós, nos dias atuais. As escrituras trazem informações esparsas, um versículo aqui, outro ali, sobre sua vida. Viveu sua infância e juventude vendo cristãos da igreja primitiva reunindo-se secretamente na casa de sua mãe, Maria, em Jerusalém, onde chegou a ver Pedro, o apóstolo, chegar depois de ter sido libertado milagrosamente da prisão (Atos 12:12). Empolgado com a nova mensagem, foi eleito pela igreja de Jerusalém para acompanhar Paulo e Barbané em suas viagens missionárias, como auxiliar. Foram a Antioquia, Chipre, Pafos e outros locais onde Deus operou muitos milagres, mas quando iam a Perge da Panfília, João Marcos, repentinamente, abandonou a equipe e voltou para Jerusalém (At 13.13).
Medo? Decepção? Algum ataque de fúria típico de um jovem imaturo? A Bíblia não dá maiores detalhes. O fato é que, por causa de seu erro, as portas da vocação missionária pareciam ter se fechado para ele. Paulo, o grande missionário, deixou bem claro que não pretendia mais contar com a companhia daquele jovem irresponsável em suas viagens, a ponto de romper com Barnabé quando este sugeriu dar uma segunda chance a João Marcos. Barnabé pagou o preço de não caminhar mais com o grande apóstolo, para apostar no discipulado de um jovem inexperiente e que já tinha vacilado gravemente.
Após a separação entre Paulo e Barnabé, não ouvimos mais falar de João Marcos, já que a narrativa passa a acompanhar as viagens de Paulo, Silas, e ocasionalmente, Lucas. No entanto, na última carta que Paulo escreveu, a Segunda Epístola a Timóteo, o velho apóstolo, preso e prestes a morrer decapitado, reclama que todos o abandonaram, e pede que Timóteo vá vê-lo depressa. E com uma recomendação: "Traze-me também a João Marcos, porque me é útil para o ministério".
Haviam se passado muitos anos desde que Barnabé preferiu se afastar de Paulo para apostar em um jovem marcado por um ato de indisciplina. Não sabemos que lugares Barnabé e João Marcos visitaram, que dificuldades enfrentaram, mas seja como for, o gesto daquele homem que preferiu apostar em um jovem desacreditado valeu a pena, pois anos depois, justamente o apóstolo que o havia descartado agora dizia que ele era útil para o ministério, para Cristo e para ele mesmo.
Será que hoje escrevo para um João Marcos? Quem sabe o leitor desta crônica saiba bem o que é ser descartado por um erro grave, uma falha inominável, um pecado. No entanto, para cada Paulo que o condena com veemência, Deus vai levantar um Barnabé para o ajudar a crescer. E um dia, quando você menos esperar, os 'Paulos' que te condenaram, vão reconhecer que você é útil e especial.
O Senhor Jesus te abençoe abundantemente.

terça-feira, 23 de março de 2010

Não, obrigado, estou só olhando...


“Mas quando ouviram falar em ressurreição de mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos ainda outra vez (Atos 17:32)”

O renomado escritor Harry J. Friedman, considerado um dos principais teóricos do Marketing moderno, escreveu o livro “Não, Obrigado, Estou Só Olhando”, cujo título provocativo repito acima. O autor expõe, numa linguagem fácil e dinâmica, uma série de técnicas para o varejista que deseja transformar curiosos em compradores. O livro, segundo a maioria dos profissionais e professores da área de marketing, é fundamental para entender o setor no século XXI.
Conceitos deste tipo tem sua validade e seu mérito no seu específico campo de abrangência, e longe de mim deixar de reconhecer isso. No entanto, tenho a impressão nada fugaz de que falta muito pouco pra chegar o dia em que alguém vai chegar em uma igreja, olhar o culto do início ao fim, e quando alguém lhe saudar ou desejar boas-vindas, simplesmente dirá: “não, obrigado, estou só olhando!”.
A lógica do consumo de massas, que é um dos pilares da economia de mercado na assim chamada ‘pós-modernidade’, está invertendo os valores do universo da fé. Vivemos dias em que as pessoas só se predispõem a aceitar um “Evangelho de Varejo”, a tal ponto que algumas igrejas já se organizam nos moldes do marketing segmentado: quem gosta de mensagem sobre prosperidade vai na igreja X, quem gosta de mensagem sobre prosperidade freqüenta a igreja Y, quem gosta de manifestação de dons de profecia vai na congregação Z, e por aí vai. Não raro, o sujeito pega o que lhe serve de cada ‘doutrina’ e monta a sua própria religião ‘fast-food’, itinerante e sem compromisso.
Este fenômeno não é novo. Na sua breve passagem por Atenas, capital do império grego e berço cultural da civilização ocidental, o apóstolo Paulo pregou no Areópago, e diante de uma platéia de cultura basicamente helênica, sem qualquer contato com os profetas hebreus do Antigo Testamento, foi citando brilhantemente poetas gregos que chegaram bem perto do conceito de Deus, falando-lhes do plano da Salvação. Tudo ia muito bem, até que ele tocou no centro da doutrina cristã – o Sacrifício e Ressurreição de Cristo. Foi o que bastou para que os mais sábios na cultura grega, que não admitiam a idéia da ressurreição, fossem se afastando, uns com escárnio evidente, outros dando uma desculpa estratégica para sair do local.
Muitos, na igreja moderna, estão repetindo o gesto dos areopagitas. Quando ouvem falar em mensagens sobre auto-estima, vida de prosperidade, e até lições de saúde, recebem a pregação muito bem, mesmo que tenham que dispender vultosas quantias (é mais fácil para muitas pessoas ‘pagar’ por uma bênção do que entender o mistério da Graça). No entanto, diante de mensagens que falam de ‘carregar a cruz de Cristo’, de compromisso com o Reino de Deus e de consagração, tapam os ouvidos e cerram as portas do coração.
O Evangelho verdadeiro é firmado no conceito da Graça Redentora, e portanto, não pode ser reduzido a mercadoria. Que o seu coração, amigo leitor, esteja disposto a entender que Deus deseja está em busca de adoradores e servos...não de clientes.
O Senhor Jesus te abençoe abundantemente.