quarta-feira, 24 de junho de 2009

"Sementes de Vitória" segundo Luciana Carvalho


Ela é uma das blogueiras mais acessadas da região, com o blog "Olhar de Inquietude", uma das novidades mais instigantes da Internet, e fez uma resenha cultural sobre o livro Sementes de Vitória. Vejam aqui o livro na interpretação de Luciana Carvalho.

Em seu primeiro livro, Cláudio Moreira fala da importância da fé e da ação na busca pela vitória

Luciana Carvalho

Quando Cláudio Moreira me convidou para resenhar seu livro, enfatizando que eu deveria fazer uma crítica honesta, senti o peso do desafio. Primeiro, porque somos amigos pessoais, já atuamos juntos na imprensa gabrielense, proximidade que dificulta um distanciamento necessário nessas empreitadas. Segundo, porque sabia que a obra seria fruto de seu posicionamento espiritual, o que a priori me colocava duas dificuldades – embora tenha tido boa parte de minha formação em escola católica, ou seja, tive algum contato com a Bíblia e com o exercício do cristianismo, faço parte daquele contingente de pessoas que se diz “não praticante”; para complicar ainda mais, não tenho familiaridade com o universo evangélico, ou seja, com o campo que situa social e simbolicamente o autor.
Assim, em um primeiro momento, eu não parecia a pessoa mais indicada para o trabalho. Mas, talvez tenham sido justamente esses supostos empecilhos que me levaram a aceitar, com grande satisfação é preciso dizer, o convite. Afinal, foi uma atitude corajosa do conterrâneo entregar a tarefa a alguém com meu perfil, já que seria mais cômodo, como fazem muitos escritores já consagrados, convidar alguém do “meio”.
Feita essa introdução, vamos ao Sementes de Vitória, primeiro livro do autor, reunindo em sua maioria textos publicados na imprensa local de São Gabriel nos últimos anos e em seu blog “Olhar sobre a Verdade”. A obra vem subdividida em sete capítulos temáticos, totalizando 35 artigos que têm em comum uma proposta de vivência que responda aos problemas existenciais de nossa época, tendo como base ensinamentos do livro mais lido de todos os tempos – a Bíblia, e como inspiração central as palavras de Jesus.
Em muitos aspectos, o livro poderia ser enquadrado como literatura de auto-ajuda, mas o próprio Moreira desmonta qualquer tentativa desse tipo. Sua perspectiva é a de um homem de fé, que atua e escreve como Pastor, portanto, seria incoerente que fizesse um livro de “receitas prontas” focadas no “eu posso”. Sua intenção parece ser mais provocativa, pegando o leitor pela mão para que vá encontrar suas respostas em Deus.
O leitor familiarizado com a temática e este tipo de discurso certamente encontrará estímulos para reforçar e orientar sua fé. Já aquele que, como eu, é leigo na matéria e até mesmo um tanto cético, poderá surpreender-se. Quem conhece o estilo do autor sabe que encontrará um texto preciso, direto, eloquente. Mas, mais do que isso, irá deparar com textos pautados por assuntos bastante atuais, que revelam um claro diagnóstico do Homem contemporâneo, que sofre com problemas como depressão, crises de toda ordem, baixa auto-estima, comodismo, violência, falta de perspectivas. A surpresa pode ficar por conta da força dada à ação das pessoas na busca da felicidade, diferente do que ocorre em muitas religiões, ou interpretações erradas que as pessoas fazem delas, quando se esperam milagres caídos dos céus, de braços cruzados, já que “Deus tudo provê”.
Nos artigos e crônicas de Sementes da Vitória, o indivíduo é convidado a depositar sua fé em Deus, mas fica claro que ele não conquista seus objetivos se adotar uma atitude passiva diante da vida. “Crer em Jesus não é um processo passivo. Ele espera de nós atitudes transformadoras, pois são elas que revelam em nós uma fé capaz de atrair sobre nossas vidas o favor de Deus, e nos trazer a vitória”, atesta em um dos textos. Uma atitude transformadora diante da vida marca os escritos de Moreira ao longo das páginas de SV. Sua inovação me parece ser a de utilizar histórias tão antigas quanto as da Bíblia para provocar nas pessoas mais do que esperança, como chega a propor na Introdução. Confesso que ao ler sobre histórias como a de Davi, aquele que enfrentou o gigante Golias, Abraão e seu povo, ou sobre a vida de Jesus, muitas vezes esqueci que estava diante de uma obra escrita por um religioso. São histórias universais, atemporais, que na leitura que faz o autor, tornam-se exemplos de superação, fé, força e otimismo frente às adversidades da vida.

Jornalista, natural de São Gabriel, graduada em Comunicação Social – Jornalismo e especialista em Comunicação Midiática (ambos na UFSM), atualmente mestranda no PPGCom/UFSM.

Nenhum comentário:

Postar um comentário